Com amor, Chishiya

EP 11

YUMI

Quando Chishiya se levantou e foi até a porta, eu continuei sentada no sofá, mas parecia que algo dentro de mim estava em combustão. Era como se o ar entre nós ainda estivesse carregado, mesmo com ele longe.

Eu toquei os braços cruzados, tentando afastar o calor que parecia irradiar pelo meu corpo, mas era inútil. Meu coração estava acelerado, a respiração curta.

Eu sinto tanta falta disso. Dele. Por que tem que ser tão complicado?

Respirei fundo, mas não ajudou. Aquele calor continuava crescendo no peito, espalhando-se como algo que eu não sabia controlar. Eu senti saudades. Saudades de algo que nem lembrava até pouco tempo, mas que agora parecia impossível ignorar.

Mas agora ele estava lá, na porta, e eu aqui sozinha sofá.

Muito obrigado, destino. Você realmente sabe estragar momentos.

CHISHIYA

Abri a porta sem pressa, mesmo sabendo que qualquer interrupção nesse lugar quase sempre significava problemas. Mas, ao me deparar com o rosto conhecido que estava do outro lado, ergui uma sobrancelha.

Chishiya - Arisu?

Ele estava ali, parado na entrada, com aquela expressão que misturava cansaço e determinação que eu sempre associei a ele. Ele parecia o mesmo de sempre, talvez um pouco mais desgastado, mas isso era natural aqui.

Arisu - Chishiya.

Ele me cumprimentou com um aceno breve e com leve sorriso, quase imperceptível.

Inclinei levemente a cabeça, avaliando-o. Então, ele também voltou. Não era exatamente uma surpresa. Arisu tinha uma relação peculiar com borderland, assim como eu.

Chishiya - você demorou pra aparecer.

Minha voz saiu no tom indiferente de sempre.

Ele deu um sorriso fraco, como se quisesse me tranquilizar.

Arisu - aconteceu de um jeito estranho. Só percebi onde você estava depois de um tempo. Você... Sempre soube, não é?

Ele parecia hesitante.

Dei de ombros, cruzando os braços enquanto recostava na porta.

Chishiya - claro. Não é como se fosse algo fácil de esquecer.

Arisu assentiu, como se já esperasse essa resposta. Ele era mais... Humano do que eu, mais sensível às conexões e às pessoas. Era por isso que, de alguma forma, eu o tolerava. Talvez até gostasse dele.

Arisu - posso entrar?

Chishiya - pode, mas tem visita.

Eu disse em um tom quase sarcástico.

Arisu entrou sem dizer nada, e ao passar por mim, seus olhos encontraram Yumi no sofá. A expressão dele ficou mais suave, um sorriso se formando.

Arisu - Yumi...

Ele disse, com aquele tom calmo e gentil, algo que eu não conseguia imitar.
Ela, por sua vez levantou o olhar rapidamente e, ao ver Arisu, parecia um pouco surpresa, mas logo deu um sorriso.