Katherine saiu de casa e seguiu em seu caminho solitário e frio até o teatro.
Chegando lá, ela abriu o portão da entrada dos artistas e desceu a escada no escuro sem problemas, já estava acostumada com a mesma. Ela ligou a luz do corredor assim que chegou ao final da escada. Ela sentou-se em uma poltrona e tirou os All Star para calçar suas sapatilhas.
Depois de estar devidamente arrumada para dançar, Katherine conectou seu celular a uma pequena caixa de som e colocou a música que dançava em casa.
Ela posicionou o celular e a caixinha de som em cima do piano e lembrou imediatamente de Castiel tocando piano.
Merda, tudo lembrava ele.
Ela balançou a cabeça, afastando-o de seus pensamentos e fez seu alongamento. Depois de estar bem alongada para não se machucar, Katherine começou a se recordar da coreografia.
Seus pés deslizavam no chão e seu corpo se movia de forma graciosa e bela. Seus braços pareciam asas de cisne fazendo-a se sentir como a própria Odette.
Katherine ainda não sabia todos os passos, havia ensaiado pouco e visto apenas alguns vídeos na internet. Então ela resolveu improvisar, se movimentando com graça e postura no ritmo calmo e suave da música.
Fazer a transição de Odette para Odile era o grande desafio da peça, era uma mudança de comportamento, de olhares e de velocidade também. Ela precisaria de muito treino para alcançar o equilíbrio perfeito.
Quando a música terminou, ela fez uma reverência para sua plateia imaginária.
Então as palmas soaram.
Ela pulou subitamente de susto e voltou os olhos para o lugar de onde as palmas vieram, lá na entrada dos artistas estava Castiel recostado à parede.
- Impressionante. – ele falou saindo das sombras.
- O que está fazendo aqui? Como entrou? – ela pousou as mãos na cintura e foi pausar a música do Pink Floyd que havia começado a tocar.
- Você deixou a porta aberta – ele disse. – Você parece um cisne, sabia?
Ela riu.
- Precisarei parecer com um mesmo – mencionou.
Castiel franziu o cenho.
- Por quê?
- Eu fui escalada para interpretar o Lago dos Cisnes no natal de Nova Jersey – Ela contou - Cisne branco e negro, dá pra acreditar?
Ele sorriu.
- Parabéns, Cat! – ele disse e não se conteve em dar um abraço apertado nela e a rodopiar no ar.
Katherine soltou um gritinho e riu quando ele o fez.
- Seu maluco, me põe no chão – ela esbravejou de brincadeira.
- Não mesmo. Vai que você desaparece novamente – ele retrucou, mas a colocou no chão e lhe encarou com seriedade. – Por que estás a me evitar?
Katherine suspirou e baixou os olhos.
- Sua namoradinha disse que não gosta de concorrência – Ela disse se sentindo ridícula e sentindo certa dose de ciúmes em seu tom. – E eu acho que talvez seja melhor assim.
- Quê? Quem é você e o que fez com Katherine Bathory? – Ele brincou. – Desde quando você se sente intimidada?
- Não é isso. Eu só não quero arrumar briga na escola logo no último ano – ela murmurou engolindo a vontade de xingar Helena.
- Katherine, só para deixar claro, eu não estou com Helena já faz meses. Ela é só... um pouco obcecada - Ele reforçou.
Katherine revirou os olhos e ele a olhou com desdém.
– Mas não vim aqui para falar disso. Eu tinha ido à sua casa e, como vi que não estavas lá, pensei que talvez estivesse aqui. Miley pediu para eu te buscar para você ir jantar lá em casa.
- Ah, não precisa. Eu não quero incomodar vocês – Katherine falou tímida.
- Calada e vamos logo – Ele disse já farto e acostumado com o jeito dela. – Quer passar na sua casa pra se arrumar, tomar um banho, coisa do tipo?
Katherine o encarou surpresa, mas deu de ombros.
- Eu, nitidamente, preciso de um banho.
- Então vamos logo – ele passou o braço ao redor dos ombros dela e foi a conduzindo para fora do palco.
Castiel a levou para casa e Katherine tomou um banho e vestiu um vestido bonitinho e casual que tinha lá. Sem surpresa alguma, ela também calçou um converse de cano longo.
- Nada contra, mas por que você só usa sapatos fechados? – Ele perguntou segurando Luke nos braços e fazendo carinho na barriga do gato - que crescia cada dia mais.
Katherine começou a rir e foi colocar a ração e o leite de seu gato.
- Pés de bailarina não são tão apresentáveis – Ela o lembrou.
- Ah, que é isso. Duvido que haja algo em você que não seja bonito ou apresentável – Ele rebateu deixando-a corada e riu com o resultado. – Viu só? Você fica linda quando está envergonhada.
- Vai tomar no seu... – e então o toque do celular de Castiel a impediu de completar a frase.
Ele levantou a mão, com um sorriso no canto dos lábios, como se pedisse para que ela esperasse e atendeu.
- Alô? Oi, oi. É, eu achei ela, nós já estamos indo – ele disse. – Não, mamãe, eu sei, pare com isso. Tchau.
- Ui, bebezão da mamãe – Katherine teve que aproveitar para zoá-lo.
Ele deu uma risada irônica.
- Super engraçada você, hein? – Falou sarcástico. – Vamos, bailarina?
- Vamos, pianista.
Chegando a casa dos Watson, Katherine se sentia estranha. Apesar de conhecer bem a mãe deles, a senhora Cassandra, ela estava se sentindo um pouco estranha por agora ser amiga de Castiel e Miley.
"Amiga de Castiel".
Francamente, Katherine não fazia noção do que estava rolando entre eles. Aqueles beijos roubados que ocorreram desde a festa de Camily, desculpa para ficar juntos, a forma companheira e protetora como ambos se comportavam em relação um ao outro. Enfim, eles meio que pareciam estar tendo um lance.
Que coisa estranha.
- Oh, Katherine querida! Como tens passado? – A senhora Cassandra veio lhe cumprimentar assim que ela e Castiel chegaram. – Estás linda como sempre.
Katherine sorriu e abraçou Cassandra.
- Estou bem, obrigado. E a senhora, como está? – ela foi delicadamente educada.
- Estou ótima. E sua avó? Ela foi visitar a Jude em Indiana?
- Sim, sim. Mas creio que ela e o vovô voltarão logo – Katherine afirmou. – Cadê a Miley?
A senhora Cassandra a acompanhou até a sala de jantar.
- Logo ela deve estar descendo – comentou. – Mas venha, sente-se. Conheço sua dieta do balé então preparei uma comida que virá a calhar muito bem.
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Quase Sem Querer
RomanceKatherine Bathory tem 17 anos, é alemã, dançarina de balé clássico e está no último ano do ensino médio. Ela leva uma vida antissocial e sem muitas expectativas para o futuro, exceto pelo seu sonho de ser bailarina profissional. Castiel Watson era o...