Com amor, Chishiya

EP 1

YUMI

1 ano depois...

Caminho pelas ruas escuras sem mais nada, nenhuma vontade de viver... Sem ninguém...

E, de repente, viver se tornou um peso insuportável. Cada respiração era um esforço, como se o ar já não tivesse mais sabor. Dançar, que um dia foi libertação, agora parecia uma prisão de movimento vazio, onde o corpo se arrastava sem alma. A luz que antes pulsava dentro de mim se apagou sem aviso. E, sem saber como, me vi me afastando de tudo o que um dia amei. De tudo o que um dia fui. O medo, que antes me paralisava, foi se dissipando aos poucos, até que já não havia mais nada.

E, no seu lugar, você foi embora, sem deixar sequer um suspiro. E eu, sem perceber, fui junto. Perdi não só a vontade de dançar, mas a razão de existir. A vida perdeu seu ritmo, como uma música que não se sabe mais a melodia. O que restou foi um silêncio ensurdecedor, onde só o vazio faz eco.

Vou até uma loja de conveniência, pego uma garrafa de vodka, passo no caixa, pago e então vou até na calçada e começo a beber desesperadamente, querendo fugir da dor dentro de mim, querendo fugir de mim mesma...

Pego meu celular e olho pra foto de Haruto, porque?... Eu não fui suficiente? Oque faltou...?

1 MÊS DEPOIS

Ainda estou tentando me recuperar, gastei quase todo meu dinheiro e peguei uma passagem pra voltar pra Tokyo, quero começar uma vida nova, em uma cidade mais grande, Tokyo pode não ser o melhor lugar, mas ainda me sinto menos solitária... Lá tem tanta gente.

6:30am

Saio da estação de trem lotada e vou até o centro, acho uma cafeteria que costumava ir quando ainda morava em Tokyo, gosto bastante de café, me faz esquecer um pouco da realidade... Me ajuda a melhorar.

Depois de tomar café, vou procurar algum emprego... Estou totalmente falida agora, o canal que tinha, o apaguei... Dançar não fazia mais sentido também, talvez começar uma vida como uma pessoa normal seja pra mim, talvez ser famosa é uma pressão muito grande...

Com o restinho de dinheiro que ainda tinha, consigo alugar um apartamento, não é o mais espaçoso e confortável, mas vou passar a maior parte do tempo trabalhando provavelmente, a vida é assim.

CHISHIYA

A vida pra mim era a mesma, acordar, ir pro trabalho e voltar, mas nesse dia foi diferente.

Decidi não ser mais pediatra, sou cirurgião agora, bem, não mudou muita coisa, antes também fazia cirurgias...

Ainda era umas 7 da manhã, não tinha muitos pacientes, desci pro primeiro andar para tomar água, quando passa uma mulher correndo e acaba esbarrando em mim, ela estava pegando o elevador, como eu já ia pegar o elevador também, entrei no mesmo elevador que ela.

A garota olhou pra mim e deu um sorriso

Mulher - me desculpa esbarrar... Estou atrasada, vim tirar sangue.

Chishiya - tudo bem... Como você se chama?

Rina - me chamo Rina.