Em meados do século XIX, em algum lugar entre o paraíso e o inferno, Oliver e Delilah se encontram - quando o mundo ainda parecia simples, e o amor, possível.
O que nasce entre eles é intenso, proibido... incontrolável.
Mas a vida tem seus próprios...
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Oliver
Interrompo o que estava fazendo num salto. Meus dedos, ainda úmidos pelo mel dela, são retirados com urgência. O choque do ar frio sobre minha pele é quase um lembrete cruel do que deixamos inacabado.
Corro para o outro lado da cozinha como se procurasse algo que jamais estive procurando, tentando parecer natural - o que é, claro, completamente inútil. Atrás de mim, vejo Delilah se endireitar rapidamente, puxando a camisola com mãos trêmulas, ajeitando o xale sobre os ombros, tentando, sem sucesso, recuperar o fôlego e a compostura.
Mas é tarde demais...
Tudo acontece muito rápido e, enquanto tentamos miseravelmente nos recompor, Horácio e Margareth entram aos tropeços, rindo como dois bobos — logo após eu ouvir a voz de senhora Barlow dizendo algo como: — Pare, Horácio, senão vão nos pegar...
Eles se congelam no batente ao nos ver.
E nós também.
Por um instante, ninguém se move. Quatro estátuas vivas compartilham o espaço de uma cozinha impregnada de calor, desejo, tensão e um delicioso cheiro de sopa.
Maravilha...
O olhar de Horácio e Margareth passeia entre mim e Delilah, depois entre o estado dela que tem o rosto ainda um pouco corado e o cabelo levemente desalinhado, e o meu, que com certeza não está muito melhor.
Ambos se desvencilham um do outro rapidamente, desfazendo o abraço. Margareth parece querer dizer algo, mas hesita por instante.
— Oh, senhor Crane! Está de volta! — O mordomo diz com a voz entrecortada, forçando um sorriso. Abro a boca para falar, mas antes que diga qualquer coisa, percebo os olhos dos dois escorregando para baixo, quase saltando das órbitas.
Sinto meu rosto queimar ao perceber o que acabaram de ver, pois a altura da ilha de pedra não foi suficiente para me esconder. Num impulso, me inclino em busca de um cesto de frutas e o coloco à frente da virilha, mas uso força demais e as laranjas caem rolando pelo chão.
Desesperado, me apoio na bancada com os cotovelos, numa última tentativa de me cobrir.
— Ham... senhora?! — Margareth se dirige a Delilah, engolindo em seco. — Está tudo bem?
Dell pisca várias vezes, constrangida, e assente veementemente com a cabeça. — Sim, Marg... É... eu só estava com apetite, e o senhor Crane se ofereceu para preparar uma refeição para mim.
— Entendo... — Ela olha com uma das sobrancelhas erguidas para mim. — Quanta gentileza...
— Eu fiz sopa. — Aponto para o caldeirão fumegante, mas, ao perceber que meus dedos ainda estão úmidos, os escondo atrás das costas e os enxugo disfarçadamente no tecido do fraque, desenhando um sorriso amarelo nos lábios.