Adam.
Já passavam das nove horas da noite e ainda não havia recebido uma única notícia da Clarice, seu celular estava programado pra cair caixa postal. Já havia rodado praticamente toda a cidade e nenhum sinal dela. A ideia de que alguma coisa havia acontecido com ela não me saia da cabeça. Milhões de imagens, cada uma pior do que a outra, rondavam minha cabeça. E aquele peso da culpa caia mais forte em meus ombros, aquelas palavras malditas açoitavam cada vez mais forte em minha mente. E na minha mão ainda estava o isqueiro que ela havia me dado.
Acendi um cigarro pra tentar acalmar um pouco do nervosismo, um tentativa falha. Nem mesmo a nicotina conseguia me acalmar.
-- Adam!- olhei para o Sebastian que corria atrás de mim, ele parecia assustado. -- Encontraram a bonitinha.- respirei fundo e sorri.
-- Cadê ela? Onde ela ta?- ao julgar pela sua expressão, percebi que algo estava errado. -- Cadê ela, Sebastian!? Fala logo, porra!-- gritei perdendo totalmente o controle da situação.
-- Encontraram ela num Beco, cara.- meus olhos perderam o foco, a imagem dela morta já consumia minha mente. -- Ela ta internada.
-- Preciso ir até o hospital.- avisei já caminhando apressado.
-- Ela foi espancada, Adam!- gritou e eu parei na rua. -- Quem você acha que foi?
-- Ele não....
-- Abra os olhos! Ele é bem capaz disso, e pior, ela tem sorte de estar viva.
"...ela tem sorte de estar viva. " , essas palavras permaneceram em minha cabeça a medida que eu me aproximava do hospital. Precisava ver ela bem, precisava ouvir um de seus insultos idiotas enquanto eu tentava arrancar um beijo dela. Precisava vê-la bem.
Entrei na recepção do hospital e a enfermeira me encaminhou para a sala de espera, lá eu encontrei o pai dela e a Clara, que por um segundo aliviou minha dor no peito. Já seu pai estava tão enfurecido quanto eu, mas a preocupação era evidente, me aproximei deles com cautela. Seu pai se levantou, me preparei para qualquer tipo discurso sobre o cara errado e a má influência que sou, mas o que recebi foi um abraço.
Retribui aquele afeto, por cima do seu ombro eu vi a Clara se aproximar, seu rosto estava tão vermelho e inchado quanto o do pai dela. Puxei ela para o abraço, sabendo que aquele era um momento de preocupação para todos.
-- Com licença.- todos nós olhamos para o médico que entrou na sala. -- O senhor é pai da paciente...- ele olhou na ficha e só então tornou seus olhos para nós.-- Clarice Westerfield?
-- Sim, doutor.- o pai dela tomou a frente, continuei abraçado à Clara. Que estava tão anciosa quanto eu.
-- Bom, Srº Westerfield sua filha está bem. Levou algumas suturas, teve algumas escoriações pelo corpo...- mais uma vez olhou no prontuário. --... Fraturou duas costelas, mas está fora de perigo. Por pouco ela não pega uma pneumonia.
-- Quando eu posso vê-la?
Senti um alívio ao ouvir aquelas palavras, mas ainda sim eu tinha que verificar com meus próprios olhos.
-- Ela vai precisar de um acompanhante, mas amanhã no horário de visitas vocês poderam vê-la. Preciso que assine alguns papéis, e amanhã pela manhã a polícia estará aqui para colher informações e tudo mais.
-- Muito obrigado, doutor.- o pai dela parecia tão aliviado quanto eu. -- Agora temos que ver quem ficará com...
-- Eu fico.- me apressei em dizer e ele me olhou. -- Se o senhor...
-- Acredito que ela vai querer vê-lo e eu não posso abandonar minha outra princesa sozinha.- sorriu fraco para Clara que ainda estava grudada em mim. -- Me liga qualquer coisa, a recepção está com meu número.
-- Pode deixar comigo. - assenti. Me despedi deles e segui até a recepção para saber o quarto em que ela estava. Assim que obtive a informação segui apressado pelo corredor até parar nas frente do quarto. As luzes estavam apagadas mas a do abajur estava acesa, Clarice estava com o rosto um pouco inchado e um pequeno corte no lábio inferior. Seus olhos estavam presos em algo além da janela. Seu braço esquerdo estava com uma tipóia, havia também um medidor de batimentos em seu dedo. Não pude ver como estava o resto do seu corpo devido ao lençol azul que a cobria, mas sabia que parte da dor que ela estava sentindo era minha culpa. Eu era o causador de todo aquele horror que ela deve ter enfrentado.
Entrei no quarto e fechei a porta atrás de mim. Seu olhar focou em mim e um sorriso fraco surgiu em meus lábios, ela retribuiu com outro sorriso, mas logo seu sorriso sumiu e as lágrimas vieram. Quebrei a distância até sua cama para acolhê-la em meus braços, fiquei mais calmo quando ela retribuiu.
-- Me perdoe por isso, Clarice. - acolhi seu rosto entre as minhas mãos, e ela assentiu positivamente.-- Eu sinto...muito por ter...
-- Adam, eles...eles...
-- Shhh...Eu não quero pensar no que ousaram fazer. - só de imaginar já sentia toda a fúria crescer em meu peito.
Ela assentiu. Selei meus lábios aos seus levemente, logo depois depositei um beijo demorado em sua testa. O que eu sentia em mim naquele momento, além de raiva é claro, era paixão. Paixão por uma garota que entrou em minha vida por consequência, mas que mudou muita coisa. Quando estávamos juntos era como se a Terra encontrasse seu eixo, e por instantes nada mais importava. Não havia problemas, não havia tarefas à serem cumpridas, não havia mais nada, somente nos dois. Nós somos perfeitos juntos.
-- Eu preciso saber, Adam.- sua voz saiu fraca e quase inaudível. -- O que eles...O que você tem com aquela gente?
-- Clarice, eu prometo que te explico tudo depois, mas por agora...- me deitei ao seu lado naquela cama horrível do hospital. --... Me deixe apenas cuidar de você.- ela encostou a cabeça em meu peito e eu senti aquele breve sentimento de que tudo estava certo novamente. Ela tinha o melhor de mim. Com certeza, ela era o melhor de mim, não podia e não posso perder essa garota por nada nesse mundo.
Exalei fundo sabendo o quão impossível era esse meu desejo. Ela estava nesta cama do hospital por minha culpa, se eu não tivesse persistido nela. Talvez agora ela estivesse em sua casa e não em um hospital.
"...eu preciso ir, Adam. Estou livre, mas nem por isso deixei de te amar, meu príncipe. ", suspirei ao lembrar das últimas palavras da minha mãe. Talvez eu tivesse que deixar ela seguir seu caminho, deixar ela escolher o seu rumo.
Um suspiro e uma remexida e eu notei que ela havia dormido em meus braços. Adorei aquela sensação em meu estômago, adorei sentir sua confiança em mim, mesmo depois de tudo o que passou.§§§
Galera postei mais um para dar uma adiantada caso aconteça algum imprevisto.
Beijos ;)Nanda :)
Comentem e votem.
Obrigada desde já ♥♥♥
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Verdade ou Consequência? (TERMINADA)
FanfictionMuitas vezes um jogo pode passar dos limite e a verdade pode ter mais consequências que o suportável. Eai! Verdade ou Consequência? Leiam também a sequência, Silencie . *.*