32- Amor

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Elena

Eu não fazia ideia de que Dimitri havia sofrido tanto na infância. Ele era quebrado como eu e isso fazia com que nos encaixássemos. Ambos haviam perdido os pais cedo. Os meus morreram num acidente, mas ele sofreu muito mais por ter que matar o próprio pai para vingar a morte da mãe. Eu finalmente tinha entendido o ciúme dele por mim. Era uma questão de abandono, não de ego. Ele me amava e tinha um medo gigante de me perder, eu não podia deixá-lo sozinho daquela forma. Eu gostava dele, mas ainda não aceitava como amor e sim como um afeto amoroso.

Depois de conversarmos, eu finalmente pude entendê-lo, embora traumas não justificassem atitudes horríveis, nos ajudavam a entendê-las. Eu finalmente pude entender Dimitri e sua mente. Durante o dia, ele dormiu um pouco e eu fui até a sala falar com Bóris, ele era a pessoa que mais conhecia Dimitri.

- Olá, Elena. Aconteceu alguma coisa? - ele perguntou olhando para o jornal, enquanto fumava seu charuto.

- Eu sei o que aconteceu com a mãe do Dimitri e sei porque ele desenvolveu o TEI. Bóris, eu sinto que tenho que ajudá-lo. Ele me ama e não tenho coragem de deixá-lo nessa situação.

- Você quer deixá-lo? Quer fugir de volta para a Inglaterra?

- Não, eu não quero. Eu quero ficar com ele, porque...

- Porque você o ama.

- Não sei se é amor, mas eu sinto algo por ele e não vou deixá-lo.

- Sente-se, venha. - ele sinalizou para a poltrona na sua frente, na qual eu me sentei.

- Eu nunca pensei que Dimitri tivesse sofrido tanto assim. Sempre o chamei de monstro, dizia que ninguém o amaria e hoje eu finalmente entendi sua mente. Ele não é um psicopata patológico, ele apenas não soube lidar com as crises.

- Dimitri é emocionalmente instável. Quando lhe dei o diagnóstico de TEI, eu receitei antidepressivos e os remédios para as crises, mas com o tempo eu pude ver que o que ele guarda não é apenas dor, é ódio pelo pai. Imagine uma criança, ele era apenas uma criança quando teve que frequentar bares e boates com o pai e nunca teve oportunidades de felicidade iguais as outras crianças. Imagine uma criança que vê a mãe morta sem poder fazer nada e aí descobre que o homem que deveria amá-lo, foi quem a matou.

- Eu nem consigo imaginar a dor que ele sentiu, mas sei a dor de perder alguém. Ele nunca vai esquecer isso. Ele precisa encontrar a própria felicidade. Aquele homem nunca foi um pai de verdade para ele, mas você sim.

- Não sei do que está falando, mocinha.

- Bóris, essa preocupação e cuidado que você tem com o Dimitri não é apenas por ele ser o chefe, né? É porque você o via como um filho e ainda vê. Você o acolheu depois da morte dos pais dele, você ajudou a mãe dele, você que o colocou no tratamento e é você quem o auxilia no nosso relacionamento. O Dimitri sempre será grato á você, pois também deve te ver como um pai.

- Dimitri é um bom rapaz, mas infelizmente se perdeu quando a mãe morreu a pedido do pai dele.

- Mas por que ele pensou que ela o estava traindo? Ela apenas queria fugir com ele e criá-lo como uma criança normal.

- Não foi só por isso.

- Como assim?

- Não foi ela quem o traiu, fui eu. Eu traí o pai do Dimitri.

- Do que está falando?

- Eu traí o meu próprio amigo quando me apaixonei pela mulher dele, a mãe de Dimitri. Eu estava ajudando ela a fugir com ele para vivermos juntos, mas ele descobriu e atirou nela. Quando Dimitri veio chorando até mim com as mãos cheias de sangue, eu pude entender que quem entra na Bratva, não consegue mais sair. Era tarde demais. Ele matou a mulher que eu amava, então prometi a mim mesmo que criaria Dimitri e o tornaria um bom chefe, mas não como o pai.

Meus olhos se encheram de lágrimas ao ouvir as palavras de Bóris, que carregavam um peso de saudade e mágoa. O amor dele por ela causou a morte dela. Por isso ele tinha tanto cuidado com Dimitri, porque ele era filho da mulher que ele amou.

- Bóris, eu sinto muito mesmo. Você merecia viver com ela e viver um amor junto á ela. Vocês mereciam tudo de bom. Eu tenho certeza que ela estaria orgulhosa de você e eternamente grata ao que você fez pelo Dimitri até hoje. E outra coisa: você não traiu ninguém.

- Elena, ele era o meu chefe e amigo! Eu me apaixonei pela esposa do meu próprio amigo, como eu não o traí?

- Bóris, ele não amava ela. Ele apenas a via como um objeto sexual e nada mais, ele nunca a amou como Dimitri me ama. Era apenas um casamento arranjado, sem valor. Você a amou de verdade, você mostrou a ela o que é ser amada de verdade. Ele não merecia ela, você sim. Ele não merecia sua lealdade, mas ela e a Bratva merecem. Você é leal á Bratva e ao Dimitri, é só isso que importa.

- Obrigado, Elena.

- Pelo o quê?

- Por fazer o Dimitri feliz e por trazer um pouco de paz pra ele, vocês fazem um belo casal. E obrigado por me ouvir também, eu sou muito grato por sua amizade.

- Eu também, Bóris. Obrigada por tudo o que fez por mim.

- Não há de quer, mocinha.

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