Com amor, Chishiya

EP 29

YUMI

Eu acordei com o som baixo de movimento no quarto. Piscando lentamente, senti o calor da cama ao meu redor, mas logo percebi alguém se movendo ao lado do armário. Era o Chishiya, ele estava terminando de se vestir, colocando o jaleco branco. Eu olhei pra janela, o sol mal tinha aparecido, ainda estava escuro.

Yumi - você tem que sair tão cedo assim?

Minha voz saiu rouca, quase um sussurro, ainda carregada pelo sono.
Ele virou a cabeça na minha direção, com aquele sorriso de canto.

Chishiya - achei que você fosse dormir mais um pouco. Não queria ter te acordado.

Suspirei, ajustando o travesseiro debaixo da cabeça.

Yumi - eu tenho que ir trabalhar também...

Mas aí eu lembrei, não tinha trabalho hoje.

Yumi - ah, eu não tenho trabalho hoje...

Chishiya - hoje é seu dia de sorte, então.

Ele comentou casualmente.

Chishiya - fiz café. Tá na cozinha.

Yumi - obrigado.

Murmurei, mas minha mente ainda estava meio embaçada. Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ele se inclinou ligeiramente, olhando-me por um momento antes de começar a andar na direção da porta do quarto.

Chishiya - se cuida. Preciso ir.

Ele saiu do quarto com passos tranquilos, e ouvi o som da porta se fechando. Respirei fundo e, fechei meus olhos, indo voltar a dormir.

QUEBRA DE TEMPO

Acordei de novo algumas horas depois, peguei meu celular, eram exatamente 9:00. O quarto estava silencioso, e eu me espreguicei devagar. Minhas pernas estavam meio bambas, e havia uma pequena dor que fazia lembrar a noite passada. Senti meu rosto queimando, eu sacudi a cabeça pra tentar afastar os pensamentos.

Levantei da cama devagar e desci as escadas até a cozinha. Peguei uma xícara e coloquei o café. O líquido já estava morno, mas não me importei.

Enquanto tomava pequenos goles, deixei meus olhos vagarem pela cozinha. Tudo era tão organizado, tão minimalista, que eu sabia que era a casa de Chishiya só de ver.

Fiquei olhando pela janela, tinha um sol não muito forte, o dia estava bastante bonito. Decidi passar o dia na casa de Chishiya mesmo.

Eu nunca tinha parado pra pensar como seria passar o dia inteiro em uma casa tão silenciosa quanto a do Chishiya. No apertamento, não era tão barulhento, mas não tão silencioso, eu frequentemente podia escutar alguns mínimos sons dos vizinhos.
Na casa de Chishiya não tinha som de TV ligada, música ou carros lá fora.

Mas, com o tempo, comecei a me acostumar. Enquanto explorava a casa, fui imaginando coisas. Tipo, como seria se a gente morasse juntos? E se a gente casasse? A idéia era tão diferente que comecei a rir de verdade. E se a gente tivesse filhos? E claro, teria que ter uns gatos. Uns dois ou três no mínimo, porque um não seria o suficiente pra bagunçar a casa do jeito que eu queria.