Capítulo 20

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Os primeiros indícios do sol começavam a surgir, eu mal havia dormido, tudo o que eu conseguia pensar era em como tive sorte. Meu corpo ainda doía e podia sentir um enjôo forte, nunca em toda a minha vida havia experimentado drogas. E no entanto, fui forçada a isso. Adam dormia calmamente, seu peito nú subia e descia calmamente.
         Raiva, tudo o que podia sentir era raiva. Aquilo precisava acabar, ainda me lembrava de ver a morte nos olhos do velho senhor dono do restaurante italiano, pobre homem. Deixou pra trás uma esposa, três filhos e seis netos. Lembro- me do noticiário no dia seguinte, dos alertas sobre o crime que vinha crescendo na cidade. Lavelle estava no rastro dele tinha certeza, tinha que haver um jeito de acabar com tudo aquilo.
          Peguei meu celular em meu bolso e olhei para o número na tela. Precisava buscar mais informações sobre o tal Larotcci. Mas por onde começaria?
           — Seja lá qual for a ideia, acho melhor esquecer.– olhei assustada para o sujeito na cama. Estava tão evidente assim o que eu pretendia. — Se sente melhor?
           — Sim eu... – suspirei. — Eu estou bem.
           — Ótimo, vou indo então.– suas palavras soaram indiferente. Seu rosto estava impassivo, e seus olhos completamente neutros. — Evite andar sozinha por ai.
            — Se aqueles brutamontes não...
            — Eu só não quero ter que salvar sua vida novamente. – olhei incrédula para ele. — Já é um saco ter que cuidar da minha vida, não quero ter que me preocupar com a sua.
             — Qual é o seu problema? – não podia acreditar que ele me culpava pelo ocorrido, se colocando de pé em minha frente ele riu amargamente.
             — Só fique longe, eu recebo ordens e se você ficar no meu caminho, vai acabar se colocando em perigo ou sua família em perigo.
             Permaneci imóvel, aquilo foi uma ameaça? Ainda impassível ele me deixou sozinha. Ouvi o estalo da porta quando ele saiu e só então eu entendi, já era tarde demais pra sair daquele problema.


     Adam pov.

        Caminhei furioso pelas ruas, não havia movimento algum às cinco da manhã, mas já podia se ver as pessoas acordando. Clarice estaria segura após aquela conversa, tinha que mantê-lá longe de mim, longe de problemas, longe do perigo. Passei em frente ao 36º Departamento de Polícia e parei em frente.
          — Não fode, Adam. – disse a mim mesmo e continuei meu caminho. Tinha que me preparar, um carregamento de armas estava para chegar e eu faria parte da equipe enviada para buscar.



      Havia algo de errado naquele lugar, Larotcci estava silencioso demais. Eu estava ao seu lado em pé, agindo como o seu cão de guarda, fazendo apenas o que eu havia sido treinado para fazer. Sua expressão séria, seus dedos inquietos me diziam que havia algo de errado.
        — Bom rapazes, você me conhecem e sabem que eu não faria mal algum com vocês. – se levantou e olhou para cada um de nós naquela sala, antes de focar em mim. — E sabe que tudo que eu faço é para preservar o nosso bem. Eu os tirei das ruas, dei-lhes abrigo, comida e tudo o que eu pedi foi que fossem leal a mim. – droga!. — Mas parece que vocês se esquecem de quem eu sou, do que eu represento nesta cidade!
          Meus olhos permaneciam focados nele, e quando ele se movimentou pela sala pude sentir um calafrio.
           — Paul, soube que você anda planejando uma viagem,estou certo?
           — Sim, senhor. Minha esposa e eu...
           — Ah, sua esposa! – droga, Paul! O que você fez? — A doce Laurie, a conheci à alguns dias atrás. Uma mulher encantadora.
           Paul estava assustado, eu podia sentir isso. Seus olhos, sua respiração tudo forte demais. Larotcci pegou a arma de sua cintura e avaliou, uma Magnum de aço cromado. Paul engoliu em seco, ele sabia o que viria.
          — Soube que você vai ser Pai. – continuou rodeando. — Vai ter uma família.
           — Sim, eu...

           — E pretendia fugir. Não pense que pode me passar a perna, Paul. Você tem uma divida comigo , e pretendia me passar a perna!– se exaltou e começou a rir. — Acho que entendo os seus motivos, quer que o filho cresça longe de problemas. Então eu arrumei uma solução.
            — Senhor, eu...
            A mulher de Paul foi trazida a sala, já se notava a sua gravidez. Os olhos do marido estavam assustados, a doce mulher me olhou. Senti todo o seu medo, sua dor, sua tristeza, sorrindo Larotcci disparou contra sua cabeça. o corpo dela caiu imóvel no chão, as madeixas loiras já ensopadas de sangue. O grito de Paul ecoou a sala, seu punho acertou o maxilar de Larotcci e então Mark, disparou contra seu peito repetidas vezes. Meu sangue esfriou, senti nojo, medo, aquilo era apenas um aviso.
          — Que isso lhes sirvam de lição! – olhando para mim ele limpou o sangue do canto da boca. Seus olhos frios e assustadores, senti um arrepio correr meu corpo. — Minha lealdade com vocês, vai até onde eu decidir. Não pensem que podem me passar a perna. Limpem isso!
          Olhei para o corpo da pobre mulher, senti tristeza. Assobiando Larotcci deixou o local, Mark foi atrás como o bom puxa saco que era.
           — Vamos jogar o corpo no...
           — Vamos cavar uma cova e enterra-los. – interrompi. Me abaixei ao lado de Paul e segurei sua mão, seu corpo ainda lutava , havia lágrima em seus olhos. O rosto virado para o corpo de sua mulher, não queria chorar, mas senti sua tristeza.
            — Jason, era o nome do meu filho.
            — Shh. Não fale nada, parceiro. – murmurei enquanto prendia o choro dentro de mim. — Vocês vão estar junto como uma família lá em cima.
             — Será que Deus vai me perdoar? – as palavras saíam com dificuldades, a respiração estava acelerada.
              — Sim, Deus sabe do seu arrependimento.
              Sua mão apertou a minha levemente então a vida abandonou seus olhos, fechei suas pálpebras e lamentei a morte de mais um de meus amigos. Aquele era meu fim e disso eu tinha certeza.
            

Verdade ou Consequência? (TERMINADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora