42 - No Silêncio do Amanhecer

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O sol começava a se erguer no horizonte, seus primeiros raios penetrando suavemente pela janela do chalé, tingindo o ambiente com uma luz suave e dourada. As três chegaram ao chalé, completamente exaustas, mas com os corações aquecidos pelo calor da noite que haviam compartilhado. A música ainda ecoava em suas mentes, os risos e as provocações ainda estavam frescos em seus pensamentos, mas o cansaço, misturado com uma sensação de satisfação profunda, as fez optar por algo simples e necessário: o descanso.

Elas chegaram ao chalé em silêncio, mas um silêncio confortável, como aqueles que surgem entre pessoas que compartilham uma cumplicidade única. O lugar estava tranquilo, longe da agitação da cidade, oferecendo o refúgio perfeito para relaxar após uma noite agitada. O aroma doce de madeira impregnava o ar e o calor suave do ambiente acolhia as três. Meryl, com um sorriso preguiçoso no rosto, sugeriu:

- Que tal um banho? A água vai fazer milagres para o nosso corpo e alma.- A ideia foi recebida com entusiasmo, e logo as três estavam no banheiro, a água morna escorrendo por suas peles cansadas.

O banheiro era grande, com uma banheira que parecia feita sob medida para três pessoas relaxarem juntas. Elas se acomodaram na água quente, deixando os músculos se soltarem com o toque do vapor. A sensação era de total entrega ao momento, como se a noite anterior fosse apenas uma extensão do que viviam ali, no silêncio do banho compartilhado. As risadas surgiam de vez em quando, mas a conversa era descontraída, sem pressa, apenas o prazer de estar na companhia uma da outra.

Depois de se secarem com toalhas fofas, todas se dirigiram para o quarto de Meryl. A escolha do quarto tinha sido intencional, já que era o mais silencioso e acolhedor. O ambiente estava em perfeita harmonia com o clima tranquilo que desejavam criar. Ao entrarem no quarto, nenhuma palavra foi dita enquanto elas se despiram das toalhas com naturalidade. O toque de pele na pele parecia ser a única necessidade daquele momento. Deitaram-se na cama de Meryl, que era ampla e confortável, e se acomodaram de forma que pudessem sentir o calor do corpo da outra.

Jules, que estava no meio, com um braço jogado sobre o corpo de Christiane e o outro ao lado de Meryl, respirou fundo, tentando relaxar ainda mais. Ela olhou para as duas com um sorriso suave, sentindo-se grata por aquela quietude que compartilhavam.

- Tor... faz carinho nas minhas costas? Estou tão exausta...- Sua voz saiu com uma suavidade manhosa, a sensação de cansaço se misturando com a necessidade de carinho.

Christiane, com um sorriso terno e um olhar de compreensão, passou a mão suavemente pelas costas dela. A leve pressão das mãos sobre sua pele fez com que Jules se soltasse ainda mais, cada movimento de carinho a transportando para um estado de relaxamento profundo. O toque era suave, mas também cheio de afeto, e logo sentiu os olhos pesarem, sua respiração se tornando mais profunda e lenta. Em questão de segundos, ela adormeceu, completamente entregue ao descanso, com o rosto suavemente virado para a luz suave do amanhecer.

Enquanto Julianne dormia, Christiane observou a cena com um sorriso terno. A expressão pacífica da ruiva, com os olhos fechados e os lábios curvados para cima, a fazia parecer quase uma criança carente, completamente entregue ao sono e ao conforto das duas amigas. Meryl também a observava, um sorriso suave nos lábios, e murmurou baixinho:

-Quem vê assim, dormindo como uma criança carente, um anjinho, não imagina o furacão que é... - A voz dela era suave, quase um sussurro, mas estava cheia de ternura.

Christiane riu baixo, ciente do que Meryl queria dizer. Julianne era, sem dúvida, uma mulher de força e determinação, mas, naquele momento, parecia completamente vulnerável e serena.

- Pois é... Mas, quando acordada... - parou por um momento, e um sorriso malicioso surgiu em seus lábios. - É uma diaba insaciável, cheia de energia e vontade de conquistar o mundo.- Ela riu suavemente, e Meryl acompanhou com um sorriso travesso.

As duas ficaram ali, na quietude do quarto, com os corpos ainda entrelaçados, sem pressa de quebrar o silêncio. A luz do amanhecer invadia o quarto, criando sombras suaves nas paredes. A brisa leve que entrava pela janela trazia um frescor agradável, e o som distante do oceano batendo contra a costa era o único ruído que preenchia o ambiente. Era como se o tempo tivesse parado naquele momento, deixando-as desfrutarem da companhia uma da outra, sem pressa, sem obrigações, apenas vivendo a doçura do instante presente.

Christiane se inclinou ligeiramente para Julianne, que estava já profundamente adormecida, e sussurrou:

- Boa noite, minha criança... - Sua voz era suave, mas carregada de uma ternura cheia de cumplicidade. Ela sorriu ao ver a paz no rosto de dela, e então virou-se para Meryl, que estava ao seu lado, com os olhos fechados, mas com um leve sorriso nos lábios. Christiane, sem fazer barulho, se aproximou com o mesmo carinho, fazendo um afago em sua nuca, a puxando com cuidado para um selinho.

- Boa noite, meu bem. Tenha lindos sonhos...

Meryl abriu os olhos devagar e sorriu ao ver a expressão de Christiane, com um olhar suave e sedutor.

- Com certeza serão, se vocês duas estiverem nele - respondeu em um tom baixo, a voz ainda cheia de sono, mas também de uma cumplicidade silenciosa. Ela sentiu o toque de Christiane em sua pele e se aconchegou ainda mais perto elas, fechando os olhos novamente e permitindo que o sono finalmente a tomasse também.

O quarto se encheu de uma quietude profunda, o som da respiração das três se misturando à brisa suave que passava pelas cortinas. O tempo parecia se arrastar devagar, como se não houvesse pressa para que o dia começasse. No fundo, sabiam que as gravações voltariam no dia seguinte, mas, naquele momento, estavam completamente entregues à sensação de bem-estar e intimidade, sem pressa de voltar à realidade.

O amanhecer se tornava mais forte, e o sol agora estava visivelmente mais alto no céu. O calor suave começava a se espalhar pelo chalé, e o som do oceano ficava mais presente, como se quisesse se infiltrar naquelas paredes e fazer parte daquele momento. Tudo parecia tão perfeito, tão sereno, que nenhuma das três queria que aquele instante terminasse.

Meryl, Christiane e Julianne dormiram, completamente entregues ao aconchego da cama e à companhia uma da outra, sabendo que o dia seguinte traria novas aventuras, mas também com a sensação de que nada poderia tirar a paz que compartilhavam naquele refúgio, sob o calor suave da luz do amanhecer.

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