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Iero acordou quando a escuridão ainda tomava conta daquele país, sentindo uma estranha sede que o obrigou a levantar dali. Nem sequer pensou de olhar para o lado, talvez pensando que Gerard ainda continuava ali, dormindo tranquilamente.

O menor desceu as escadas com todo o cuidado naquela enorme escuridão, rezando para que não caísse dali e se chocasse todo de encontro com o chão. Assim que viu o cômodo que o lembrava um pouco a cozinha, por causa também de uma curta luminosidade que a pouca claridade da rua invadia pela janela, procurou pelo interruptor passeando sua mão pelos cantos da parede para aumentar a claridade ali.

Finalmente o encontrou, apertando em seguida e fazendo que a luz inundasse o cômodo, o permitindo de encontrar a geladeira e um copo. Após colocar a água, e começar a bebe-la, passou a ouvir alguns ruídos estranhos seguirem em direção a sala.

"Gee?" Chamou, achando que pela movimentação que fizera havia acordado o outro. Mas não obteve uma resposta clara, porém o ruído tornou a soar, mais alto do que antes o que tornava a aumentar a ideia que seja o que fosse, estaria se aproximando.

Olhou para frente e nada encontrou, deu alguns passos para a mesma direção, mas agora o silêncio havia voltado. Porém, assim que o menor se virou para deixar o copo na pia, deu-se de cara com uma imagem totalmente assustadora.

"O que é você?" O menor praticamente gritou assustado, ao receber de encontro de uma vez só uma imagem que nunca esperaria ver na vida.

Alguns centímetros de sua face, se teve a imagem de uma garotinha de aproximadamente agora 8 anos, com os longos cabelos negros esparramados por sua face pálida, e seus olhos esverdeados tornaram-se mais escuros com a falta de claridade abusiva. Frank, mesmo não sabendo ao certo quem e o que era aquilo naquele momento, logo se teve a noção do que poderia ser assim que a garotinha o olhou torto, como se quisesse machucar alguém.

"Eu... Lhe fiz uma pergunta!" Frank continuava estático, amedrontado com o que via e já se considerava um completo louco, ou também um grande azarado.

A menininha se afastou um pouco, deixando a agora que Frank visse suas vestimentas, que usava um vestido longo, preto e um tanto rasgado, fora de época, aparentemente muito antigo.

Mal ele sabia que aquela garotinha já tinha sido importante para ele.

O garoto ainda continuava com os olhos vidrados na garotinha, que nada dizia, tentando perceber o que estava acontecendo ali. E foi quando Frank sentiu algo tocar suas costas, braços se enroscando em si.

"FRANK!" Agora Gerard estava ali, acordado e parecia que também estava vendo a imagem da menina, o que parecia um tanto reconfortante para o menor, que ainda possuía um medo de estar enlouquecendo.

Gerard puxou Frank para fora da cozinha, entrelaçando seus dedos no do menor em seguida, continuando levando-o até de volta para o quarto. Mesmo com os tropeços na escada, ambos conseguiram chegar até o quarto sem cair no chão e despencar escada abaixo.

"Shhh... Eu preciso saber se você conhece aquilo..." Gerard, agora sentado do lado de Iero, que fitava o chão estático como se tivesse um tanto traumatizado, tentava confortar o menor ao mesmo tempo que queria saber mais sobre a aparição daquele ser.

"Não sei, Gee..." Frank começou a falar, baixinho, ainda com a insegurança presa a sua garganta. "Mas ela me lembra minha irmã mais nova, não sei por quê..."

"Oh... Não!" Gerard ficou ainda mais pálido do que já era, fechando a expressão como se aquilo havia o atingido fortemente, levando uma das mãos à cabeça em seguida, como se algo estivesse realmente o incomodando agora.

"O que foi?" O menor parecia confuso, ainda mais do que antes, tudo insistia em deixa-lo em completa confusão consigo mesmo e com as coisas ao seu redor.

"Não dê a atenção há nada que aquilo falar, por favor. Frank, jura que promete isso pra mim?" O maior passou as mãos contra os cabelos de Iero, massageando com cautela como se o outro pudesse se partir em pedaços assim que sentisse o toque do maior.

"Tudo bem." Iero disse um tanto confuso, apenas afirmando por causa da enorme aflição que corria dentre os olhos de Gerard.

"Vem, vamos voltar para cama, finja que essa noite não aconteceu." Gerard ajudou Frank a se deitar novamente, cobrindo-o e o abraçando em seguida, como se tentasse o proteger de qualquer forma.

                                                                                                  ***

Na manhã seguinte, Frank despertou com uma enorme dor de cabeça, o que o fez resmungar quase o dia todo. Mas a seguinte questão era que ele não se lembrava de nada o que havia acontecido após o final de seu jantar com Jamia, o que também era estranho, pois ele nem estava ciente se havia bebido demais ou até nenhuma gota de álcool.

Porém, depois de tudo aquilo, ele precisava continuar levando sua vida mesquinha para frente. Seguindo sempre as mesmas rotinas, sem quebra-las, como se aquilo fosse algo comum para se viver, talvez ele tenha começado a se acostumar com toda aquela chateza.

Desta vez ele não fazia ideia de onde Gerard havia se enfiado, pois não se lembrava de ter conversado com o mesmo recentemente ou na noite anterior. É, parecia ter passado um furacão nas ideias de Frank, claramente as bagunçando.

O pequeno ainda estava com uma preguiça de levantar, como sempre em todas as manhãs entediadas e passageiras naquela cidade, já que ele mal sabia o que fazer todos os dias sem ter uma real base. Também nem havia ninguém para acordá-lo ou resmungar um pouco seu atraso, então, ficar uns minutinhos a mais na cama, poderia ser até uma boa escolha.

Mas, depois de minutos fitando o teto e enroscando os dedos nos cabelos bagunçados, começou a se levantar, aos poucos, espreguiçando-se e bocejando como se não houvesse dormido a noite toda.

Assim que passou pela cômoda em seu quarto, observou um papel dobrado em cima da mesma, o que lembrava uma pequena cartinha malfeita e bem amassada. Como já era de se esperar de um ser tão curioso, logo já se via o papel sendo desdobrado e correndo em direção às mãos do menor.

"I'll find you."

(Eu vou te encontrar).

Estava escrito naquele papel.

Com uma letra pequena, que espremia a maioria das letras umas contra as outras, mas por sorte era legível. Porém o que fez os olhos do garoto crescerem e seus cabelos arrepiarem foi exatamente um mínimo detalhe percebido momentos depois.

Aquilo havia sido escrito com uma caneta diferente, pois a tinta que pigmentava o papel, lembrava corretamente a colocação de sangue não muito fresco.

Mas nada poderia ser afirmado naquele momento.

Porém, Iero temeu.

Realmente se sentiu ameaçado.

Também pensando de quem aquilo poderia ter vindo.



Continua...


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