Capítulo 1

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Ao contrário de todos meus amigos eu estudava a noite, devido aos meus curso durante a manhã. Acordar no dia seguinte e fingir que não estava com uma ressaca gigante foi uma atuação digna de um prêmio, e como era rotina já , limpei a casa– não que meu pai e eu fossemos bagunceiros, mas as vezes uma baguncinha sempre ficava. Antes de ir para o curso eu passava na cafeteria da esquina e comprava um macchiato de caramelo ,eu sempre morei com meu pai e com sempre quero dizer desde o divórcio. Clara, minha irmã gêmea que não e tão gêmea assim optou por viver nas comodidades de uma família rica, já que minha mãe havia se casado novamente com um belo executivo. O que eu não aceitei tão fácil assim, afinal ela dizia amar meu pai , não era justo. Sempre tive um desacerto com ela, não era como se eu não gostasse dela. Porém meu pai era amoroso e sabia me entender.
      O curso não demorava tanto para acabar, era sempre divertido e a hora parecia voar. Faltava dois meses para eu me formar e cada vez mais a pressão de escolher uma faculdade ,arrumar um emprego, casa próxima a faculdade aumentavam. Afinal dormitórios do campus eram uma bagunça que só. Enquanto caminhava pelas ruas observei uma placa impressa de "Contrata-se" tratava-se de uma loja de rock, a mais famosa da cidade . O sino tocou anunciando a minha entrada, tirei um currículo da minha pasta e caminhei até o balcão, olhando para os discos das maiores bandas de rock. Sex Pistols, Iron Maiden, Kiss entre vários outros. A música tocava baixo apenas para tornar o ambiente agradável, reconheci a música do Slipknot. Snuff era a música que eu mais gostava deles, cantarolei baixinho enquanto olhava os cds, deslizei meus dedos por todos enquanto reconhecia grandes álbuns como Sgt. Pepper's Lonely Heart Club Band, dos Beatles. Dark Side of the Moon, do Pink Floid assim como vários outros.
      —Posso ajudar?
      Pega de surpresa dei um pulo para trás, enquanto uma gargalhada contransgida soava acima do som baixo do ambiente, mas sumiu assim que olhei para o sujeito parado na minha frente. Um sorriso surgiu em seu rosto,com um lado se erguendo mais que o outro enquanto dentes perfeitamente alinhados e brancos ficavam a mostra. Meu coração palpitou alto e forte e eu gelei,  não sabia ao certo se era de medo ou de vergonha.
        — Eu vi o anúncio de vaga e resolvi deixar um currículo.- falei tímida demais, meu rosto começou a esquentar . Podia ter certeza de que estava vermelha feito um pimentão .
        — O que foi? O roubo de cuecas não tem dado muito lucro? – debochou sorrindo ainda mais .    
        — Ei!!- protestei e sua gargalhada soou rouca e gostosa, como conhaque batido. —Aquilo foi um jogo idiota e eu estava bêbada demais para me negar a fazer algo.
        —  Você fica bêbada com frequência? – uma onda de malícia rodeou o ar entre nós, minha pele parecia queimar ainda mais. Adam se remexer incomodado. —Deixa eu ver.
       Entreguei meu currículo para ele, seus olhos passaram pelo papel em sua mão e às vezes ele murmurava um 'Hum'.
        — E ai? – perguntei impaciente já que seu olhar vacilaram entre o papel entre seus dedos e meu rosto .
        — Vou entregar para o Pablo e ele te liga pra uma entrevista, quem sabe se você me devolver a cueca eu até te dou uma força. – ele deu de ombros e foi para trás do balcão.
        — Como assim?
        — Sou primo do dono.
        — Ah. - falei e me virei. - Obrigada.
      Deixei a loja e senti meu corpo esquentar ainda mais, talvez fosse um mal súbito? Ou apenas a minha dignidade indo embora. Assim que  cheguei em casa, subi pro meu quarto e aproveitei para dormir um pouco antes de ter que ir para a escola dentro de poucas horas. Não houve sonho, não houve pesadelo algum apenas um susto quando o despertador tocou, tomei um banho rápido e vesti o uniforme, que era apenas um camisa branca com o emblema do colégio. Peguei meu moletom e minha bolsa sai de casa, a escola era perto , quase nunca chegava atrasada. Segui para a minha sala me sentando na carteira do fundo, fiquei ouvido música até o professor entrar na sala. Eu não tinha tantos amigos no turno da noite, apenas alguns conhecidos que eu evitava quase sempre, Luane era a única amiga que havia feito na infância e que ainda mantinha por perto, quase sempre ela estava em casa. Era como uma irmã .
      As aulas passavam rápido, era um bônus por estudar a noite. Os professores não eram tão chatos, não havia tantas tarefas, mas as lições e as aulas erão sempre as melhores. Sempre havia algum desafio, sempre que estávamos entretidos surgiam perguntas de modo dinâmico e um debate em sala de aula. Eu não era nerd , mas adorava cada aula exceto a de educação física. Senti o cansaço pesar em meu corpo quando acabou as aulas, eu estava exausta. A soneca da tarde parecia não ter feito nenhum resultado.
       —Ei!
       Adam corria em minha direção, seu corpo estava coberto com um jeans surrado e um moletom preto com capuz, parecia um marginal qualquer a primeira vista. Minha vontade era de continuar andando e fingir que não o conhecia.
       — Ah ... Oi, Adam.
       — Vou acompanhar você, se importa?
       Sim!
       — Não.
       Então se pôs a caminhar ao meu lado, eu tentava não reparar em seu seu rosto, tentava não nortar nada mais em seu corpo, mas falhei . E enquanto ele acendia um cigarro e dava um trago naquela coisa extremamente nojenta e fedorenta, eu contava as várias cores em suas íris, e quando notou que eu estava quase que babando ele sorriu e soltou toda a fumaça.
        —  Você conseguiu uma entrevista, apareça amanhã cedo na loja e meu primo vai falar com você.
        — Cedo?
        — Sim, é o único momento em que ele esta na loja.
        — Okay, obrigada. – sorri e seus olhos fixaram nos meus, seus dedos seguraram uma mecha de cabelos e a prenderam atrás da orelha. Então me afastei e enfiei as mãos nos bolsos enquanto aguardava o carro passar para atravessar a rua.
        — E ai?
        — E ai o que?
        —Nada ué você não fala, não tem assunto.- ele sorriu.
      Por um instante comecei a notar que não havia o que temer naquele rapaz. Sua aparência agressiva era até bonita, agradável quando se olhava os pontos positivos, eram difíceis de se contar. Mas seu jeito todo marrenta, sua onda de proibido fora da lei era um atrativo maravilhoso.
        — É que eu estou meio cansada. - bocejei. —O dia hoje foi meio puxado.
        — Entendi.
        — Os boatos que correm por ai sobre você são verdadeiros? - perguntei curiosa.
        — E quais são os boatos? Não sou muito sociável então, quase nunca sei o que dizem ao meu respeito. –jogou a bita do cigarro pra longe.
        — Ah... dizem que você anda armado, que é encrenqueiro, dizem até que matou um cara.
        Ele sorriu e ajeitou seu capuz, que o tornava tão misterioso.
        — Bom, eu matei um cara mesmo. – falou rindo.
        — Sério? - perguntei assustada.
        — Não! Minha fama se deve ao fato de viver me metendo em encrenca. E geralmente é sempre com quem não deveria.
        — Ah... Entendi. – parei no portão da frente de casa e dei um sorriso simpático.— Bom, obrigada pela companhia.
        Novamente um clima pairou  sobre nós e meu nervosismo estampou meu rosto, puxando o capuz pude ver melhor seu rosto.  Seus cabelos pretos estavam desgrenhados e por um instante, tive que controlar meu impulso de mexer neles. E quando não houve palavras ele sorriu enquanto puxava minha mão e depositava um beijo sobre o dorso dela.
        — Te vejo amanhã.– se afastou de mim e caminhou calmamente pela calçada, observei ele de longe e tive certeza de que meu coração iria sair pela boca.
        Não se meta com ele, eu dizia para mim mesma, ele cheira a encrenca. Entrei em casa sorrindo, não consiga controlar o nervosismo em meu estômago, era como estar no mundo das nuvens.
         — Boa noite. – meu pai disse enquanto entrava em casa.
         Apliquei um beijo em seu rosto enquanto largava minha bolsa no chão, então fui até a cozinha preparar algo para comer. Esquentei a comida e me sentei na sala para jantar. Sim! Jantar na frente da tv era um hábito horrível, mas morar com o pai resulta em maus hábitos.
        — Como foi na escola?
        — Bem, amanhã eu tenho uma entrevista de emprego.
        — Que maravilha! - ele sorriu.
        — Tenho que ir la antes do curso.
        —Então, amanhã antes de você ir para escola ou depois que você chegar eu tenho uma surpresa pra você. Fazia meses que eu estava esperando o momento chegar.
        — Tudo bem. - sorri e me levantei,   dei um beijo leve em sua bochecha e segui para meu quarto. Meu pai era um amor, apesar de grisalho tinha corpo atlético e um bom gosto para roupas.  —Boa noite meu amor!
        —Durma bem, meu anjo.
        Após um longo banho e vestir minha camisola que não passava de uma camisa enorme , deixei minha mente vagar para bem longe, meus olhos estavam fixos na lua que banhava meu quarto com seu brilho prateado. Perdi a conta dos incontáveis minutos que fiquei ali pensando em minha irmã. Olhei para cicatriz em minha mão e sorri.
        — Boa noite, Clara. - murmurei.
Fechei os olhos e deixei meu cansaço me carregar.

Verdade ou Consequência? (TERMINADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora