Capítulo 2

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     Acordei, com a brisa fria que me fez tremer. Abri os olhos e Adam estava sentado ao pé da minha cama, com uma faca nas mãos. Acordei assustada daquele pesadelo, olhando para janela aberta. Olhei para o despertador e ainda eram cinco horas da manhã. Tentei pegar no sono novamente, mas foi impossível, aquele sonho me perturbou. Decidi ir tomar um banho e fazer um café antes do meu pai se levantar.
Me sentei na varanda com uma caneca de café fumegante nas mãos. Fiquei calada enquanto via o sol se aproximar,trazendo seus raios quentes. Minha mente vagava bem longe dali, todas aquelas lembranças da minha infância me faziam ir cada vez mais longe.
        — Caiu da cama?- aquela voz.
        — Adam.– dei um sorriso forçado.
     Ele se sentou ao meu lado, eu estava de moletom e ele apenas de regata. Com toda a certeza do mundo , ele tinha problemas mentais. Mas era lindo!
     — O que faz acordada à essas horas?
     — Tive um pesadelo.- e que pesadelo!— E você?
     — Tava resolvendo uns...lance.- ele sorriu.
     — Você não é tão assustador assim, sabia?– falei enquanto ele acendia um cigarro.
     — E você não é tão patricinha assim!- soltei uma risada, isso definitivamente eu poderia concordar.
     — Que cicatriz é essa?- perguntou apontando pra minha mão.
     — De infância.- sorri.— Minha irmã fez isso antes de nos separarmos.
     — Não sabia que você tinha uma irmã.
     — Agora sabe.- tomei um gole do café.
     — Eu tenho uma também.- ele tirou a camisa e se virou. Olhei para o risco enorme que atravessa suas costas na diagonal. —Fiz quando tinha nove anos.
      — Como ?– percorri o dedo pela grande risca e senti uma onda elétrica correr todo meu braço. Uma tatuagem enorme fechava suas costas com traços firmes e sombreados, era definitivamente charmoso.
      — Brincando no escorregador de madeira, não havia reparado em um prego solto que tinha lá e agora eu tenho isso ai.
      — Pra que tantas tatuagens?- perguntei, ainda tentando contar quantas ele poderia ter pelo corpo .
       — Sei lá... eu gosto.- colocou a camisa de volta.
       — Daqui a pouco você vira um gibi humano.
       — Pode ser. Pelo menos quando eu morrer fico intacto.- zombou.
       — É.- concordei e olhei para o nascer do sol. — Eu e uns amigos vamos no parque, quer ir?
       — Não me junto aos seus amigos.
       — Por que não?
       —Porque eu sou um fora da lei! E o que pensariam de mim se me vissem junto de seus amigos!?– zombou.
       —Nossa!- falei sarcástica.— Talvez deva tomar cuidado, já já o carro da policia passa aqui.
       — Então é melhor eu ir.- ele se levantou e saiu andando de costas.— Te vejo mais tarde?
       — Sem duvidas, preciso trabalhar.
Ele assentiu e correu, levantando a bermuda que caía. Entrei em casa e tirei o bolo do forno, desenformei e coloquei na mesa. Me deitei no sofá e liguei a TV.
       — Bom dia.- meu pai disse estalando um beijo em meu rosto.
       — Bom dia,pai.
       — Vai querer levar suas coisas para o apartamento ainda hoje?
       — Melhor não.- falei suspirando.— Vou me formar primeiro. Ai eu me mudo, assim já terei uma boa quantia em dinheiro para me bancar.
       — Isso mesmo, juízo!
       — Vou me arrumar.- me levantei.
Subi as escadas e tomei um banho calmo, peguei uma roupa qualquer para vestir e calcei meu tênis da vans. Peguei meu moletom vermelho e sai de casa, colocando os fones de ouvido.
Cheguei na loja começando a organizar tudo, tirei a poeira, coloquei o troco na caixa registradora. Logo Adam entrou conversando com um cara, ele tinha a cabeça raspado, que revelava um cabelo loiro. Os olhos eram azuis e a aparência cheia de piercings. Havia um na sobrancelha, no lábio e no cepto.
      — Chegou cedo.- Adam falou. Os cabelos pingando sobre a testa, indicando que ele havia tomado banho.
      — Sim, estava tudo organizado já.
      — Agora você trabalha com uma gatinha, cara!
      — A gatinha tem nome!- sua voz soou grossa e profunda, uma onda de calor lavou meu corpo e me sentir corar outra vez.
      — Hei... calma!- ele falou rindo. — Sou Sebastian. Meu amigo aqui é muito temperamental.
      — Clarice.- sorri. — Bom saber.
Adam revirou os olhos e entrou na salinha dos fundos. Sebastian foi atrás dele, liguei o som do Three Days Grace. Fiquei rabiscando um pedaço de papel enquanto não aparecia os clientes. E com o passar das horas, o movimento começou a surgir. Muitas pessoas entravam ali para comprar camisetas, cds, chaveiros, bonés entre muitas outras coisas.
Minutos antes de fechar a loja eu passei um pano no chão. Entrei na sala dos fundos e os dois estavam lá, sentados assistindo tv.
       — Já vai belezinha?
       — Sim. Tenho que arrumar umas coisas antes de ...
      Fiquei calada percebendo que estava falando demais. Peguei minha bolsa e meu moletom, sai dali me sentindo exausta. Cheguei em casa e deitei um pouco, estava com tanto sono que cada piscada era um sonho diferente.
Olhei no relógio, ainda eram seis horas. Dava para tirar uma soneca.

Adam pov.

Kenny me deixou na esquina de casa, passamos a noite no bar do Joe's. Eu não havia bebido tanto a ponto de desmaiar. Olhei para a casa ao lado e vi Clarice ali sentada com uma caneca nas mãos, o que era estranho pois ainda eram quase seia horas da manhã.
       —Caiu da cama?- me aproximei dela trazendo-a para mais perto, já que parecia estar bem longe dali
       — Adam.- ela deu um projétil de sorriso pra mim que não me convenceu.
      Me sentei ao seu lado e por um instante ela me olhou como se eu fosse um estranho e eu me sentia assim, uma estranho quando estava com ela.
       — O que faz acordada à essas horas?
       — Tive um pesadelo. E você?
       — Tava resolvendo uns...lances.- sorri para ela.
     Acendi um cigarro enquanto ela me observava, ela era uma garota legal, inteligente e linda, havia mais de um motivo para querer estar com ela e eu sentia cada vez mais meu interesse crescer.
      — Você não é tão assustador assim,sabia?
      — E você não é tão patricinha assim.– tirei um sorriso dela. E era verdade, ela tinha estilo, tinha algo único não eram todas que tinham aquela qualidade dela. Olhei para sua mão a procura de alguma aliança e vi uma cicatriz em forma de um 'C'.— Que cicatriz é essa?
        — De infância.- olhou para a cicatriz e sorriu.— Minha irmã fez isso antes de nos separarmos.
        — Não sabia que você tinha uma irmã.- falei e dei um trago no cigarro enquanto ela bebia o café.
        — Agora sabe.- zombou.
        — Eu tenho uma também.- joguei a bita do cigarro longe. E tirei a camisa exibindo minhas costas para ela.— Fiz quando tinha nove anos.
        — Como?- senti o toque dos seus dedos pela cicatriz, uma corrente correu meu corpo, se espalhando.
       — Brincando no escorregador de madeira. Não vi o prego que tinha lá e agora tenho isso ai.- menti.
       — Pra que tantas tatuagens?
       —Sei la. Eu gosto.
       — Daqui a pouco você vira um gibi humano.- falou enquanto eu colocava a camisa de volta.
       — Pode ser. Pelo menos quando eu morrer fico intacto.- brinquei.
       — É.- ela olhou para o nascer do sol. A luz tocou sua pele e por um momento uma brisa soprou seus cabelos, sentir o ar se prender em meus pulmões. —Eu e uns amigos vamos ao parque, quer ir?
       — Não me junto aos seus amigos.
       — Por que não?
       — Porque eu sou um fora da lei! E o que pensariam de mim se me vissem com seus amigos!?
       — Nossa!- senti um tom sarcástico em sua voz. — Talvez deva tomar cuidado, já já o carro da policía passa aqui.
      — Então é melhor eu ir.- me levantei e me afastei de costas, olhando para ela e aquele sorriso que me deixava manso demais.—Te vejo mais tarde?
      — Sem duvida, preciso trabalhar.
Assenti e corri para a casa, tomei um banho calmo e comi alguma coisa pronta antes de sair de casa, caminhei com calma pela rua até encontrar com Sebastian.
      —  Ia te ligar agora.- ele disse me cumprimentando com um toque de mão.— Soube que os cara da zona sul vão estar la no parque hoje.
      — E...?
      — O chefe quer que a gente vá até lá e quebre a banca.
     Entrei na loja e vi tudo limpo e arrumado. Clarice estava atrás do balcão rasbicando algo enquanto não aparecia nenhum cliente.
      — Chegou cedo.
      — Sim, estava tudo organizado já.
      — Agora você trabalha com uma gatinha, cara!
      — A gatinha tem nome!– senti uma irritação passar por mim, Clarice ficou envergonhada e tinha que admitir que ela era ainda mais linda t
      —Hei calma!
Revirei os olhos quando ele começou a jogar charme em cima dela. Entrei na sala dos fundos e ele me seguiu, fechei a porta e liguei a Tv.
       — Hoje a noite a gente vai la e quebra a banca.
       — Cara, a maior gatinha lá fora e você aqui comigo!- ele riu. Senti uma raiva crescer.-- Se eu fosse você...
       — Calaria essa sua boca!
       — Calma, eu estou só brincando!
       — Avise o resto dos cara e pede para eles se espalharem pelo parque.
       — Ta bom.
     Passei pra ele todos os planos, como cada um devia agir e se comportar caso a polícia aparecesse lá. Perdi a noção da hora, parei de falar quando Clarice entrou pegando sua bolsa e seu moletom.
      — Já vai belezinha?
      — Sim. Tenho que arrumar algumas coisas...
     Ela nos olhou e parou de falar de repente. Então foi embora sem se despedir.
     — Não sei você, mas eu to afim dela. Você viu aquele corpo!?
     — Fica longe dela. Ela não precisa de encrenca.
     Me deitei no sofá e fechei os olhos, se Sebastian ousasse se aproximar dela eu mesmo o mataria. Clarice era uma menina boa demais para ele e até mesmo para mim, mas nada me impedia de me aproximar dela. Nem mesmo o Larotcci. A ideia me fez tremer levemente, uma onda de excitação e adrenalina pareceu preencher meu corpo, realmente Sebastian estava certo, Clarice era linda demais e trabalhar com ela todos os dias estava sendo uma tortura .

Verdade ou Consequência? (TERMINADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora