Ps: O nome do cap é o nome de uma música da banda The Fray e.e
As mãos frias do rapaz embalaram a mão machucada do menor, assim os dedinhos do mesmo se movimentarem como uma tentativa de demonstrar uma possível negação. Mas que segundos depois, começaram a ficar imóveis e aceitar o que estava acontecendo.
O menor possuía uma respiração ofegante e seus dedos tremiam assim que o outro movimentava a própria mão, rosando as peles delicadamente.
"Acredito que esteja melhor agora. " O maior disse soltando a mão do outro e se distanciando gradualmente, mas ainda ficando de frente para o garoto que tinha os olhos arregalados.
Olhou, olhou e olhou de novo a própria mão, levando-a mais próxima dos olhos e tocando a pele para ver se tudo aquilo era apenas uma brincadeira, o corte agora em sua mão não existia mais e ninguém diria que aquilo fora cortado alguma vez. Nem parecia que a faca havia mordiscado pedaços de sua pele fresca, que agora estava em perfeito estado.
"O que você... " ainda não acreditava no que havia acontecido, mas ele também queria saber como aquilo havia acontecido. Mas ainda estava longe de todas as suas perguntas serem respondidas. "Você pode sair... Hmm, por favor, saía..." um pouco com o pé atrás da decisão, mas ainda com medo de deixar um desconhecido em sua casa, aumentou o tom, o deixando firme para que demonstrasse a sua decisão.
O maior deu as costas, parecendo que iria sair daquela casa, caminhou até a sala e em direção a porta, sumindo de vez sem dizer uma só palavra para que o outro tentasse pelo menos entender o que acabara de acontecer.
Mas só havia um mínimo detalhe a ser exaltado naqueles curtos segundos, não se ouvira a nenhum momento uma batida de porta ou um barulho na maçaneta para demonstrar que ela havia sido aberta ou fechada.
Só o despertador gritante do celular do garoto exprimido e chocado contra a pia, o fez acordar daquele transe e perceber que já estava ficando tarde. Voltou para a sala, procurando o aparelho nada silencioso pelas cobertas, encontrando-o e desativando o despertador.
Era para ter sido àquela hora para ele levantar, mas seu corpo demonstrou que queria o contrário, o fazendo levantar da cama e se deparar com algo nada comum nos seus dias sem graças.
Já que o começo do seu dia não havia sido nada comum, voltou para o quarto para se trocar e sair um pouco daquela casa. Nem se importaria em chegar no hospital várias horas mais cedo do que deveria, mas também pensou na ideia de marcar uma consulta urgente no consultório de seu psiquiatra.
Se vestiu com uma roupa agora adequada para sair de casa, guardou algumas notas na carteira, pegando as chaves em seguida e trancando a casa assim que saiu de lá de dentro.
Mal ele sabia que algumas coisas poderiam simplesmente adentrar lugares abertos ou fechados.
Caminhou pela calçada, observando as famílias e pessoas com seus companheiros passando ao seu lado. Resolveu olhar para baixo, não queria mais ver tudo aquilo e sentir as mesmas dores de sempre, pois querendo ou não, ele não tinha mais ninguém para passear no parque ou sair para tomar um sorvete.
Ele não tinha ninguém.
Assim que viu a clínica de seu médico, apressou o passo e evitou parecer que estava querendo chorar, e ele estava, mas não queria demonstrar para ninguém sua fraqueza momentânea. Adentrou o consultório logo sendo recebido por um sorriso contido da secretária, que assim que viu a presença do outro ali, seus dedos começaram a tremer e se esconder nas beiradas da mesa, enquanto ela direcionava o olhar para o garoto e assim que percebia que ele olhava de volta, fitava a tela do computador logo a sua frente.
"Bom dia Jamia. " O tom já demonstrava o tamanho de sua animação daquele dia, frio e seco, mas ainda arrancou um sorrisinho da moça e bochechas coradas.
"Bom dia Sr. Iero ." Mesmo passando das dez e sendo quase a hora do almoço, ainda por educação ambos trocaram saudações. "Como posso ajudar? " Ela falava sorridente e um pouco envergonhada com aquilo tudo, e se podia ver o brilho dos olhos daquela moça quase em outra dimensão.
"Quero marcar um horário com o Dr. Toro ." Meio que cuspiu aquela frase sem jeito, se sentia um doente mental indo marcar uma visita ao médico psiquiatra, que por sinal era um dos melhores de todo o estado.
Mas aquele médico ainda precisava cuidar de Iero quase não entendendo seu caso, era algo muito complicado e o garoto se sentia mal em contar as coisas, não tinha confiança e acabava por deixar as consultas complexas.
A moça apenas direcionou seu olhar de volta a tela do computador, parando de fitar os olhos de Iero e ficar viajando por aí. Assim que encontrou um horário disponível, anotou e avisou quando o outro deveria vir.
Entregou-lhe um papel com o dia e o horário marcado, para que não se esquecesse da data da consulta. Se despediu e saiu dali, abriu o papel que estava dobrado e encontrou um número telefônico também anotado ali, deu uma risadinha se sentindo envergonhado assim que viu um nome anotado embaixo e um coraçãozinho desenhado de caneta ali.
A garota não desistiria tão fácil de ganhar um encontro com Frank e aquilo estava na cara, mas alguém que o seguia não gostou nada do que havia visto e já estava planejando uma maneira de ter Frank de volta, tirando Jamia de seu caminho como se ela fosse uma concorrente.
Iero almoçou num restaurante próximo dali, indo para o hospital em seguida, já que morava em uma cidade praticamente pequena em relação as outras da região, e todo parecia ficar perto, assim digamos. Mas não fazia mal algum caminhar todos os dias, cursando o mesmo trajeto, vendo as mesmas pessoas e paisagens.
O dia estava apagado como sempre, o inverno havia chegado e demonstrava que ficaria incomodando por um bom tempo, soprando um vento gelado contra o garoto que agora se encolhia no casaco que vestia. Como se fosse algo do destino, ele não havia se preparado o bastante para um dia tão frio como aquele que estava por vir, mas ele ainda poderia passar algumas horas no hospital para se aquecer.
Aquele cheiro de remédios e produtos fortes de limpeza se misturavam no decorrer dos corredores, brancos e gradualmente silenciosos naquele horário, transmitindo um ar esquisito e torturador para o garoto que caminhava por eles.
Sempre tinha o mesmo caminho a fazer, ir até uma das salas, conversar com algumas crianças também doentes e jogar conversa fora com alguns adultos. Mesmo sendo o que poderia se considerar um garoto fechado, se sentia mais livre diante aos conhecidos.
Assim que se aproximou do último quarto, encontrou a porta fechada e entranhou completamente. Da última vez que fora ali, não havia paciente algum, até porque era um dos quartos reservados a pessoas em estado crítico, que não haviam nem condição para se locomover.
Fazia anos que alguém ocupava aquele quarto.
O último paciente que ocupado aquele quarto havia sido a mãe de Iero, e pensar que alguém agora estava na mesma situação, acabava com o pequeno e o enchia de pena. Com os olhos já lacrimejando, voltou para a área das crianças, afim de dispersar um pouco do que acabara de descobrir.
Continua...

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Insidious
Misterio / SuspensoSe você visse sua família morrer aos poucos, realmente escorregar por seus dedos e acabasse sendo torturado por uma dor sem fim, sem poder fazer nada para que mudasse o destino desta história e no final acabar sozinho mofando em uma casa fria e tota...