Capítulo 3

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Já fazia exatamente algumas semanas que estava tudo combinado para irmos ao parque, apesar de cansada eu podia sentir a animação, agora tudo naquele lugar, as barracas de jogos, as de comida e principalmente as de doces e por esse motivo não demorei muito no banho, não mais do que o costume.
Sai do banho e coloquei um shorts jeans e uma camisa regata verde. Prendi meus cabelos em um coque e calcei meu vans. Uma última avaliada na minha aparência e resolvi descer assim que ouvi a campainha tocar, peguei meu celular e algum dinheiro e guardei no bolso e desci cada degrau da escada saltitante.
Luane estava na sala acompanhada do meu pai quando entrei, me surpreendi ao ver a roupa que ela usava, estava linda demais. Não que ela fosse feia, muito pelo contrário. Seus cabelos negros desciam pelas costas até a cintura estreita, seus olhos eram castanhos escuros e lhe conferiam uma aparência mais jovem ainda, mas seus lábios cheios chamavam ainda mais a atenção.
- Uii!- zombei sorrindo e sai trancando a porta. - Pai, vou indo , mas logo estou de volta. Amo você.
- Divirtam-se!
- Soube que o Kurt vai estar lá.- disse assim que fechei a porta atrás de mim, Kurt era um garoto fofo pelo qual ela tinha uma certa 'quedinha'.
Seguimos pela rua sorrindo e conversando, o som do parque e dos brinquedos aos poucos preencheram o ar e a animação parecia aumentar ainda mais . Mesmo na multidão de corpos que atravessavam a nossa frente, meu olhar buscou por ele como se soubesse da sua presença, Adam sentado em um grupo de outros garotos como eles, e sorria enquanto um outro cara socava seu ombro até seu olhar chegar em mim, então seu sorriso aumentou ainda mais. Ele acenou pra mim e eu apenas cumprimentei com um movimento de cabeça. Eloah e Kurt estavam na bilheteria esperando por nós, Eles eram gêmeos, os dois eram ruivos, porém Kurt tinha o cabelo um pouco mais escuros. Os olhos dos dois eram verdes, e tinham sardinas no rosto. Mas nenhum dos dois realmente se pareciam.
- Oi.- sorri para os dois e vi o sorriso dele aumentar ao ver Luane.
- Oi, Kurt.- ao meu lado Luane parecia ganhar um pouco de rubor nas bochechas.
- Vem Eloah, vamos ficar de vela.- puxei a mão dela e saimos em direção a multidão de corpos que estavam ali esperando a sua vez nos brinquedos.-Vamos na montanha russa, já faz um dias que estou louca para andar nela.
- Eu tenho medo, vai você eu te espero aqui.- bufei, revirando os olhos.
- Eu vou com você.- vi o rosto da Eloah ficar pálida com uma expressão de espanto.
- Achei que não se misturaria com meus amigos.- virei falando.
- Mas somos colegas de trabalho.
Respirei fundo, ele estava extremamente lindo com uma camisa social branca deixando alguns botões abertos expondo parte de suas tatuagens e uma calça jeans escuras, não parecia aquele ' marginal' que eu havia visto outro dia. Seus cabelos estavam arrepiados para cima e seu olhar parecia ainda mais misterioso enquanto tragava o cigarro mentolado entre seus dedos. Eu não queria, mas estava babando por ele.
- Vamos ou não?
-Oi, Lisse.- olhei para Jason e seu amigo que havia se colocado entre mim e ele de repente.
- Oi.- falei com um sorriso enorme sentindo as borboletas em meu estômago ganhar vida.
- Vou indo para a fila.- Adam disse irritado. Ele passou esbarrando no Jason que deu risada.
- Procurando um par?- piscou pra mim.
- Eu estava.
-Se quiser...
- Adam vai comigo. Obrigada.- sorri e sai andando pra fila ao lado do Adam. Que diabos estava acontecendo comigo? Eu queria o Jason e estava na cara que ele também, mas eu não consegui me controlar.
Ele me olhou com um sorriso perfeito apesar de fumar. Coloquei a mão nos bolsos procurando o dinheiro.
- Deixa eu pago.- ele pediu dois ingressos.
- Depois eu te dou o dinheiro.
- Não precisa.- assenti. Enquanto a fila não andava Adam fazia algumas piadas bobas em meu ouvido e caiamos na gargalhada, eu simplesmente adorava cada baixaria que ele dizia. Não me importava o fato de estar em contato com ele, sua companhia era boa. E quando chegou a nossa vez nos sentamos na frente. Prendi os cintos e abaixei o colete. Tirei meu celular do bolso do shorts e procurei algum bolso.
- Eu guardo.- ele pegou meu celular e enfiou no bolso da calça.
- Vamos logo!- gritei animada.
- Hei how! Demoro...Hey how! Demoro!- o coro começou a cantar e logo o carrinho começou a subir. Em um movimento involuntário segurei a mão do Adam e pude sentir seus olhos em mim.
- Por que não quis vir com o Jason?
- Porque eu quis vir com você.- respondi indiferente.
Levantei as mãos quando o carrinho chegou no topo. E quando ele desceu eu gritei, meus cabelos se soltaram e se agitavam para todos os lados. Olhei para o lado e vi o rosto do Adam alegre, havia uma e bem distinta covinha, sua gargalhada soava alta e preenchia todo o ar a minha volta e meu peito pareceu queimar , por fugazes instantes eu saí de mim e apenas admirei o rapaz ao meu lado.
O carrinho parou depois de alguns minutos e com um pouco de dificuldade eu me levantei ainda rindo. Me apoianso em seu ombro enquanto os espasmos do riso desapareciam. Eu gostava de estar com ele, sua presença apesar de assustadora era confortável.
- Quer ir em algum outro brinquedo?- perguntou.
- Eu...
- Clarinha, vamos agora eu sou responsável pela sua diversão.- Jason me puxou pelo braço e me guiou para longe de todos.
Me virei para Adam e sorri, eu realmente queria estar com ele
- Me espera no tiro ao alvo!- gritei.
Ele assentiu e enfiou as mãos no bolsos e sorriu enquanto observava a cena, seu olhar não saia de mim . Jason me arrastou pela multidão, de volta para seu grupo de amigos.
- Não sei por que você se da com aquele sujeito!- falou irritado.
- Ele é legal.- realmente ele era, toda aquela marra e aquele jeito sarcástico e irônico era incrível.
- Eu gosto dele.- sorri e puxei meu braço. Agarrei a mão da Eloah e juntas saimos andando pelo parque. Jason era bonito e tudo mais, mas a idiotice dele me tirava do sério, ele agia como um idiota sempre que estava no meio de outras pessoas, era como se seu cérebro travasse e deixasse de funcionar. Passei por Luane e Kirt jogando um beijo para os dois, minha amiga estava toda feliz enquanto Kurt tentava ganhar um urso para ela em um jogo de tiro ao alvo. Caminhei com calma até a máquina de algodão doce.
- Você não tem medo dele?- perguntou baixinho, como se ele pudesse aparecer ali a qualquer minuto.
- Dele quem?- concentrei minha energia na máquina, enquanto girava a manivela para preparar meu algodão.
- Adam.- disse o nome dele como se fosse invocá-lo ali.
- Não.- coloquei um pedaço do algodão na boca. Coloquei a mão no bolso e dei falta de algo.- Meu celular!
- Deixou cair?
- Não sei...Eu...- Adam?- Ficou com Adam, segura para mim que eu vou lá buscar.
Procurei por ele no parque e não o encontrei então, fui até os banheiros masculinos, até a praça de alimentação e só então comecei a procurar do lado de fora no parque até encontrar um rosto conhecido.
- Bonitinha!
- Sebastian você viu o Adam?
- Deve estar caçando algo por aí.
- Ele ficou com o meu celular e...
- Seu bunda mole!- um sujeito negro surgiu empurrando todos da sua frente e com os punhos cerrados, avançou sob o Sebastian.
Os dois caíram no chão golpeando como podiam. Sebastian se virou e começou a socar o rosto do rapaz, um outro cara entrou no meio da briga então eu me joguei contra seu corpo usando toda o meu peso, ele cambaleou e me empurrou e se juntou ao outro, socando e chutando, em uma reação não pensada: eu pulei nas costas dele. Ele caiu no chão comigo, e tentou voltar para ajudar o seu amigo,mas eu segurei sua perna. Ele tentava me empurrar e me soltar e um pouco mais a frente eu podia ver a segurança vindo em nossa direção. Vi estrela explodirem atrás dos meus olhos quando o punho do rapaz acertou minha costela, um grito saiu de mim quando sua mão acertou em cheio o meu rosto e as estrelas que vi atrás dos olhos ficaram mais fortes.
- Então você gosta de bater em mulheres!
Olhei para Adam que agarrou o pescoço do tal rapaz e começou a esmurrá-lo e em golpe certeiro, o nariz do sujeito explodiu em sangue. O rapaz negro saiu correndo quando ouviu a sirene da policia. Adam largou o rapaz caído no chão e me levantou, olhei assustada para ele seu rosto estava completamente diferente, os olhos brilhavam em fúria e o maxilar estava apertado. Ele havia desmaiado o rapaz e ainda tava furioso e isso era tão evidente! Me levantei com a mão na costela e andei toda torta até o banco da pracinha que havia ali.
- Não faça mais isso!- revirei os olhos e resmunguei.
- Seria uma briga injusta.- retruquei. - Está não é uma boa hora para me dar sermões.
- Sebastian é bom de briga, sabe se virar.
Fechei os olhos e tentei engolir as lágrimas, coloquei a mão sobre meu rosto e pude sentir o gosto de sangue. Adam se aproximou de mim e com o dedo indicador afastou o cabelo de meu rosto. Seus olhos estavam a altura dos meus e eu pude ver a preocupação estampada em seu rosto, sua mão fria acariciou levemente meu rosto, então quando endireitei a coluna senti a dor latejar novamente.
- Não devia ter se metido na briga.
- Aí não teria graça.- zombei.
- Aquele sujeito podia ter te machucado ainda mais. - sua mão de afastou do meu rosto e novamente cerrou os punhos . - Uma compressa com gelo vai amenizar a dor. Vem, vou te levar para a casa.
- Obrigada pelo óbvio doutor!- falei bem sarcástica. - Eu não vou...
- Adam, eu te avisei.
Olhei para o homem de terno que apareceu ali. Senti um arrepio correr pelo meu corpo, Adam se levantou em um pulo e se colocou a minha frente, segurando a minha mão .O sujeito me olhou e sorriu, um sorriso sombrio que me deu medo.
- Aquele seu desgraçado que agrediu o meu amigo.
- Jay tinha...
- E esse bosta ai que está do seu lado que agrediu minha mulher! - minha? Ergui uma sobrancelha para ele e é claro que ele não viu, já que não tirava os olhos do sujeito. - Pode ter certeza que...
- Que o que?- com uns poucos passos ele quebrou a distância entre nós e olhou diretamente nos olhos de Adam. - Você pode ditar as regras para quem você quiser, mas não pode mandar em mim. Eu sou capaz de acabar com você e com todo os outros. Assim como eu acabei com o Jesse. - ele me olhou e exibiu um sorriso, então Adam me puxou para si. - E cuidado com quem você se mistura!
Adam apertou minha mão tão forte que me deixou apavorada e enquanto aquele sujeito continuasse ali, eu sentia o medo em mim. Um carro preto parou e ele sumiu dentro do carro junto com o outro rapaz.
- Me leve embora. - pedi assustada, esquecendo a dor. Toda aquela aura negra que estava com aquele sujeito tomou conta de nós.
- Vamos então.
Puxei minha mão e segui com ele pela rua me assustando com todo carro que passava ao meu lado, minha mente ainda não havia entendido o que havia acontecido, eu não estava sendo capaz de raciocinar. Cruzei os braços me encolhendo de frio e passei a mão levemente sobre o meu rosto,me lembrei da Luane teria que me entender com ela no dia seguinte. Enfrentar seu interrogatório.
- Está doendo?- balancei a cabeça negativamente, então ele suspirou e enfiou as mãos nos bolsos da calça. -Desculpa por estragar sua noite.
- Foi a noite mais agitada da minha vida. Briguei, apanhei, fui avisada ou ameaçada... quer mais diversão que isso? - zombei, resmungando de dor.
- Olhando por esse ângulo, até que foi.
      Ele acendeu um cigarro e naquele momento uma chuva começou a cair, era uma chuva de verão com gotas grossas que traziam um calor gostoso junto. Parei na rua rindo da cara dele, um carro passou e jogou a água de uma poça que se formou, em mim. E foi a vez dele rir, Adam segurou a minha mão e me puxou numa corrida desesperada até minha casa , não conseguia controlar minha alegria e nem ele.
     — Essa chuva foi para fechar com chave de ouro. – Adam disse ainda com um sorriso estampado no rosto, enquanto eu  enxugava meu rosto com as mãos.
     — Podia terminar melhor a noite.
     — Mas ela ainda não acabou.
   Olhei para ele que se aproximava, o sorriso tornou-se um pouco mais sedutor e seus olhos não desviaram dos meus, recuei até sentir minhas costas tocar na parede. Então estava encurralada, sua mão posou na minha cintura e um sorriso surgiu em seus lábios. E naquele momento me fiz uma única pergunta. Eu quero esse beijo?
    Quando sua respiração se misturou a minha eu pensei bem. Ele era perigoso, lindo e selvagem, e me deixava louca. Aproximei meus lábios dos seus e fixei meus olhos aos seus, aos azuis do seus olhos emitiam um brilho de satisfação. Minhas mãos puxaram o tecido de sua camisa e ficaram presas entre nossos corpos molhados.
       — Eu não vou te beijar se você não quiser.– murmurou acima de meus lábios e foi a minha vez de sorrir. Então o silêncio se fez resposta, abaixando um pouco mais seus lábios, ele me beijou levemente e um nó se fez apertar ainda mais meu estômago, no início ele esteve apenas provando meus lábios com calma, como se fosse algo novo para mim e para ele. Então sua língua pediu passagem e eu dei e o beijo se tornou intenso, deslizei as mãos pelo seu peito até sua nuca e agarrei seus cabelos puxando ele ainda mais para mim, não me afastar dele e protestei com um resmungo quando ele o fez, sua mão acariciava meu rosto enquanto seus olhos desciam para minha boca e subiam até meus lábios, pressionei levemente meus lábios nos seus antes dele se afastar me devolvendo o celular.
      — Te vejo amanhã?– sussurrou em meu ouvido e eu apenas concordei com a cabeça, segurando as borboletas eufóricas em meu estômago. Minha cabeça estava nas nuvens e meus pés não estavam tocando o chão. Um último beijo e ele saiu correndo.
    Olhei para a silhueta que se afastava na chuva e deixei escapar um suspiro exausto, entrei em casa e subi pro meu quarto não queria dar explicações ao meu pai então subi os degraus de dois em dois , fechei a porta e encostei a testa nela, aquele beijo ainda estava formigando em meus labios. Ele era perigoso, mas bonzinho. Charmoso, mas largado. Ele tinha uma história e poderia me trazer problemas. Sem dúvidas Adam era um prato cheio e eu estava provando dele, e queria mais.
    Meu celular vibrou em meu bolso me tirando de meus pensamentos me fazendo voltar para a realidade.
' Está tudo bem? Você sumiu.'
'Luh amanhã te conto. Estou em casa desculpa te largar. '
   Coloquei o celular na mesinha de cabeceira e me livrei daquela roupa molhada, sem me importar em vestir algo me joguei na casa , contando que o sono viesse logo. Meio impossível a dor não dava trégua, tive que colocar uma bolsa de gelo sobre o local para dormir. Fiquei olhando a chuva pela janela até cair no sono.

Verdade ou Consequência? (TERMINADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora