Capítulo 22

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Emily estava totalmente perdida com tantas informações para sua cabeça. Não esperava tudo o que Gregory lhe revelara. Imaginava ter sido traída, já que ambos eram muito jovens, mas... grávida?

Não percebera na época qualquer mudança relevante em seu corpo. Tudo a levava crer ser devido ao acidente, nada mais. A notícia de ter ficado grávida a pegara desprevenida.

Sentada em sua cama, tentou de alguma maneira lembrar de qualquer momento que Gregory revelara. Mas sua cabeça estava em branco, mesmo depois de tudo nada viera para ela. Não sabia se aquilo era uma benção ou não, pois parte dela queria lembrar mais do que tudo do que vivenciara. Outra parte questionava se aquilo seria saudável, visto que se algo acontecesse com Jay, ficaria totalmente sem chão. Imaginar que perdera um filho era triste, mas sentir aquilo, era realmente demais.

Então levantou-se e foi buscar consolo na lembrança da pessoa que mais a apoiara em vida: sua irmã Evelyn. A caixa com lembranças dela estava intacta desde que jogara algumas coisas ali. Era doloroso tocar em seus objetos, mas de certa forma sentia conforto em ter alguns momentos divididos ali em forma de objetos.

Voltou para cama e abriu a caixa. Nela continha um álbum simples, com várias fotos das duas. Eram os momentos delas quando mais jovens, quando a única preocupação além de que ter o que comer era poder olhar uma a outra e sorrirem cúmplices.

Havia também um pequeno caderno, em que Evelyn anotava as mais diversas coisas. Estava fechada por um pequeno botão dourado, e Evelyn ficara em dúvida se abria ou não. O deixou de lado por um momento e resolver ficar com o álbum, folheando as mais diversas fotos que havia ali.

Olhar o sorriso de Evelyn ali era reconfortante. Sentia que ela a estava guiando, mostrando que apesar da distância agora, estava a olhando. Emily sentia seu peito comprimir, pois sua melhor amiga não estava ali para tirar suas dúvidas, esclarecer o porquê de ter escondido aquilo dela. Estava começando a ficar triste, pois Evelyn não deveria ter feito tal coisa. Emily tinha o direito de saber da verdade, mesmo que fosse a mais cruel possível.

Ter fatos tão importantes escondidos assim não passaram pela cabeça de Emily. Imaginar não era a mesma coisa de ter vivenciado, mas era certo que deveria saber de tudo por mais cruel que fosse. Evelyn era super protetora com ela, mas a verdade deveria permanecer entre elas.

Magoada, deixa o álbum de lado, encarando novamente o caderno fechado. Decidiu ver o que poderia ter ali. Talvez pensamentos da irmã, alguma coisa que esclarecesse o que tanto martelava em sua cabeça.

Abriu e viu a letra que tanto admirava. Evelyn tinha uma caligrafia perfeita, Emily sempre a elogiara por isso. Começou a folhear, e ali descobriu que sua irmã também gostava de escrever. Mas sabia que na cabeça dela, "o dinheiro era o que colocava comida na mesa". O sacrifício de deixar algo que gostava para sustenta-las era admirável.

Em cada página mostrava por meio de palavras, frases, poemas, o quanto era sensível, o contrário que demonstrava. A alma de Evelyn era romântica, estava em busca de algo além do compreensível, mas somente ali, em meio aquelas folhas.

Sorriu, pois eram mais parecidas do que esperava. Sua irmã mostrava ser uma mulher racional, que não queria que outros vissem seu lado sensível. Era dura com outros, mas com Emily era a sua doce irmã mais velha.

Folheando mais, encontrou algo diferente: uma carta.

E a virando, seu nome estava ali, escrito com sua caligrafia impecável. Por que aquela carta estava ali? Será que ela esperava que Emily não a encontrasse? Evelyn sabia que Emily nunca mexeria em suas coisas. O que seria aquilo, afinal?

Reminiscências (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora