Aquele foi o melhor final de semana da vida de Katherine. Ela estava tão feliz que era até anormal, principalmente para ela, uma menina tão pessimista e sem expectativas.
Ela nunca gostou tanto de frequentar uma festa quanto a daquele sábado. Tirando o incidente com Miles, o resto foi tudo tão perfeito e incrível, superando todas as suas poucas expectativas.
Ela não havia sido excluída na festa, havia feito amizades rápidas e passageiras enquanto dançava e o cara que ela gostava lhe beijou.
Tinha algo melhor do que aquela sensação de realização?
Mas, infelizmente, a segunda-feira chegou e, junto com esta, uma chuva que estava lhe impedindo de ir para a escola. Katherine ficou na varanda de sua casa, esperando que a chuva diminuísse para que ela pudesse correr até a escola, mas não foi bem isso o que aconteceu.
Ela estava quase voltando para dentro de casa ao perceber que não poderia ir à escola com apenas um fino guarda-chuva quando um carro buzinou em frente à sua casa.
- Katherine, vamos?
Era Castiel.
Como ele tinha o dom de sempre aparecer para lhe salvar de todas as situações?
Katherine correu se protegendo com o capuz de seu casaco e entrou no carro de Castiel.
- Salvou meu dia – ela falou risonha e olhou para o banco vazio do fundo. – Ué, cadê a Miley?
- Ela não te avisou? Ela e a mamãe viajaram para visitar a tia Karina que está doente – ele explicou.
- A tia Karina que mora no Kansas?
- Sim.
Como assim Miley havia viajado e não tinha lhe avisado? Deveria ser muito grave, pelo visto, mas ela não quis perguntar sobre.
- O dia está tão bom pra ficar em casa – ela murmurou muxoxa olhando pela janela.
Ele lhe lançou um olhar.
- Vamos matar aula?
Ela lhe encarou.
- Não! Não pode, é errado – ela o advertiu, mas logo começou a rir de si mesma por estar sendo tão certinha, e ele riu também. – Desculpa, é a força do hábito.
Ele riu e balançou a cabeça.
- Você gosta de fazer maratona de séries, não é? – ele apenas perguntou para confirmar. – De que séries você gosta?
- Eu amo séries policiais, tipo Bones, CSI, How to get way with a murder, Scandal... E séries que contam coisas históricas: Reing, Outlander, Merlin, Penny Dreadful...
- Penny Dreadful? Você gosta de contos de terror?
Ela estreitou os olhos.
- Um pouco – disse.
Castiel torceu um bico.
- Eu sou viciado em contos de terror. Os clássicos, ao menos – ele disse. – Não que os novos sejam muito ruins, mas clássicos são clássicos.
Katherine deu de ombros e concordou.
- Tipo Senhor dos Anéis – ela citou e ele concordou. – O Hobbit é bom, mas Senhor dos Anéis é épico.
- Exatamente. Até que enfim alguém me entende – ele murmurou vitorioso e ela riu. – Mas, enfim, voltando aos contos de terror: você já leu algum?
Ela negou com a cabeça e Castiel suspirou.
- Você gosta de coisas históricas, então tenho certeza que você gostaria de ler Drácula.
- De Bram Stoker? – ela perguntou.
Ele assentiu e parou o carro de repente.
Katherine olhou pela janela do carro e eles não estavam na escola, estavam na casa dele.
- Mas a escola...
- Fica para amanhã, vamos – ele falou saindo do carro e se protegendo com a jaqueta para dentro de sua casa.
Katherine não viu opção senão colocar seu capuz e sair do carro correndo também.
Lá dentro, a casa estava quieta, porém confortável. Castiel acendeu a luz da sala e da copa.
- Venha – ele lhe chamou enquanto subia as escadas.
Katherine subiu as escadas, pulando de dois em dois degraus e o acompanhou. Quando entrou no quarto dele, ela se sentiu uma imunda mesmo tendo tomado banho há alguns minutos.
O quarto dele era extremamente limpo, estava tudo perfeitamente organizado. Haviam duas prateleiras altas e enormes, abarrotadas de livros que estavam classificados por ordem de cor. Ele tinha uma cama de casal modesta, estava bem arrumada e com os lençóis dobrados.
Não havia um papel sequer no chão. Era tudo arrumado em sua cômoda, nem uma roupa jogada pelos cantos, nem um sapato ou uma meia fora do lugar.
Ela ficou chocada, nem ela era tão minuciosa assim.
- E eu me achava organizada – ela falou olhando em volta.
- Eu tenho TOC de organização – ele explicou. – A galera me zoa bastante, mas é um problema sério. Não consigo ver um palito fora do lugar que me irrita.
Katherine riu.
- Eu acho isso legal. Não é fácil ser uma pessoa organizada, eu sou seu maior pesadelo. Você iria achar pelo menos umas duas roupas pelo chão do meu quarto – Ela comentou risonha. – Olha só, você tem um teclado. – ela se aproximou dos instrumentos musicais dele.
O perfume amadeirado dele permeava o quarto, dando aquela sensação de que ele estava em toda parte. Com certeza, para Katherine, aquele era o melhor perfume do mundo.
- Como eu disse, toco teclado, violão, guitarra e componho músicas – ele falou simplesmente.
- Posso ler uma das suas músicas? – ela pediu para ele.
Castiel hesitou por um instante.
- Não sei se deveria deixar você ler – ele falou duvidoso. – Mas leia, elas estão nesses cadernos aí – ele apontou para os cadernos que estavam em cima da cômoda.
Katherine pegou um dos cadernos aleatoriamente com muito cuidado, estava tudo tão arrumadinho. As letras das músicas eram interessantes, variavam de convivência, a fase da adolescência, e alguns acontecimentos e, até o que pareciam serenatas.
- Toque uma delas pra mim – ela pediu.
Castiel lhe encarou meio incrédulo.
- Estás a brincar? – Ele falou rindo – Esses cadernos não são boas influências para você, mas esse livro sim – Ele lhe entregou um livro.
O livro tinha um tom vermelho carmim e do título "Drácula" emaranhavam-se algumas folhas e ramos que preenchiam todo o livro.
- Que beldade – ela falou sentindo a capa do livro. – E é capa dura!
- É uma edição muito rara, comprei num leilão – Ele falou orgulhoso. – Vou te emprestar, mas cuide bem dele.
- Eu poderia achar que você é tudo, exceto um amante de terror clássico que tem TOC de organização e cuida bem dos seus livros – Ela falou aparentemente impressionada.
- Nem tudo é o que aparenta ser, você mesma diz isso – ele citou.
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Quase Sem Querer
RomanceKatherine Bathory tem 17 anos, é alemã, dançarina de balé clássico e está no último ano do ensino médio. Ela leva uma vida antissocial e sem muitas expectativas para o futuro, exceto pelo seu sonho de ser bailarina profissional. Castiel Watson era o...