Capítulo 17

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POSTAGENS SEMANAIS


Os dias seguiram um padrão confortável na opinião de Emily. Estava ansiosa para saber o resultado de seu manuscrito, e enquanto esperava, remoía que já estava bem próximo o dia que Brandon levaria seu filho para ficar no fim de semana.

Estava tentando ficar calma e tentar colocar na cabeça que pelo menos trataria bem seu filho, mas conhecia Brandon bem demais, e aquilo a deixava totalmente nervosa e chateada. Ele parecia somente olhar para si mesmo, pouco importando os outros a sua volta.

A parte boa era que seu relacionamento com Gregory estava caminhando bem. Ele era um ótimo ouvinte, ouvia o que mais a afligia e lhe dava total apoio, sempre tentando tirar o peso que ela parecia estar carregando.

Gregory estava se provando ser um homem fantástico, e juntos estavam descobrindo coisas que ambos diziam não ter sentindo em muito tempo. Ela o via sorrir com frequência, e seu humor estava melhorando e muito. Sabia que ele ficava chateado por estar do jeito que estava, e sentia que ele tinha um tipo de preconceito consigo mesmo. Emily tentava de todas as formas levantar a autoestima de Greg, o elogiava e até o incentivava a voltar à fotografia, visto que ela pouco observava qualquer motivo que o impedisse.

Ele sempre encontrava uma maneira de escapar, mas aos poucos ela o incentivava. Algumas fotos de celular aqui, depois ela iria aumentando o grau de dificuldade para ele. Ela o acompanhou durante a semana em uma sessão de fisioterapia, enquanto seu filho estava no colégio.

Ele permitiu a contragosto, mas como era teimosa, Emily insistiu até que ele cedesse. Sabia que aqueles momentos eram dolorosos, que o faziam lembrar do motivo de estar ali. Mas ela o ajudaria no que pudesse a superar o que tanto o perturbava, e assim conseguissem seguir em frente.

Viu o semblante dele carregado depois da última sessão de exercícios, e via ali o quanto de esforço ele tinha que fazer para conseguir ter pelo menos uma vida o mais normal possível. Pelo que entendera, sua lesão fora grave, mas com os cuidados e atividades regulares ele poderia ter uma vida minimamente normal.

No final, lá estava para ampará-lo e incentivá-lo no que fosse necessário. Ela mostraria a ele que deveria agradecer por estar ali, que deveria viver a vida e se sentir vivo. Deveria deixar seus temores de lado e voltar a viver, a ser feliz. E ela o ajudaria naquela empreitada.

Gregory sabia que sempre quando tinha suas sessões a dor era dilacerante. Antes pouco importava se tinha avançado ou não. Ele só fazia aquilo por pura insistência de sua tia. A vontade que tinha de se sentir normal do início antes estava perdendo a cor. Mas com Emily em sua vida novamente queria estar o melhor possível para ela.

E isso era ter que aguentar a dor excruciante que sentia em seu braço. Mas ao sair da sala e ver sua pequena ali, o esperando, lhe renovou as forças, o fez sentir-se vivo, com mais vontade ainda de perseverar. E ele faria o necessário para ver sempre aquele sorriso meigo na boca de sua menina. Aliás, não mais menina, mas uma mulher feita.

Ainda teria que se acostumar com aquilo. Emily o estava fazendo lembrar de outro aspecto em sua vida, e aquilo estava tirando seu sono. Afinal estava a muito tempo sem se sentir tão atraído por alguém do sexo oposto. Ainda mais a pessoa em questão ser sua Emily.

Sempre saia de sua casa quando não conseguia mais se segurar de vontade de tê-la do jeito que tanto sonhava. Mas sabia que deveria refrear seus pensamentos que iam por esse caminho. Ele deveria ir devagar, se deixar conhecer, e conhecer a nova Emily que estava ao seu lado.

Quando se encontraram, ela o abraçou de maneira tão gostosa, que por ele ficaria agarrado a ela para sempre. Mas beijou ternamente seus cabelos e seguiram para a saída da clínica.

Reminiscências (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora