"Você vai ficar aqui, para sempre. Ok? Não vai vir ninguém para te salvar, isso não é um conto de fadas, seu idiota. E quem sabe, talvez a gente se divirta um pouco antes de eu te matar." Caçou alto, rindo como um belo psicopata assustando uma criança inocente.
Frank permaneceu estático no chão, com uma das mãos no nariz para tentar controlar o sangue que saía ali e a dor também. Mas mesmo assim, se levantou e empurrou o rapaz que caiu de costas, fechou a porta em seguida, mas mal conseguiu trancá-la, ele só pensou em correr para o mais longe possível.
Correu como se estivesse num filme de terror e algum serial-killer o perseguia, mas na realidade era bem aquilo o que acontecia. Mal se atreveu olhar para trás para acabar não se atrapalhando com algo que poderia estar nas suas costas.
Tentou desviar os caminhos, mudando de uma rua para outra e passando o mais rápido possível dentre as pessoas na calçada, mas assim que suas pernas já estavam ficando fracas e cansadas de toda aquela correria absurda repentina, ele já mal prestava a atenção nos sinais o que lhe fez quase ser atropelado por um carro que cruzava a rua.
"Menino, você tá 'loco?" O rapaz que dirigia quase entrou em desespero, ele quase atropelara um garoto que praticamente se jogou na frente de seu carro.
Frank não se machucou muito, tinha apenas alguns ralados no joelho e cotovelos por ter caído no chão, mas por sorte o motorista havia parado bem na hora.
"Moço, moço, por favor, pode me levar o mais rápido possível para um hospital?" Frank perguntou desesperado, já deixando as lágrimas invadirem sua face assustada, ele precisava sair daquele lugar o mais rápido possível, mesmo que se fosse entrando num carro de um desconhecido que quase o atropelou.
"Eu mal lhe conheço, rapaz... E..." O outro se engasgou um pouco com as palavras observando a face do outro, aparentemente perdido e inocente, que não causaria mal algum. Os olhinhos agora sem brilho, de Frank, o convenceram a ajuda-lo. "Tudo bem, mas só porque eu estou indo para um hospital também." Completou, se abaixando e ficando mais próximo de Iero, o ajudando a levantar e colocá-lo no banco de trás.
"Muito obrigado, muito obrigado mesmo, moço." Frank repetia em soluços, observando o rosto também preocupado do outro refletido contra o espelho.
"Não foi nada, rapaz. Só tome mais cuidado ao atravessar a rua... Aliás, por que corria feito louco pela rua? Até parecia que estava fugindo de algum psicopata." O outro soltou uma risada para quebrar um pouco a tenção, mas parou de sorrir no exato momento que observou o menino não dizer nenhuma sequer palavra em relação à piadinha, o que o fez pensar que aquilo que havia tido na brincadeira, na verdade acontecera na realidade.
E o silêncio voltou a se estabelecer naquele carro, enquanto Frank continuava apavorado com tudo que havia acontecido, mas um tanto mais aliviado por estar indo para um lugar mais seguro onde poderia chamar a polícia.
"Chegamos, você quer ajuda para descer?" Quebrando o silencio, o outro disse para o menor, que continuou estático no bando de trás mesmo após perceber que o carro estava parado na frente de um hospital.
E foi só o outro olhar com aqueles olhos de pena que o menor caiu de vez em prantos, de soluços a quase gritos de dor, o que fez o maior rapidamente se soltar do cinto e correr para o banco de trás como se acudisse uma criança perdida.
"O que aconteceu? Você quer que eu chame alguém?" Disse em desespero, esperando que o outro dissesse pelo menos uma palavra naquele momento para tirar a maldita confusão que tinha em sua cabeça, e o medo também.
"Me desculpe por quase causar um acidente, senhor... É que... É que, meu ex-namorado me prendeu dentro de casa e pretendia me matar, eu acabei ouvindo todo o plano dele e ele foi atrás de mim, e deve estar nesse momento, mas por favor, me ajude a me esconder, por favor, eu tenho dinheiro, eu posso te pagar o quanto for preciso, mas, só me esconda, por favor..." O pequeno disse em meio de soluços, tropeçando em algumas palavras, mas conseguindo dizer o que precisava.
O outro quase entrou em estado de choque com toda aquela história maluca e primeiro pensou que aquele garoto poderia ser um drogado e estava tendo belas alucinações, mas descartou essa possibilidade quando observou melhor suas vestimentas e que estava limpo. Mesmo com uma tremenda desconfiança, deu um mínimo voto para o pequeno.
"Qual é seu nome?" Perguntou, sentando-se do lado do pequeno, afim de acalmá-lo um pouco.
"Frank, Frank Iero... E o seu?" Parou um pouco de chorar, agora um pouco mais calmo e confiante que o outro poderia o ajudar.
"Mikey Way." E foi depois daquelas palavras que o outro quase voltou a chorar, mas dessa vez não era de tanta tristeza assim.
"Mikey Way? Way é um sobrenome conhecido? Você conhece algum Gerard Way? Ei, moço, por favor me responda..." Começou a falar sem parar, com uma enorme esperança de que Gerard Way poderia ser algum conhecido.
"Como você conhece o meu irmão?" O outro arqueou as sobrancelhas surpreso. "É por causa dele que eu estou vindo nesse hospital agora, ele está em coma faz anos depois de um acidente de carro após seu casamento, a noiva acabou falecendo e ele nunca deu nenhum sinal que poderia voltar, até que então o dinheiro da nossa família não vai conseguir pagar mais o hospital... Foi decidido que vamos desligar o aparelho no final da semana, se ele não regir mais..." Nem sabia o porquê de estar contando tudo aquilo para um desconhecido, mas ele estava cheio demais de tudo que acontecia na sua vida e se sentiu tão cheio ao ponto de desabafar com o garoto a sua frente.
"NÃO, NÃO, NÃO PODEM FAZER ISSO, não desliguem a porra do aparelho! Por favor, eu preciso vê-lo!" Frank começou a se desesperar, realmente pensando que aquele fosse o seu Gerard Way e que agora ele estava mais próximo do que nunca, ele não poderia deixa-lo escapar novamente.
"Eu mal lhe conheço e só os familiares tem permissão de entrar na UTI, não vai ter como..." Disse meio cabisbaixo, mesmo não confiando nenhum pouco nas palavras do menor, quase tendo certeza que era um garotinho louco perdido por aí.
"É esse o número do quarto que ele está? É? 613, não é? Se for, me deixe ir vê-lo, dê um jeito, aliás, eu posso continuar pagando para ele ficar mais tempo nesse hospital, pode ter certeza, ele irá acordar, confie em mim, por favor, Mikey." Frank implorou, tirando o papel amassado de um dos bolsos e deixando em mãos do outro rapaz.
"Mas aqui tem a assinatura do meu irmão, eu tenho certeza! Como você conseguiu isso? E, é o número do quarto dele... Meu Deus, você é algum tipo de anjo que irá salvá-lo?" Colocou uma das mãos à boca, surpreso e falando seguidamente.
"Não, não, eu sou um mero mortal idiota, mas... Por favor, arrume um jeito de eu conseguir ver seu irmão, por favorzinhooo." Iero implorou novamente, tocando o braço do rapaz que quase começara a chorar a sua frente, mas que permaneceu firme como uma rocha.
"Eu vou lhe dar um único voto de confiança... Mas, só uma chance... Eu posso fingir que você é um primo distante dele, e ugh, o que eu vou fazer... Estou ficando louco, mal te conheço, menino." Resmungou alto, pensou e pensou, finalmente aceitando a proposta, pois não tinha mais o que fazer.
No final daquela semana o aparelho seria desligado e se Gerard Way não acordasse a tempo, ele não conseguiria ver novamente o brilho dos olhos de Iero.
Continua...
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Insidious
Mystery / ThrillerSe você visse sua família morrer aos poucos, realmente escorregar por seus dedos e acabasse sendo torturado por uma dor sem fim, sem poder fazer nada para que mudasse o destino desta história e no final acabar sozinho mofando em uma casa fria e tota...