White lips, pale face

74 7 0
                                    


Frank não estava entendendo mais nada que acontecia ali, e não conseguia aceitar a ideia que Gerard mal existia, que era criação apenas de sua mente covarde e fraca. Não poderia ser, ele jurava ter tocado, falado e visto Gerard Way a maioria da parte do tempo dos últimos meses.

Mas só tinha uma saída para toda essa confusão, Frank lembrou das marcas e chupões muito bem aparentes da noite anterior, que não sumiriam da noite para o dia.

Logo ele correu para o banheiro, sem ao menos dizer uma sequer palavra e explicar para o outro, estático, o que estava acontecendo com o pequeno. Mas ele não tinha tempo para explicar, ele apenas queria ter certeza se estava realmente ficando louco.

Abriu a porta do banheiro em disparada, levantando um pouco a camiseta e passando a observar sua pele contra o espelho. Mas assim que viu detalhe de sua pele clarinha, caiu em desespero.

Não havia marca nenhuma ali.

Sua pele de porcelana continuava intacta e infelizmente aquela poderia ser a única prova que Gerard Way existia. E foi então que a faixa caiu, que o menor se segurou rapidamente contra a pia para não dar de cara com o chão naquele momento. Ele estava em pedaços e seus cacos o cortavam por dentro, as lágrimas grossas pairaram rapidamente contra seu rosto, demonstrando o imenso desespero.

Vasculhou um dos bolsos em busca de um lenço para secar as lágrimas e não parecer fraco à frente do suposto ex-namorado que ele mal lembrava. Não encontrou o que precisava, mas estranhamente havia um papel ali, com uma caligrafia excelente estava ali preenchido três números naquele papel em tinta preta. 613

O que era aquilo? Algum tipo de combinação para tentar ligar para Gerard de lá sei onde ele estava, se existia?

Frank não entendeu nada e mal sabia como aquilo havia parado ali. Amassou e ignorou o pedaço da folha como se não tivesse valor algum, mas assim que estava prestes a jogar na privada e fingir que nem havia visto, encontrou uma pontinha de outros rabiscos no verso.

Abriu imediatamente, curioso, como se estivesse investigando cada pista de um sequestro. E sentiu um frio tomar a espinha assim que observou, bem desenhado, duas letras pontuadas nas costas daquele papel.

G. W.

Aquilo certamente não poderia ser apenas uma coincidência.

Voltou para o quarto, não encontrando mais o rapaz ali, caminhando em direção a cozinha mais parando assim que ouviu algumas vozes. Parecia que Jaymes estava ao telefone, e mesmo que Frank pensou que estava abusando da privacidade do outro, "ouvindo atrás da porta", continou ali, bem curioso e interessado ainda mais quando o outro disse seu nome contra o aparelho.

"Sim, é, eu peguei o Frank, é, ele 'tá comigo. Não, ele nem desconfiou que eu sou o Johannes, ele deve ter batido a cabeça naquele hospício de quinta e ficado louco, melhor assim, mais fácil para controlá-lo, ele acredita em tudo que eu disse, sim, é, então. Não, pode deixar, ele não desconfia e mal vai perceber seu dinheiro indo embora. Ei, eu disse, não disse? Fica de boa, cara. Depois que a gente estiver com a grana, eu mato ele e forjo um suicido, é, assim como eu fiz com a menina que queria roubá-lo de mim. Lembra? (risos) Jamia, aquela era uma pedra no meu caminho, mas puft, tirei ela (risos) e o melhor que depois a culpa caiu no Frank, sim, é, melhor mesmo, ninguém desconfia da gente." O rapaz falava alto no telefone e nem percebera que Iero estava ouvindo escondido contra a parede de entrada da cozinha.

"É, ele anda meio doido, falando de um tal de Gerard Way, aliás, procure mais sobre esse nome, esse ser pode ser uma ameaça para nosso plano, ok? Não se esqueça, e se achar alguma coisa sobre esse Gerard, me avise que eu tenho o prazer de tirar ele do meu caminho também." E foi então que Frank quase gritou após ouvir todas aquelas palavras e entender cada uma delas.

Tapou a boca com uma das mãos para não fazer um mínimo barulho, mas sentiu seu corpo arrepiar e suas pernas bambeares, obrigando a ignorar a conversa particular do outro e correr para o quarto, para que o rapaz também não desconfiasse que o outro ouvia tudo que dissera.

O menor sentiu sua visão embaçar assim que flashes tomaram sua mente e demonstraram quem realmente era aquele homem em sua casa, e ele não era nada bom para si.

Sua memória poderia estar meio bagunçada em relação algumas coisas, mas o real louco ali era Jaymes, ou melhor, Johannes.

E novamente lembrou de onde conhecia aquele rapaz e que várias coisas que ele havia contado para o menor não se passava de mentiras.

Johannes foi o primeiro namorado do menor que estava ainda na escola, quando acabara de descobrir melhor sobre seu gosto por meninos e não por meninas. E ele nunca havia superado o término daquele namoro de colegial.

Mas ele estava de volta, estava ali mais perto de Iero do que nunca.

E dessa vez não teria um Gerard Way para protege-lo.

O pequeno tratou de parar de chorar como uma criancinha perdida e amedrontada, o que na realidade era aquilo que ele se sentia naquele momento. Procurou algumas roupas na gaveta para sair um pouco daquela casa e tentar fugir para o mais longe possível daquele monstro. Mas o que mais deixava o menor com medo, era que ele realmente não sabia para onde iria, não tinha nenhum lugar para ir...

Guardou aquele papel com uma numeração e uma assinatura no bolso, pegando uns cartões que encontrara e uma boa quantia de dinheiro. Saiu pelos fundos tentando não ser visto, mas assim que cruzou a porta dos fundos, sentiu algo acertar sua face com força.

"Onde pensa que vai, amorzinho?" Era Johannes novamente, com um tom doce nojento, observando o pequeno que agora se encontrava no chão e sentia que seu nariz sangrava.

"Por que você fez isso?" Frank perguntou quase voltando a chorar de novo, percebendo que havia recebido um soco em cheio em sua face.

"Quem disse que você pode fugir de mim? Em? Eu vi pela merda do reflexo da janela que você estava ouvindo a minha conversa pelo telefone, seu curioso de merda. E sim, tudo o que ouviu é verdade, mas eu iriei te calar o mais rápido possível." Agora ele falava mais firme, como se estivesse um pouco mais nervoso. Se abaixou em seguida e olhou fundo nos olhos do menor, que evitava a cada segundo observar a face do rapaz. "Você vai ficar aqui, para sempre. Ok? Não vai vir ninguém para te salvar, isso não é um conto de fadas, seu idiota. E quem sabe, talvez a gente se divirta um pouco antes de eu te matar." Caçou alto, rindo como um belo psicopata assustando uma criança inocente.

Frank permaneceu estático no chão por breves segundos, com uma das mãos no nariz para tentar controlar o sangue que saía ali e a dor também.

Mas mesmo assim que observou que o outro estava distraído, se levantou e empurrou o rapaz que caiu de costas, fechou a porta em seguida, mas mal conseguiu trancá-la, ele só pensou em correr para o mais longe possível.


Continua...

InsidiousOnde histórias criam vida. Descubra agora