Um clarão enorme tomava conta da visão de Frank, que ainda deitado tentava descobrir onde que estava e também o porquê de estar ali. Piscou fortemente, para tentar voltar a enxergar novamente, parecendo ter ficado dias à fio com as pálpebras vedadas.
Tentou se desenroscar dos fios que se prendiam a ele, porém sem sucesso, seu corpo logo demostrara uma fraqueza tão grande que mal se punha de pé. Com a tentativa falha, voltou a se encolher nos lençóis, observando todos os detalhes do quarto que estava em seguida, pensando o porquê de tudo aquilo, porém nada lembrara.
Fitou as mãos, observando o quão pálido mescladas com um tom arroxeado estavam, seus dedos estavam gélidos como de um defunto, o que fez calafrios tomar conta do corpo do menor.
"Frank?" Ouviu-se uma voz ao fundo se pronunciar, ainda rouca e um tanto baixa, chamando a atenção do menor assim que o som se espalhou pelo quarto.
O pequeno observou com cautela, procurando alguém pelo local, um tanto assustado com o que poderia encontrar. Finalmente, depois de alguns segundos pensando que já estava ficando louco por ouvir vozes por aí, encontrou um corpo encostado à porta fitando-o atentamente.
Observando o menor ali, se encontrava um rapaz, alto de cabelos negros, com um cigarro em mãos, expelindo a fumaça do mesmo preguiçosamente. O menor arregalou os olhos diante à cena, relembrando que possuía asma e que aquele homem simplesmente havia enlouquecido por fazer aquilo, mas também, quem era? Por que estava ali?
"Finalmente acordou. " Disse caminhando em direção ao outro lentamente, parando assim que encostou no canto da cama. "Como se sente?" Perguntou com um tom aparentemente irônico, olhando fixamente para a feição do menor, como se esperasse um só escorregão para poder começar a agir.
"Quem é você?" O outro rebateu, sem se importar muito com a presença do outro ali, só estava em buscas de respostas.
"Não lembra mais de mim?" Aquilo pareceu ferir um pouco o maior, que procurou correr seus olhos para qualquer canto do quarto, assim que percebeu que os mesmos haviam se enchido d'água e estavam aponto de derramá-las, porém não queria demonstrar sua fraqueza naquele momento.
"Deveria? Você é alguém próximo?" Agora o pequeno estava curioso, sentando-se na cama com cuidado para observar de mais perto o outro, afim de tentar saber o que ele poderia estar fazendo ali.
O maior ainda clamava na ideia de deixar seu rosto virado para um canto do quarto, fitando um único ponto rabiscado na parede que mal chamava atenção, apenas com a finalidade de acalmar seus sentimentos que estavam o torturando.
Sentiu sua pele queimar assim que obrigatoriamente percebeu que a primeira lágrima já escorria por sua face, dando início a uma enxurrada de sentimentos colocando-se para fora.
"Eu era apenas um antigo amigo seu." O maior conseguiu dizer amargamente, apertando os dentes com força como se quisesse colocar toda sua decepção e raiva para fora.
Passeou o cigarro entre os dedos em seguida, levando até os lábios, dando uma forte tragada e expelindo a fumaça bem em direção ao outro rapaz.
"Você ficou louco? Eu tenho asma, seu delinquente, se fosse realmente meu amigo saberia!" Disse firme, tossindo um pouco como se quisesse se demonstrar atingido pelo ato anterior do outro. "Eu vou gritar, você não é meu amigo coisíssima nenhuma!" Agora ele possuía um tom ainda mais forte, ameaçando o outro imediatamente assim que se sentiu em perigo.
"Por favor, cala a boca." O rapaz respondeu duro, ainda com os olhos voltados para um ponto qualquer no quarto, antes que fosse isso do que os olhos amendoados do outro.
"VOCÊ NÃO MANDA EM MIM!" O menor agora praticamente gritava, tanto para chamar a atenção e para demonstrar também que estava disposto a fazer com que alguém que trabalhasse naquele hospital ficasse ciente do que estava acontecendo.
Se sentindo ameaçado e também bastante irritado, o maior não pensou duas vezes em se jogar em cima do outro com agressividade, e vedar a boca do pequeno para que não gritasse mais. Agora, os dois estavam desajeitados naquela cama pequena, com alguns lençóis enrolados por seus corpos e derrubando alguns travesseiros.
Frank tinha os braços presos pelo outro, que havia apagado o cigarro e jogado no chão antes de atacar o menor.
"Melhor assim?" O maior abusou de seu tom mais sarcástico possível, apertando um pouco mais os braços do outro para próximo de seu corpo.
Frank se encontrava desajeitado sentado sob o outro, com os olhos arregalados ainda assustado pela ação que havia acabado de acontecer. Ele não conseguia dizer nenhuma só palavra ou pelo menos fazer algum ruído, estava em um completo estado de choque.
O outro sentiu a pele queimar novamente e seu peito entrar em chamas assim que sentiu algo gélido e molhado tocar suas mãos e perceber que o pequeno só conseguira demonstrar seus sentimentos daquele momento pelas lágrimas que corriam por sua face e eram jogadas contra a pele das mãos do maior.
"Me desculpe." Agora o tom de voz do moreno possuía uma imensidão de pena e culpa, um sentimento difícil de ser engolido naquele momento, tendo certeza que havia saído completamente fora de si ao realizar o ato sem ao menos pensar em suas consequências por alguns segundos.
Soltou o outro imediatamente assim que terminou de pronunciar suas palavras, observando que o menor ainda continuava imóvel sob seu corpo, não movimentando um sequer musculo naquele momento.
"Eu me lembro de você, é claro que eu me lembro de você." Frank quebrou o silêncio após torturantes segundos, com palavras confiantes e certeiras, despejando um enorme balde de água fria em cima do outro que não entendia como aquilo era possível.
"E quem eu sou?" Ainda conseguiu falar, por estar completamente esperançoso e curioso com a resposta do outro.
"Você é apenas um humano, o que apareceu na minha vida do nada e mudou ela por completo, você é o Gerard, e não tente negar, que eu me lembro muito bem de como suas mãos são frias e sua pele é pálida, de como seus cabelos negros cortam seu rosto e como a beleza de seus olhos verdes tomam conta da visão dos meus. Eu posso ter ficado louco, eu posso ter batido com a cabeça ou eu esteja morrendo, mas eu nunca, nunca me esqueceria de como seus olhos me cativam e sua voz revigora minha alma. Se o seu plano era se esconder de mim e sumir pra sempre do nada, você falhou, pois te vi novamente, e não vou te deixar ir embora tão cedo." Finalizou suas palavras quase sem fôlego, se calando por completo em seguida, apenas esperando a reação do outro.
Gerard agora estava todo arrepiado e apavorado com tamanha força e precisão das palavras de Frank, não sabia nem o que pensar direito, só queria correr para longe, mas não conseguia, não conseguia correr, pois agora Frank estava em seus braços e não estaria desposto a largá-los mais se dependesse dele, por que querendo ou não, o maior que fora para cima do pequeno, e agora eles estavam juntos novamente.
Continua...
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Insidious
Mistério / SuspenseSe você visse sua família morrer aos poucos, realmente escorregar por seus dedos e acabasse sendo torturado por uma dor sem fim, sem poder fazer nada para que mudasse o destino desta história e no final acabar sozinho mofando em uma casa fria e tota...