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Eu vou deixar as águas paradas me levando para algum lugar real.

Porque dizem que lar é onde seu coração está gravado na pedra.

Enquanto nós estivermos juntos, realmente importa pra onde vamos?


Frank acordou com um pouco de dor de cabeça logo pela manhã, a claridade da janela com as cortinas abertas trazia alguns raios de sol em sua face, o que fez o garoto resmungar baixinho e tentar voltar a dormir, porém nessa altura já não conseguia mais voltar nos sonhos de antes.

Quando percebeu que não tinha mais chance de permanecer deitado ali, teve de levantar, bufou baixinho reclamando das vontades de seu próprio corpo, sentiu o mesmo pesar um pouco e doer como se tivesse feito algum esforço na noite anterior.

Mas sua mente jogava sujo e ele não conseguia lembrar de nada, era uma escuridão enorme em relação as tentativas te puxar à sua memória o que acontecia nas noites anteriores, era sempre assim, pensava. Não conseguiu lembrar de nada que pudesse explicar alguma coisa, a não ser dos médicos invadindo seu quarto e aplicando forçadamente um medicamento em sua veia para "acalmá-lo" e o fazer dormir.

Assim que adentrou o banheiro do quarto e observou sua imagem refletida contra o espelho, logo observou que sua pele estava avermelhada e com alguns hematomas. Logo xingou baixo todos aqueles que trabalhavam naquele local, pensando que haviam se aproveitado dele enquanto estava sedado.

Algumas lágrimas cortaram seu rosto e deixou seu nariz avermelhado, ele queria estourar aquele espelho e destruir sua imagem logo a frente, odiava aquele lugar e só pensava em terminar com aquilo tudo, não aguentava mais nenhum segundo em toda aquela escuridão.

Mas antes que pudesse fazer alguma coisa para se machucar ainda mais, alguns fleches tomaram sua mente. Ele se via com um rapaz, sorridente e muito bonito por sinal, parecia uma lembrança de um sonho recente, mas bem maquiada a deixando como se fosse um momento realmente vivido, sua mente sabia muito bem como jogar.

Parecia imagens de um passado distante, mas Frank sabia que não deveria confiar em sua mente, ela sempre jogava sujo. Porém, continuou um pouco mais ali, encostado naquela pia gelada observando o espelho como se estivesse assistindo à um filme naquele reflexo.

Acordou daquele transe com o barulho repentino na porta e algumas vozes soando pelo quarto. Logo se sentiu em choque, com medo, suas mãos tremiam e seus olhos só conseguiam fitar o chão. Ele temia algo que sua própria mente criava.

"Frank" Ouviu-se alguém chamando já em seu quarto, o que fez o garoto perceber que tudo aquilo era com ele, não lembrava de quem era aquela voz, um tom aparentemente de algum senhor mais velho, o que logo qualificou que era um daqueles loucos médicos da noite anterior. Mas ele não sentia vontade alguma de sair de dentro daquele banheiro e tomar de frente os medos que sua mente criava.

Depois de não reagir a nada, batidas na porta do banheiro pôde ser ouvidas, como se alguém estivesse realmente impaciente ou até preocupado com o sumiço repentino do garoto, que esse por sua vez, parecia nem um pouco interessado em abrir a porta e ver quem estava do outro lado.

"Ei, pequeno, está tudo bem. Só preciso que abra a porta para conversar comigo." Agora aquela voz era diferente, um tom doce e calmo que encantava cada vez mais o pequeno com cada sílaba dita por aquela boca. Frank conhecia muito bem a quem pertencia. O que fez seu coração pulsar mais forte e ficar mais confiante.

A porta imediatamente fora aberta, e um enorme sorriso brotou no rosto da pessoa que estava do outro lado da porta, pois ela vira que o menor estava ali ainda, o maior medo era perde-lo, e como a vida adorava assustá-lo, levando o outro para longe, como sempre vinha acontecendo.

"Eu senti sua falta." Frank imediatamente se aproximou do maior, jogando seu corpo contra o do outro, entrelaçando seus braços num abraço preciso.

"Eu também senti sua falta." O outro disse baixinho no ouvido do menor, abraçando-o mais forte como se não havia o visto a anos, tentando mostrar ao outro que estava ali, que não precisava mais ter medo de nada.


Então quando eu estiver pronto para ser corajoso,

E minhas feridas curarem com o tempo

Conforto irá descansar em meus ombros

E vou enterrar meu futuro para trás


Depois de alguns minutos que ambos continuavam naquele abraço inundado de saudades, o maior se soltou com cuidado, como se quisesse continuar ali para sempre, inalando o cheiro suave dos cabelos do pequeno e sentindo sua pele macia roçar a sua.

Agora Gerard olhava grande, seus olhos brilhavam mais do que tudo, com um sorriso enorme iluminando todo aquele lugar, enquanto pegava umas malas que estavam em cima da cama.

Havia um médico no quarto, fazendo algumas anotações, retirando um papel em seguida e entregando para Way. O senhor mais velho olhava estranho para ambos, parecia que eles estavam fazendo algo de errado pelo jeito do olhar. Mas aquilo não importava mais.

Way deu uma camiseta nas mãos do menor, que a vestiu imediatamente, parecia que queria embora daquele lugar o mais rápido possível.

"Vamos?" Gerard perguntou, esticando uma das mãos em direção ao menor, que olhou envergonhado e um tanto confuso diante a cena.

"Para onde vamos?" O menor perguntou, mostrando que estava confuso, mas não inseguro, ele confiava em Way mais do que em qualquer outra pessoa no mundo.


Eu sempre vou guardar você comigo

Você sempre estará em minha mente

Mas há um brilho nas sombras

Eu nunca saberei se não tentar


"Vamos para casa". O outro respondeu, sentindo em seguida a mão do menor se encontrar com a sua, entrelaçaram os dedos e seguiram em frente.


Enquanto nós estivermos juntos, realmente importa pra onde vamos?


Gerard dirigia para a casa, finalmente com Frank ao seu lado. O menor observava a paisagem pela janela e como a cidade havia ficado branca por causa da neve, observava tudo ao seu redor quase sem piscar, não queria perder nenhum segundo de todas aquelas demonstrações de vida ao seu redor.

Antes, ele apenas conseguia ouvir o som dos pássaros contra a sua janela, apenas conseguia observar a claridade dos raios de Sol.

Antes, antes, antes...

Ele só sobrevivia à míngua de escolhas erradas de seu passado.

"Gee... Pode ligar o rádio?" O menor perguntou sem jeito, com a voz fraca e baixinha, pensando que de alguma forma poderia incomodar o maior com suas palavras e pedidos.

"Claro." Foi só o que o outro conseguiu dizer, pois o restante de suas palavras estavam emboladas no meio do enorme sorriso que formava em seu rosto, ele apertou o botão que ligava o aparelho e não conseguia mais parar de pensar como aquele apelido que Iero havia dito ficava tão bonito em seu tom de voz.


Eu sempre vou guardar você comigo

Você sempre estará em minha mente

Mas há um brilho nas sombras

Eu nunca saberei se não tentar...

Enquanto nós estivermos juntos, realmente importa pra onde vamos?

Porque dizem que lar é onde seu coração está gravado na pedra.


Continua...


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