Capítulo 9

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POSTAGENS SEMANAIS


Gregory, por outro lado, estava cada vez mais convencido de que provaria a Emily que era uma pessoa diferente. Mas o receio de que ela relembrasse tudo o que passaram o deixavam aflito, afinal, ele tornara-se dependente dos momentos que tinha com sua linda menina.

Recordou com carinho do apelido que dera a ela, mas somente usava para si mesmo. O início de um relacionamento na vida dos dois deu-se de maneira um tanto conturbada, mas Greg tinha essas lembranças como preciosas, pois mesmo inconscientemente, apegou-se a elas durante sua recuperação até os dias atuais.


Depois do sermão que levara da tia, Gregory deixou a garota da casa vizinha de lado, estava a caça de mais uma das garotas com quem passaria um tempo. Mesmo as deixando ciente do que procurava nelas, sempre voltavam para ficar um pouco mais com ele, porém ele as descartava logo.

Em um momento em que estava fazendo algumas fotos para uma menina que já estava em sua mira, não saberia dizer como tudo aconteceu. A garota estava fazendo uma pose mais que sensual perto de uma árvore que ficava mais afastada do terreno da escola, e ele mais que depressa fazia cliques e mais cliques da menina.

Porém, em algum momento viu algo ou alguém caindo da árvore e em cima da garota. Mais que depressa correu em direção a garota, que choramingava com dor devido a queda. Greg ficou surpreso com a cena que desenrolava a sua frente.

— Garota, você é maluca ou o quê?

— Desculpa, eu estava tentando ajudar um gato que estava no galho mais alto, mas depois que vi vocês, não quis atrapalhar.

— Cristo, você tem o que, dez anos pra ficar fazendo esse tipo de coisa?

— Sinto muito, eu...

— Cala a boca, por sua causa vou ficar com um hematoma horroroso.

Emily estava totalmente mortificada com a situação. Gregory viu o brilho de lagrimas em seus olhos, e quando ia tentar perguntar se estava bem, a garota em questão chamou sua atenção para si.

— Vem, Greg, deixa essa maluca pra lá.

Resolveu seguir a menina, deixando sua vizinha ali com cara de choro. Não poderia fazer nada, afinal de contas.



Nos dias que seguiram depois do primeiro "encontro" deles, Greg sempre vislumbrava Emily solitária embaixo de uma árvore com seu caderno. Mesmo mantendo distância, a observava com atenção e captava todas as nuances que Emily emitia com suas expressões.

Quando não havia alguém por perto, tirava fotos escondidas, mas não sabia o real motivo. Talvez a curiosidade ao redor da garota o instigasse a fazer aquele tipo de coisa.

O tempo passou e Gregory estava mais que disposto a conquistar a linda vizinha para passar o tempo. As meninas com quem saiu já não chamavam sua atenção como antes, e via em Emily a oportunidade de ter algo novo.

Com isso em mente, resolveu abordar a garota em uma noite em que a lua estava cheia e alta no céu, proporcionando uma iluminação mais que perfeita para o ambiente. Viu o momento em que a garota saiu pela janela de sua casa e esperou alguns instantes até tê-la absorta em seu caderno.

Saiu pela janela e testou a firmeza dos galhos da árvore que ligava as duas casas. Viu que eram firmes e foi se segurando e equilibrando até chegar ao outro lado. Resolveu ficar na árvore mesmo, não queria assustar a menina.

— Oi pequena.

Emily estava tão concentrada em sua história que mal percebera a presença do garoto na árvore. Assustada com sua fala repentina, soltou seu caderno, que caiu ao seu lado, quase caindo telhado abaixo.

— Que droga, quer me matar do coração, seu maluco?

— Desculpe, não queria assustá-la.

— O que você está fazendo aí pendurado?

— Bem, eu vi você aí e resolvi dar um olá, sabe, fazer a política da boa vizinhança.

— Já deu seu olá, pode ir embora.

Gregory viu que ela estava chateada e resolveu tentar deixar o momento menos tenso.

— Não seja estressada, conversar um pouco faz bem, sabe?

— Sério que isso é verdade?

Ele viu o tom debochado da garota e resolveu aliviar a tensão.

— Sempre te vejo aí perdida com seu caderno, ou na escola, o que tem aí que você não larga?

— Nada que seja da sua conta, garoto.

— Desculpe, esqueci de me apresentar, sou Gregory, sobrinho da Claire, da casa aqui atrás de mim.

Certo Gregory, você deu seu oi, já falou seu nome, e se me der licença tenho que entrar.

— Fica um pouco, olhe. – Falou apontando para a lua. — Sai para ver como a noite estava e a lua está perfeita, não acha?

Emily seguiu o olhar de Greg, que se aproveitando, saiu da árvore caminhando e sentando ao lado da menina.

— Você é folgado, sabia?

— Fica quieta e aproveita a vista.

Emily respirou fundo e resolveu dar uma chance. E a partir daquele dia, algumas vezes durante a semana Gregory atravessava a árvore que ficava entre as duas casas e ficava com Emily conversando amenidades, ou então ficavam ambos em silêncio.

Gregory sempre que podia fazia companhia a menina que o cativara. As conversas eram sobre tudo e sobre nada. Quando ele não tinha programas a noite, sua rotina era ficar no telhado da casa vizinha.

Emily o olhava muitas vezes com uma carranca, mas no fim, ambos aproveitavam a presença do outro. Começaram a criar um vínculo, mesmo não saindo de sua zona de conforto.


Reminiscências (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora