Quase Sem Querer

Capítulo 46

Após a noite do baile de primavera, a escola entrou em recesso e Katherine já tinha passagem marcada: Bremen, sua terra natal.

Ela queria aproveitar a oportunidade para visitar alguns parentes na Alemanha, a família de seu pai, já que todos os anos ela mantinha esse compromisso de pé.

Ainda que tivesse aprendido balé ali, numa escolinha na vizinhança de Hemeligen, caminhar pelas margens do rio Weser lhe trazia calafrios em plena primavera.

Era como caminhar de mãos dadas com o seu pai enquanto ele falava sobre a história da cidade.

Sentiu uma pontada de melancolia, mesmo 8 anos depois de toda aquela loucura, ainda sentia o calor das chamas chegando na porta do armário de sapatos.

Katherine andou até chegar ao cemitério em que seu pai havia sido sepultado e se dirigiu até o túmulo dele.

Provavelmente, Damon ou sua mãe haviam sido os últimos a passarem por ali, mas o local estava com várias sujeiras e a grama estava sem manutenção.

A garota carrega uma sacola de pano que continha lenços, um pano, um incenso de patchouli e um isqueiro. Ela apanhou o pano e limpou a fotografia de seu pai, completamente acinzentada.

Os olhos verdes dele ganharam destaque e resplandeciam com orgulho, seu semblante era sereno e confiante. Dentre todos os filhos, Katherine se sentia a menos parecida com o pai, com exceção dos olhos.

Ela sentou-se no chão e mexeu na bolsa novamente, tirou de lá uma carta e um par de sapatilhas bem antigo, para pés pequenos, e colocou em frente à lápide.

— Faz muito tempo, papa. — ela sorriu e continuou a conversar com ele em alemão.

Também aproveitou para acender o incenso e o contou sobre suas conquistas no balé e sabia que ele ficaria orgulhoso. Ela falou sobre como estava conseguindo vencer seus medos, estava vencendo seus traumas e havia se apaixonado pelo rapaz mais encantador que poderia encontrar.

— Acho que gostaria dele, papa. Ele canta, toca violão e suas canções me deixam muito feliz. Ele tem me dado um apoio que me faz entender muita coisa, sabe?

Depois de um tempo, ela apanhou as sapatilhas e guardou novamente.

Quando se ergueu para ir embora, percebeu que não havia tocado na caixa de lenços. Pela primeira vez, Katherine não tinha lágrimas nos olhos, ela não se sentia sozinha.

Em frente ao cemitério havia um ponto de ônibus e foi lá que ela pegou o transporte para o aeroporto, para buscar Castiel que estava chegando naquela tarde.

****

Castiel e Katherine ficaram juntos por uma semana em Bremen. Na sexta-feira, eles retornaram para casa.

Havia sido uma viagem muito cansativa, haviam voado de Bremen para Frankfurt, de Frankfurt para Atlanta e de Atlanta para o Kansas City. Além disso, havia um fuso horário logo e um jet leg para superar.

Finalmente, a segunda-feira chegou e Katherine se levantou ansiosa, antes mesmo do seu despertador tocar. Luke ainda dormia em sua caminha e ficou apenas observando sua dona se arrumar para a escola.

Ela estava indecisa, eram 5h da manhã e não conseguia parar de pensar no que vestir para ir à escola no pós-férias.

Sentia que queria impressionar todos de alguma forma, afinal de contas, ela havia conquistado o título mais cobiçado pelas garotas populares do Colégio Atena: Rainha da Primavera e namorada de Castiel Watson.

Após escolher uma roupa, ela tomou um banho para despertar. Fez toda sua higiene matinal, se vestiu e desceu para tomar café da manhã.

Enquanto preparava sua refeição, Katherine se deu conta de que nunca havia se arrumado de forma tão calculada para ir à escola. Geralmente usava a primeira combinação de roupas que via, mas ela queria provar que era digna de seus títulos.