Fear

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Frank...

Frank...

Dear, Frankie...

Now, fear in itself

Will use you up and break you down

Like you were never enough...

Agora, o próprio medo
Vai te usar e te destruir
Como se você jamais tivesse sido o bastante

O garoto começou a caminhar pela rua escura, com passos lentos observava a escuridão ao seu redor, ouvia barulhos arrepiantes e não ousava dizer uma só palavra. Tentou apressar o passo assim que sentiu uma respiração forte logo atrás de seu pescoço, como se alguém o acompanhasse.

Todo seu corpo arrepiou naquele segundo, respirou fundo e continuou seu trajeto. No final daquela rua, havia uma luz amarelada, piscando e piscando, pronta para queimar e apagar. Assim que o garoto pisou o pé no final da calçada, ouviu-se um estouro. A luz se fragmentou em pedacinhos.

O coração de Frank já queria contornar sua garganta com uma sensação ruim, medo.

Medo.

Essa era a palavra para definir aquele momento.

Parecia que ele estava sozinho, mas se enganou.

Sentiu algo tocar-lhes as costas, e depois algo frio tocou seus braços e o puxou para trás com tremenda força, como se quisesse o derrubar. Frank não ousou por nenhum segundo observar o que estava logo as suas costas ou dizer uma só palavra.

Permaneceu imóvel por alguns segundos e tentou continuar em frente, sem sucesso. Seus pés não se moviam, pareciam estar colados naquele asfalto, e ele já estava quase no meio da rua.

Olhou um pouco para o lado e viu que uma luz forte vinha em sua direção, tentou sair da rua, mas não conseguia, ele parecia preso ali. Tentou olhar de soslaio para trás, virando o pescoço timidamente e espiando o que tinha ali.

Quase desmaiou quando viu, ou pelo menos o que aconteceria ali iria fazer o garoto devolver tudo o que tinha comido no dia.

Era um rapaz o segurando, ou algo que havia sobrado dele. Alto e magro, com restos de fios castanho escuro de cabelo por sua cabeça pálida e arroxeada, sua face possuía grandes e profundas cicatrizes, algumas abertas com um sangue escuro escorrendo.

Seus olhos eram uma completa escuridão, ora pareciam abertos, ora fechados, mas sempre mantendo um ar arrepiante.

"Ainda se lembra de mim?" Pode se escutar baixinho, logo ao pé do ouvido do outro.

Um cheiro podre tomou suas narinas, o que fez o garoto sentir seu estômago se revirar novamente. Seus braços começaram a doer, pequenas pontadas nas laterais, e ele pode sentir algo escorrer pelos os mesmos.

Ousou novamente espiar o que estava acontecendo, e deu de cara com mãos em carne podre apertando seus braços com a maior força que podiam, unhas enormes enfincadas na carne do menor, rasgando a pele e deixando o sangue avermelhado que pulsava em suas veias, escorrer por seus braços.

"Nem morto eu te deixarei em paz, Fran..." A voz fraca soou novamente ao ouvido do menor, que sentiu todo seu corpo arrepiar ainda mais e calafrios de temor tomar conta de si.

Uma luz forte se aproximava cada vez mais e ouvia-se um apito de trem, estrondoso, enquanto gritos de desespero soavam ao redor, os pés de Iero agora estavam enfincados nos trilhos desgastados e não conseguiam se soltar mais.

Frank suava frio e carregava consigo um pressentimento ruim, e observava que logo a frente aparecia rapidamente o vulto de vagos do trem em altíssima velocidade, prontos para atingir o menor em cheio e deixá-lo em pedaços.

"Está pronto para ser carregado ao inferno? Fará companhia a mim agora, para todo sempre queimando naquele fogo infinito, ao meu lado." Gargalhadas estrondosas tomaram conta do espaço, deixando Frank cada vez mais desconfortável. Mas ele continuou sem dizer uma só palavra ou esboçar alguma reação.

Quando olhou para frente, viu Gerard, amarrado logo a sua frente, nos trilhos também, mas assim que piscou estava fora dos trilhos, mas seus pés grudaram na terra que estava envolta dos trilhos. Viu Gerard em desespero, tentando se soltar e sair daquele lugar, Frank tentava ajudar, mas nada conseguia fazer.

O menor gritava em desespero, seus olhos já derramavam grossas lágrimas que cortavam seu rosto, seu peito doía e o medo apertava-lhe a garganta. O trem aproximou-se e aproximou-se, cada vez mais rápido, Iero conseguiu ver quem o conduzia.

Em altas gargalhadas, com a cabeça para fora do vagão e com os olhos queimando em fogo, era a mesma criatura que o incomodara todo este momento, ainda mais arrepiante e macabra, gritava como um demônio e dizia palavras para atingir o menor.

Ele sabia quem era aquela criatura, quer dizer, quem antes era aquele ser, porque agora aquilo não era mais um humano, não poderia ser, era apenas uma carcaça humana podre caminhando por aí com algum demônio controlando.

"Johannes, pare!" Frank gritou, sua voz pode ser ouvida claramente e em bom som.

A criatura continuou com o que fazia, e o trem atingiu o corpo do outro logo aos trilhos. O trem passou numa velocidade absurda e esmagou em pedaços todas as partes do corpo de Way.

Frank agora conseguia mexer seus pés e o cansaço tomou conta do menor em seguida, o derrubando no chão de joelhos. Enquanto ele gritava e chorava com todas as forças de seus pulmões, o sangue de Way espirrado no corpo do menor escorria e os órgãos dilacerados permaneciam nos trilhos.

Gritos, gritos e mais gritos.

Desespero.

Choro.

Frank se revirava na cama e parecia estar assistindo a um filme de horror. Acordou num baque e abriu os olhos com tamanha velocidade, seu coração batia forte e suas mãos tremiam, o medo era constante.

"Ei, o que houve?" Gerard disse do outro lado da cama, indo em seguida acender a luz do quarto, observando como a face do menor demonstrava tamanho horror. "Frank, Frank, Frank." Chamou, ainda sem encostar no menor, apenas observando o que estava acontecendo ali.

Gerard tocou no menor, ia puxá-lo para um abraço reconfortante, mas o menor tomou um enorme susto assim que fitou a face do maior, caindo de costas da cama, indo de encontro com o chão.

Way preocupado, levantou-se rapidamente e foi ajudar Frank, que permanecia com os olhos arregalados e a expressão de tamanho pavor estampada em sua face. Way não sabia bem como agir, mal sabia o que estava acontecendo naquele momento.

"Ei, Frank... Me escute, independente do que você viu, eu estou aqui, acalme-se." Gerard disse sem se aproximar desta vez, com um tom baixo e calmo, para tentar passar um pouco de confiança para o outro.

Frank fechou os olhos, não moveu mais nenhuma parte de seu corpo, parecia que tinha desmaiado. Way ligou para uma ambulância e logo após isso, discou para um psiquiatra de confiança.

A ambulância chegou minutos depois, levando Frank ainda desacordado para o hospital e perguntaram o que havia acontecido, Way não soube explicar direito, mal ele sabia, mas tudo que os paramédicos indicavam era que poderia ter sido um surto ou um ataque de pânico. Mas nenhum deles saberiam o que Frank havia visto e sentido para estar assim.

'Cause fear in itself
Will reel you in and spit you out
Over and over again...

Porque o próprio medo
Vai te fisgar e te cuspir
De novo e de novo...

Continua...





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