A menina sentada ao seu lado, Camily Jones, fazia balé com ela na ABA, o que as tornou bem próximas. Elas estavam conversando sobre as audiências de dança clássica que haviam participado há um mês para jurados e caçadores de talentos que haviam vindo de NYC quando ela viu Castiel Watson entrando na sala.
E ele estava a observando e, quando notou que também era observado, sorriu e acenou. Ela retribuiu o gesto mais discretamente.
Katherine conhecia poucos garotos com sorriso bonito e Castiel, com seu sorriso perfeito, estava no topo daquela lista.
Há alguns meses atrás, Katherine meio que havia tido um crush nele, mas depois desistiu e resolveu esquecer aquele acontecimento. E agora eles eram, tecnicamente, amigos.
É, a vida dava voltas e a de Katherine deu um looping na Montanha Russa.
***
Na saída, Katherine teve uma surpresa incrível.
– Caterine.
Haviam quatro pessoas no mundo inteiro que lhe chamavam assim, um arrepio atravessou sua espinha e ela se voltou com lágrimas nos olhos para a voz familiar e divertida do seu irmão.
– Damon!
Ela praticamente pulou em cima de seu irmão, dando-lhe um abraço de urso.
– Que saudades de você, Cat – Ele lhe bagunçou os cabelos.
Damon Bathory era o brilhante cientista maluco do qual toda família se orgulhava. Tinha apenas 27 anos e fazia estudos avançados no campo da genética molecular. Ele tinha cabelos castanhos claros e olhos verde-esmeralda, como Katherine.
– Seu maluco – Ela continuou abraçada a ele. – O que você está fazendo aqui?
Ela se afastou.
– Estou visitando a América do Norte agora. Estive na Oceania, Ásia, África e Europa. Agora é a vez da América, estive no Canadá e agora estou aqui – ele contou. – Visitei o Nick em Seattle e, depois daqui, vou ver a Ane. E então vou para o México e finalizar a "tour" no Brasil.
Katherine sorriu, muito tempo havia passado desde a última vez que viu seu irmão.
– Quanto tempo vai passar aqui? – Ela perguntou.
– Vou embora logo na quarta.
Ela torceu um bico.
– Mas já?
– Ah minha irmãzinha, ainda tenho muito que conhecer nesse mundo – ele passou o braço ao redor dos ombros de sua irmã. – E você como está? Como vai o balé e a escola?
– Bem, estou no último ano e pretendo me tornar profissional em danças clássicas – Katherine falou triunfante. – Você esteve na Rússia, certo? Você visitou Bolshoi?
Damon assentiu.
– Que lugar maravilhoso, Caterine – Ele alegou com brilho nos olhos. – Quero ver você dançando naqueles palcos.
– Eu também, Damon.
O Teatro Bolshoi, em Moscou, na Rússia, era o sonho para qualquer bailarina, pois era uma das principais companhias de balé e ópera do mundo.
– Vais ficar lá em casa? – Ela perguntou.
Damon assentiu.
– Poxa, não tem nada pronto pra comer lá – Ela lamentou.
– Ah, vamos para a casa da vovó. Estou com saudades dela e do vovô também. Aluguei um carro só pra vir aqui – Ele indicou com a cabeça para um conversível de cor prata.
– Tudo bem.
***
– Vovó!
– Damon, meu querido! Quanto tempo!
Damon deu um abraço apertado em sua avó que estava muito feliz em vê-lo.
– Cadê o vovô?
– Damon! – Vovô apareceu descendo as escadas.
– Vovô Jô!
Damon o deu um abraço tão apertado que o levantou do chão.
A vovó Leila havia feito uma torta de amora tão deliciosa que Katherine teve que abrir uma exceção no regime do balé para comer mais duas fatias.
Era tão bom ter Damon ali, até parecia que sua família havia se restaurado. Era tão bom passar um tempo com a família, mesmo que apenas Damon, vovó e o vovô, para Katherine era grande coisa.
Damon e Anelise eram os mais carinhosos e atenciosos em relação à família. Katherine e Nicolas nem tanto, pois eram os mais apegados ao pai, e quando ele faleceu, eles foram os que mais sofreram. E, o mais incrível, é que eles dois eram os que menos se falavam devido às circunstâncias da morte de Ettore. Katherine era a caçula e Nicolas o mais velho, então nunca se bateram muito bem.
Damon e ela ficaram até tarde na casa da vovó, ele contava das aventuras de suas viagens e havia trazido presentes também. Enfim, depois foram para Horkland e Katherine o ajudou com a bagagem e o deixou ficar no quarto que era de sua mãe.
Por fim, Katherine foi se deitar um pouco mais tarde do que o habitual. Ficou encarando o teto e ouvindo música baixa. As palavras de Damon reverberavam na sua cabeça, conhecer o mundo deveria ser, de fato, uma experiência única.
O Theatro Bolshoi piscou diante de seus olhos e ela soltou um suspiro sonhador.
Katherine desligou sua música e apagou a luminária. Com sono ou não, ela precisava descansar para estar bem disposta amanhã de manhã.
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Quase Sem Querer
RomanceKatherine Bathory tem 17 anos, é alemã, dançarina de balé clássico e está no último ano do ensino médio. Ela leva uma vida antissocial e sem muitas expectativas para o futuro, exceto pelo seu sonho de ser bailarina profissional. Castiel Watson era o...