Inquieto, Gregory resolve sair um pouco e ficar no jardim da casa de sua tia. Era um ritual, que além de trazer tranquilidade, poderia pensar com calma em tudo o que estava sentindo.
Tentara de todas as formas dormir, descansar a cabeça que fervilhava com muitas situações possíveis, mas o que conseguiu foi rolar pela cama sem sucesso no plano.
A quietude do lugar trazia paz para seu espírito. O fazia pensar em todos os momentos que viveu até ali, na maioria os momentos marcantes que passou ao lado de Emily. Mas nada poderia fazer, afinal, ele mesmo havia feito a pior coisa do mundo.
Suspirando, olha para o céu estrelado, talvez buscando nas estrelas alguma forma de colocar sua vida, ou seus pensamentos em ordem. Imagens e mais imagens apareciam em sua mente, e o sentimento de saudade daquele tempo era maior que tudo.
Estava então perdido em pensamento, quando resolveu olhar para a casa vizinha. Estava em um lugar escuro, logo mal poderia ser percebido de onde estava. Então viu a mulher que povoou sua vida em todos aqueles anos. Estava amadurecida, mas seu olhar era o mesmo que tinha.
Emily estava onde sempre ficava quando fazia suas histórias. Gregory descobriu tempos depois o que ela fazia no telhado. Achara uma bobagem, e não deixou de dizer isso para ela em alguma oportunidade. Infantilidade? Talvez quisesse que ela o percebesse, o notasse, como ele a notara. Mas havia ido pelo caminho errado, concluiu mais tarde.
Momentos que tiveram voltam com tudo para sua mente, agora misturando-se a visão dela atualmente. Estava linda, e mostrava algo a mais em seu olhar. Mas sua aura sonhadora ainda a permeava, e ele sentia tudo isso mesmo não estando perto como gostaria de estar.
A olhando, decidiu finalmente começar a investir e tentar pelo menos se aproximar dela. Será que ainda estaria magoada com ele? Será que depois de todos os anos passados estaria com rancor da forma como tudo terminou?
A resposta poderia ser sim para tudo, mas ele buscaria o perdão por todas as suas falhas. Tentaria aos poucos uma aproximação, quem sabe poderia estar com sorte?
Mas uma coisa martelou sua cabeça, de repente: sua atual situação. Ficou um pouco oprimido, pois agora o máximo que conseguia tirar das pessoas era um olhar penoso, ou curioso, como se fosse alguma aberração.
Seu terapeuta em uma sessão disse que muitas das coisas que o ser humano repudia possa vir dele mesmo. No caso dele, o olhar que sentia era na realidade como ele se via. Talvez estivesse certo. Resolveu colocar então a teoria em prática, no mais tardar no dia seguinte.
Uma nova injeção de ânimo tomou o seu corpo, e dando uma última olhada para a janela vizinha, percebeu que Emily havia voltado para dentro de casa. Sorriu, pois dormiria pensando em como linda ela estava aos seus olhos hoje em dia.
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— Droga!
Emily tentou conter os xingamentos, mas a prateleira que resolveu colocar não estava colaborando com ela. Depois de ir a uma loja de ferramentas, pegou algumas que precisaria para colocar as benditas prateleiras no lugar. Mas sem sucesso.
— Algum problema, mãe?
— Nada, somente essas coisas que não ficam na parede de forma alguma.
— Devíamos chamar alguém para ajudar a senhora.
— E quem poderia fazer isso, filho? Chegamos ontem, difícil ainda ter alguém que eu conheça aqui.
— Bem, não custa tentar, né?
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Reminiscências (Completo)
RomanceAnos atrás, Emily era uma adolescente sonhadora. Adorava romances e esperava encontrar seu príncipe encantado. Até que encontrou Gregory, e por ele apaixonou-se perdidamente. Gregory era o típico adolescente conhecido por toda a escola, ainda mais p...