Gerard dormia encolhido em um dos sofás do hospital, bem ao lado da cama onde Frank se encontrava, ainda desacordado e dopado. Fora uma noite assustadora para ambos, deixando Way sem saber como agir diante daquele lado de Frank, que ele ainda não conhecia.
Mikey chegou logo pela manhã e acordou o irmão, que também mal tinha conseguido dormir, em uma posição que deixou seu corpo ainda mais desconfortável e sua cabeça perdida em pensamentos confusos.
"Gee, aqui um copo de café para você, mas se quiser descansar e ir até sua casa, pode deixar que eu fico aqui até você voltar, você não deve ter dormido nada bem." Mikey sentou na ponta do sofá, observando Gerard se movimentando lentamente e indo em direção ao copo de café.
"Não, eu estou bem, obrigado. Preciso estar aqui quando Frank acordar." Assim que terminou suas palavras, tratou de tomar o café rapidamente, precisava daquilo mais que nunca, para acalmar seu corpo e o mantê-lo um tempo a mais de pé.
"Tudo bem, não vou insistir já que sei como você é, mas qualquer coisa pode me ligar quando precisar, ok? Pode ligar, viu?" Mikey esboçou um sorrisinho tentando passar um pouco mais de confiança e amizade para o irmão, em seguida ganhando um tapinha no ombro dado por Gerard, que abriu um meio sorriso, ainda bem sonolento e preocupado.
"Obrigado, irmãozinho." Completou, bagunçando o cabelo do irmão mais novo e o fazendo soltar palavras que indicavam sua leve irritação após o ato.
Mikey saiu e deixou Way sozinho novamente ao lado de Frank. Gerard agora estava de pé, arrumando seu cabelo com a ponta dos dedos e tomando seu café, agora mais calmo, tomando lentamente e passeando com seus olhos em direção ao menor ali deitado na cama.
"Por que você não volta para mim? Eu preciso tanto de você aqui, do meu lado." Gerard disse, baixinho, como um sussurro proibido, mas no fundo, era um pedido intenso, que ele queria que se realizasse o mais rápido possível.
Caminhou uma de suas mãos até a do menor, acariciando a pele e deixando algumas lágrimas caírem de sua face, fechava os olhos e piscava forte, tentando se manter forte, forte o bastante para trazer Frank de volta.
I'll wait here for you for I'm broken
Have become all I lost and all I hoped for
"Ei seu bobo, pare de chorar igual uma mocinha." Ouviu-se uma voz baixinha, com um tom extremo de gozação pra cima do maior.
"É, fazer o que se você me dá cada susto." Way sorriu, passando a mão pela face e deixando a outra pousar em sua cintura.
"Não posso fazer nada se você vive grudado no meu pé." Frank balançou os ombros e movimentou as sobrancelhas, fingindo estar se sentindo o melhor dos melhores rapazes existentes para Gerard.
"Com essa carinha aí de metido eu serei obrigado a fazer você pagar por cada lágriminha que eu derramei, ok mocinho?" Gerard agora tinha as duas mãos na cintura e soava com uma voz infantil. "Você será castigado com... um monte de cócegas." Gritou, indo em direção do menor e movimentando suas mãos nele.
"Ei, ei, pare." Disse Iero gargalhando, mal conseguindo falar direito, já com seu rosto avermelhado, tanto pela vergonha daquele momento e tanto pela tamanha movimentação repentina.
De repente a porta do quarto se abriu, Gerard mal teve tempo para parar de 'encher' o saco de Frank, sendo pego bem no flagra.
"Eu estou vendo que vocês estão se divertindo, mas eu preciso aplicar uma nova medicação no Sr. Frank." A enfermeira entrou no quarto segurando o riso, e pronta para furar Frank novamente e entupi-lo de medicamentos fortes.
"Ah não, essa moça novamente não." Frank cruzou os braços e fechou a face, formando um enorme bico com seus lábios, nessa altura do campeonato Way já se matava de tanto rir ao lado da cama ao ver a reação de Iero diante uma agulha.
"Pode deixar que eu seguro a sua mão." Disse Gerard ainda em tom de brincadeira, esticando sua mão esperando que Iero a segurasse.
Frank fechou os olhos e apertou firme a mão de Gerard, que fingiu uma dor repentina na mão pela força que Iero estava fazendo.
"O médico viu seus exames, Sr. Iero, poderá voltar para casa logo amanhã de manhã, mas precisará voltar a ser consultado por seu antigo psiquiatra, tudo bem? Qualquer coisa pode me chamar, até breve." A enfermeira logo deixou o quarto, ainda querendo gargalhar diante aqueles dois.
"Psss..."Gerard fez um barulho para chamar a atenção de Frank, que não havia entendido porque o outro não queria falar normalmente.
"O que foi?" Iero virou os olhos irritado, observava atentamente a TV antes, assistindo a um jogo de seu time favorito.
"Vem comigo." Esticou uma das mãos e puxou Iero para fora daquela cama.
Iero continuava com aquela roupa esquisita de hospital e Gerard não perderia a chance de brincar mais um pouco com o menor. Agora ambos estavam percorrendo o hospital, Iero mal fazia ideia de onde Way estava o levando. Os dois tentavam ao máximo não serem notados pelos pacientes e nem pelos médicos que estavam ali.
"Pra onde você está me levando??" Frank já estava cansado daquela correria sem fim e só quietou quando se viu no último andar do hospital. "O que?" Ele disse confuso, até um pouco amedrontado, poderia não ser o mesmo hospital de antes, mas aquele lugar o trazia péssimas lembranças. "Gerard, por favor, vamos voltar, você já está me assustando." Fechou os olhos por alguns segundos e se fixou no chão, sendo puxado por Gerard em seguida, mas lutou para ficar parado.
"Ei, eu sei, eu sei, mas por favor, acredite em mim. Eu prometo que vai ser algo bom, okay?" Way se aproximou de Iero e tocou-lhe a face, depositando um beijo doce em sua testa em seguida. "Vamos logo ou não chegaremos a tempo." Way continuou a caminhar, agora Frank voltou a seguir Gerard mesmo querendo voltar para trás, de olhos fechados e uma das mãos enroscada na do maior, apertando firme demonstrando sua tremenda insegurança.
Frank mesmo querendo voltar, caminhou vagamente, tropeçando em seus próprios pés, de olhos fechados sendo guiado pelo medo. Way o fez sentar em um banco, bem de frente com a tremenda altitude que o hospital possuía.
"Abra os olhos, Frank, ou perderá o espetáculo." Gerard disse calmamente, sentado logo ao lado de Iero, que agora segurava a mão do maior e a apertava forte.
O menor respirou fundo e abriu os olhos lentamente, inseguro e medroso, mas conseguiu permanecer com os mesmos abertos logo em seguida.
"Como é bonito." Frank sorriu, observava todo aquele horizonte pintado com cores vibrantes de verão, um círculo amarelado forte puxado para o alaranjado cobria o meio do espaço e era rodeado por tonalidades rosadas e roxas, pintadas num fundo azul clarinho como um lago límpido.
Frank brilhava os olhos diante a imensidão e sua beleza, e aos poucos o medo e os traumas o deixavam, a sua alma se purificava com o que seus olhos observavam, seu coração batia mais lentamente e aproveitava cada segundo, seus dedos não tremiam mais e suas mãos pararam de suar. Frank agora se sentia livre como um pássaro liberto pela primeira vez da gaiola, que ainda não sabia muito como voar, apenas sabia que deveria.
E algum dia, ele conseguiria voar para longe e conhecer o que de mais belo o mundo tem para oferecer.
Fim
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Insidious
Mystery / ThrillerSe você visse sua família morrer aos poucos, realmente escorregar por seus dedos e acabasse sendo torturado por uma dor sem fim, sem poder fazer nada para que mudasse o destino desta história e no final acabar sozinho mofando em uma casa fria e tota...