Capítulo 8

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A maior vantagem de ter seu irmão ali era que ele a levava e buscava de carro na escola. Damon era prestativo, ajudava bastante com as tarefas diárias da escola, principalmente matemática e química. Ele adiou sua ida, mas acabou indo logo na quinta-feira.

A casa ficou um vazio imenso, já não havia mais seu irmão lhe enchendo o saco ou fazendo brincadeiras de crianças.

Na sexta-feira, Katherine foi para a escola andando, como de costume. Pelo menos, nas sextas-feiras, ela tinha aula de história geral e ela amava história.

– Hei, Katherine.

E ela também notou que tinha aulas de história geral com Castiel, pois foi surpreendida por ele ao chegar na sala.

– Oi – Ela falou indiferente.

– Por que você estava vindo de carro esses dias? Aquele cara é seu namorado? Desculpa, tinha que perguntar – Ele foi direto.

Katherine riu e sentiu uma pontada de felicidade por notar ciúmes da parte de Castiel.

– Não, era o meu irmão Damon, o cientista maluco que está viajando o mundo. É que agora ele está de passagem pela América do Norte e resolveu vir me visitar, mas ele foi embora ontem, então agora não tenho mais quem me traga de carro – Ela explicou.

– Posso te oferecer carona, então?

Ela lhe lançou um olhar de desdém.

– Não é necessário.

– Por que não? – Ele indagou quando eles entraram na sala.

Katherine sentou-se na fileira do canto novamente, perto da janela e, agora, ele sentou-se ao seu lado.

– Porque eu não quero incomodar – Ela disse.

– Não seria incômodo algum, gosto da sua companhia – Ele insistiu.

Katherine esboçou um riso e balançou a cabeça.

– Insistente como sempre – Ela virou o rosto na direção da janela e viu os garotos do time de futebol americano fazendo aquecimento na área de esportes. – Por que você saiu do time de futebol? Você jogava tão bem.

Ele torceu o nariz.

– Briga com gente do time, minha ex-namorada dormiu com metade dos meus "amigos", essas coisas me desmotivam – Castiel deu de ombros.

Ela voltou os olhos verdes intensos para ele.

– Tanta gente por aí querendo entrar no time, ter uma namorada líder de torcida e você podendo dispensar tudo isso de bandeja. Que desperdício – Ela retrucou.

Aquela menina era muito impetuosa.

– Desculpa Katherine, mas você não sabe o que aconteceu para chegar a esse ponto.

– Desculpe, eu sei que sou rude algumas vezes – Ela o interrompeu.

– Tudo bem, gosto disso em você – Ele piscou para ela.

Katherine deu um sorriso discreto.

– Posso te fazer uma pergunta estranha? – Ela disse com um tom confidente.

– Claro.

Ela se aproximou dele e sussurrou:

– Você está flertando comigo?

Foi a vez de Castiel ficar surpreso e desconcertado. Ele soltou uma risada nervosa e, por fim, respondeu:

- Depende. Se você estiver interessada, sim, caso contrário, quero apenas ser seu amigo – Os olhos azuis dele fisgaram os seus e uma tensão pairou entre eles.

Ela nunca se sentiu tão tentada a beijar alguém como se sentia naquele momento. Katherine dominou seus instintos e sorriu, se afastando devagar de Castiel.

***

As aulas na sexta-feira até que não eram chatas em comparação aos outros dias.

E aquela sexta estava sendo estranhamente excepcional.

Katherine estava no meio da aula de história norte-americana quando a moça da secretaria apareceu na sala.

– Katherine Bathory? – Ela chamou e Katherine ergueu a mão. – Sua mãe está aqui, ela veio te buscar.

Katherine ficou surpresa, mas arrumou seu material, entregou sua atividade para a professora e se retirou da sala.

Lá fora, Katherine encontrou sua mãe recostada no carro que era de seu avô Jô. A senhora Wise estava muito diferente desde a última vez em que haviam se encontrado. O cabelo ruivo dela estava curto, na altura dos ombros e ela ostentava um radiante sorriso no rosto.

– Oi, mãe – Ela falou com um simples aceno.

– Minha gatinha! Que saudades – Sua mãe lhe deu um abraço caloroso.

– Pensei que só viesse amanhã – Katherine disse.

– Bem, o editor me deu uma folga extra, então resolvi vir logo – Wise lhe entregou uma caixa embrulhada.

– O que é isso?

– Abra e veja.

Katherine abriu o embrulho ansiosamente. Era um celular novo.

– Mãe, dessa vez você adivinhou totalmente – Katherine sorriu com surpresa. – O meu está prestes a parar de funcionar.

– Abra todo o presente – sua mãe indicou.

Ela segurou a tampa da caixa e tirou o celular da caixa.

Ali estava seu presente.

– Mãe... – o celular passou a ser irrelevante quando Katherine notou o ticket de avião para Nova York.

– Falei que ia te levar pra conhecer Nova York e talvez uma suposta academia de balé...

– Ah mãe, não precisava – Ela abraçou sua mãe.

– Então devolva.

– Mentira.

Elas duas riram.

Ah, como Katherine sentia falta de sua mãe e seu bom senso de humor. Ela não aprovava muito o jeito como sua mãe lhe mimava, parecia até que ela tentava compensar a ausência com presentes caros.

– Obrigado, mãe – Ela disse olhando a passagem para NYC e então ergueu a sobrancelha. – Mas o voo sai em três horas – ela exclamou.

– Eu sei, por isso vim te buscar. Entra aí, vou deixar o carro no aeroporto porque voltamos no domingo à tarde.

– Mãe, mas eu nem arrumei uma mochila de roupas e.... eu acabei de sair da escola – Katherine tentou explicar.

– Sem problemas, você compra roupas novas lá e tem lanche no avião.

Katherine abriu a boca para retrucar, mas ela nem sabia o que falar. Então simplesmente entrou no carro sem mais persistências. Ela era tão o oposto da mãe que chegava a ser estranho. Katherine se preocupava em preparar tudo com antecedência, não costumava fazer surpresas, mas sua mãe fazia a maioria das coisas em cima da hora e surpreendendo ao mesmo tempo.

Katherine achava que seus irmãos não gostavam muito dela, pois Wise dava mais atenção a ela do que aos outros. Bom, talvez porque Katherine ainda fosse uma adolescente e estava saindo do colegial, enquanto os outros meio que já tinham suas vidas formadas.

Mas o que ela podia fazer? Aquela era sua família louca.

Quase Sem QuererOnde histórias criam vida. Descubra agora