Katherine e seu pessoal do balé pegaram o ônibus até o Kansas City, onde embarcariam no aeroporto para Nova Jersey.
Quando eles chegaram ao Kansas City, ela sentiu uma nostalgia muito forte ao passar por aquelas ruas novamente. Castiel parecia já estar presente em tudo na sua vida.
Tudo a lembrava dele.
Ela ficou imaginando como seria sua vida depois que terminasse o colegial.
Como poderiam conciliar uma vida assim? Será que continuariam juntos mesmo com a distância? Ou melhor: será que continuariam a gostar um do outro da mesma maneira apesar da distância?
Nunca viveu um relacionamento à distância. Na verdade, nunca viveu algo tão bom que pudesse chamar de relacionamento. Estar com Castiel não era difícil, já ficar longe era um desafio.
Ela soltou um suspiro e recostou a cabeça ao frio vidro da janela. Mary Jane estava sentada ao seu lado e percebeu o ar abatido em seu suspiro.
– Cat? Está tudo bem? – Perguntou Mary.
Katherine assentiu.
– A ansiedade veio me fazer uma visitinha – Disse, de forma evasiva.
Mary Jane mordeu o lábio, temerosa. Conhecia Katherine há muito tempo e aprendeu a reconhecer os sentimentos silenciosos da garota. Ficou pensando no que poderia dizer, pois sabia que não era só aquilo que ela estava sentindo.
– Eu vi quando o Castiel foi te buscar ontem – Ela disse atraindo a atenção de Katherine – Achei muito fofo o fato de ele ter te levado uma flor.
Katherine sorriu e corou.
– Eu também – Ela disse com um ar sonhador – Eu estou feliz por ele não ser o idiota que eu achei que fosse.
– Ele é um cara decente, então?
Ela teve que rir.
– Ele é a pessoa que me faz feliz, então já está de bom tamanho.
– Awn, que coisa mais fofa, Cat! – Mary Jane exclamou com os olhinhos castanhos brilhando.
O ônibus parou, anunciando que já haviam chegado ao aeroporto.
Katherine sentiu um frio na barriga, seu estômago se embrulhou como um papel alumínio e ela respirou fundo para manter a calma e afastar o nervosismo.
Mary estava eufórica, saltou de seu assento no mesmo instante e foi logo saindo do ônibus. Ela se viu obrigada a levantar e encarar o mundo que lhe esperava lá fora.
Katherine nunca teve um problema em relação a fazer viagens para apresentações. Sempre viajou com sua antiga turma e sabia que com essa turma não seria muito diferente. O problema era que ela queria que Castiel estivesse em sua apresentação, queria que ele estivesse ali para lhe passar aquela sensação de segurança e conforto.
Não que ela quisesse parecer muito possessiva com essa necessidade de estar sempre junto dele. Era só que ele havia lhe acostumado mal, sempre estava ali para lhe fazer sorrir, havia feito surpresas no aniversário, cuidado dela e enxugado suas lágrimas.
Ela se sentia bem com a presença dele e, só de pensar no futuro, ela já se sentia apreensiva em pensar na possibilidade de não vê-lo mais.
Katherine respirou fundo, saiu de seu assento e seguiu pelo estreito corredor de poltronas até sair do ônibus. Pegou sua mochila com o bagageiro e acompanhou seu pessoal.
Era só uma viagem, ela não podia se sentir mal por pensar no futuro. Deveria viver o presente primeiramente.
Ela entrou numa fila com Mary Jane para realizar o check-in. Faltavam por volta de 1h30 até que o voo saísse. Logo o fizeram, despacharam as malas e foram comprar um café ali perto. Fizeram o pedido, pegaram seus cafés e estavam indo se sentar em uma das mesas dispostas no saguão.
– Ei, Katherine!
Katherine se voltou na direção da voz familiar que havia lhe chamado e viu que era aquele amigo de Castiel que os havia vendido os ingressos para as festas.
– Oi, Pedro – Ela o cumprimentou com um breve sorriso.
Pedro era moreno, com os olhos amendoados e cabelos escuros. Tinha uma presença marcante por seu sorriso bonito.
– Como tem passado? Cadê o Cas? – perguntou logo se aproximando.
– Ah, estou bem. Eu vou fazer uma viagem à trabalho, vou me apresentar em Nova Jersey e o Castiel ficou para passar o natal com a família – Ela explicou.
Pedro assentiu.
– Entendi – Disse voltando um olhar de cima a baixo meio pervertido para Mary. – Não vai me apresentar sua amiga?
Mary deu um sorriso bobo e Katherine logo percebeu.
– Ah, claro! Essa é a Mary Jane...
– Pode me chamar de Mary se quiser – Mary falou passando a mão nos cabelos castanhos.
– Um prazer conhecê-la, Mary – Disse dando uma piscadela galanteadora, exatamente como Castiel fazia. – Sou o Pedro, mas, se quiser pode me chamar de Pê.
Mary riu e Katherine estava se contorcendo para fugir daquele cenário.
– Bem, eu vou procurar o Paul e o Sr. Skies – Katherine falou se afastando, não estava nada a fim de fazer papel de vela.
– Tá, eu te encontro depois – Ela disse.
– Vê se não se perde – Katherine falou com desdém e então se retirou, deixando os dois a sós.
Katherine sentou-se em uma das cadeiras da sala de espera de seu vôo, pois não havia encontrado seu coreógrafo e nem seu parceiro de dança. Por um momento, ela achou que, a qualquer momento, Castiel poderia aparecer e lhe dar um susto, como ele costumava fazer.
Mas ela sabia que isso não aconteceria, ele deveria ter ido pra casa e poderia estar dormindo de novo.
Ainda assim, houve alguém que lhe encontrou lá.
– Olá, Katherine – Anthony Keys sentou-se ao seu lado.
Ela o encarou.
– Que diabos você está fazendo aqui? – Ela perguntou, assombrada.
– O mesmo que você, esperando meu vôo para Nova Jersey – Ele disse como se fosse óbvio.
Ela o fuzilou com os olhos.
– Cadê sua irmãzinha? Ela vai pra Nova Jersey também? – Katherine perguntou com um ar de provocação.
Ele rolou os olhos.
– Pelo amor de Deus, Caterine, chega de infantilidade – Ele falou.
– É Katherine – Ela o corrigiu.
– Você não se importava quando eu te chamava assim – Ele retrucou voltando os olhos azuis para ela – E, caso não se lembre, eu sempre vou pra casa do meu pai em Nova Jersey no Natal.
Katherine suspirou e voltou os olhos mais calmos para ele.
– Anthony, como você mesmo disse: os tempos mudam e as pessoas também.
– Eu percebi – Disse desviando os olhos com um leve toque de relutância – Inclusive você já superou o George com um cara que não é muito diferente dele.
Então aquele foi o estopim.
Katherine se levantou, estava com rosto vermelho de raiva e apertando o copo de café em sua mão.
– Você não sabe nada sobre o Castiel e nem sobre mim – Ela o olhou nos olhos – Ele me ama e eu o amo, foda-se você e sua opinião de merda.
Então ela saiu pisando forte e atirou o café que tomava na lata de lixo mais próxima.
Anthony se levantou e foi atrás dela, lhe segurando pelo braço.
– Ei, espera. Eu não quis...
Ela se soltou e deu uma risada cínica.
– Ah sim, você quis dizer isso sim – Ela o interrompeu – Você sempre foi uma pessoa gentil comigo, mas eu não sou mais aquela garota ingênua, Tony, aprendi a cuidar de mim. Mas eu já percebi que, pelo visto, quem não superou a minha escolha foi você.
Então ela saiu sem mais interferências.
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Quase Sem Querer
RomanceKatherine Bathory tem 17 anos, é alemã, dançarina de balé clássico e está no último ano do ensino médio. Ela leva uma vida antissocial e sem muitas expectativas para o futuro, exceto pelo seu sonho de ser bailarina profissional. Castiel Watson era o...