Capítulo 26

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Lavelle pov.

       O quebra cabeça no qual eu trabalhava a tanto tempo estava enfim se resolvendo. Não havia conseguido dormir , apesar de todo o ocorrido eu estava preocupado com Clarice. E assim que o hospital me ligou para avisar que ela havia acordado eu voei para cá. Não sabia o que dizer quando a vi, lúcida, acordada . Mas assim que ela me viu não esboçou nenhuma reação, seu rosto parecia uma máscara fria de dor e ódio.
     — Clarice, eu...
     —Testemunhos, eu entendo.- assentiu positivamente com a cabeça. - Desta vez eu quero que pegue quem fez isso.
     —Eu lamento muito por sua irmã. - seu rosto tornou-se dor pura. Então me perguntei se alguém já havia contado a ela. —Você já soube? - negou e levou as mãos ao rosto para conter as lágrimas . Queria poder abraçá-la, confortá-la, mas não me movi. — Eu preciso saber o que houve com vocês, acho que vai ajudar se souber que já prendemos uma pessoa que estava envolvida.
     —Vamos ao que importa. - respirou fundo. — Estávamos juntas em uma festa, quando Clara se afastou . Eu a vi conversando com um rapaz , eu nunca havia visto ele em lugar nenhum e saberia se ela o conhecesse ela me diria, ele aparentava ser uns anos mais velhos que nós , tinha uma tatuagem no rosto.
        — Que tipo de tatuagem?
        — Algo com estrelas, lua. Não me lembro. - se levantou da cama e se sentou ao meu lado. — Eu sabia que era encrenca já que desde que Adam...
         — O que tem o Adam? – perguntei mas sem obter respostas.
         — Quando acordei, estava em um quarto Clara não estava junto de mim. - olhei em seus olhos e senti pena por ela. — Nós fomos drogadas, tenho certeza disso. Eu fui estrupada, lembro de sentir aquele cara...
        — Continue, Clarice. - segurei sua mão e a apertei levemente.
        — Eu podia sentir seu corpo no meu, sua respiração no meu pescoço. - começou a chorar novamente. —  Quando eu estava retornando a mim eu já não estava mais no mesmo quarto. Estava em um lugar mais bonito...
       — Suíte?
       — Sim, havia mais gente lá. Estavam nos anunciando como mercadorias.
        — E quem a tirou de lá?
Seu olhar pareceu vago, então forçou a se lembrar, mas continuou em silêncio por um tempo.
         — Eu ...não sei. Jason estava com a gente, não sei se algo aconteceu com ele . – sua voz pareceu aflita. — Será que algo...
         — Ele está bem, tenho certeza disso. – me levantei e aproximei dela na cama. Tão linda e frágil, gostaria de ter alguns anos a menos só poder ficar próximo a ela. — Eu tenho que ir agora, mas quero que me ligue se algo acontecer. — entreguei meu cartão a ela. —Obrigado e sinto muito. - sua mão pequena e delicada segurou a minha, olhei curioso para ela. Parecia determinada, queria tanto as respostas quanto eu . — Algum problema?
      — Eu tenho certeza de que alguém virá atrás de mim, não posso ficar aqui sozinha- sua voz deu ênfase a última palavra.
       —Ninguem virá atrás de você. - quem e por que viria atrás dela? Algo me dizia que ela era a resposta.
       —Eu preciso que me tire daqui, ele vai vir atrás de mim.
       — Clarice, eu não posso...
       Parei de falar quando ouvi um estalo no corredor do hospital, seu olhar assustado pousou em mim. Com a mão no coldre me aproximei da porta , abrindo apenas o suficiente para observar o que aconteceu ali. Dois homens armados olhavam os quartos, pareciam procurar alguém então fechei a porta.
        — São eles. – sussurrou .
       Olhei para as janelas, o andar era muito alto.
        — O que vamos...
        — Shhh...– levei meu indicador aos lábios e me escondi atrás da porta. 
        Podia ouvir os passos cada vez mais pertos, então a maçaneta se virou . Não me movi, aguardei quem quer que fosse entrar e assim que entrou usei toda a força para atingir sua cabeça com uma coronhada  . E rápido como uma serpente imobilizei o segundo sujeito, fazendo com que a arma caísse no chão.
        — Quem são vocês, pra quem trabalham? – sem resposta. — Clarice pegue meu rádio e solicite uma viatura para cá urgente !
        — Não temos medo algum de você, John Lavelle. – o sujeito sorriu então forcei seu ombro e o vi uivar de dor. — Sabemos tudo sobre você.
        Aproveitei para algemá-lo, Clarice tinha razão, o hospital não era um ligar seguro para ela. Então fiz um sinal para que ela saísse do quarto e com outra coronhada , ele também desmaiou.
         — Você vem comigo. – avisei e puxei sua mão pelo corredor. — Seja franca comigo, quero saber como você os conhece, o que sabe, quero que me conte tudo.
         Olhei de relance para ela e vi quando ela assentiu. A recepcionista não teve tempo de dizer algo, coloquei ela dentro da viatura e dei partida no carro, não fazia a mínima ideia de onde ir.
         — Adam Armstrong é um capanga de um mafioso poderoso na cidade, eu não sabia disso quando me relacionei com ele.
         — Então a primeira vez que eu vim até o hospital, então?
         — Larotcci me pegou , foi o meu primeiro encontro com ele. – sua expressão estava seria, mas seus olhos transmitiam toda a dor que havia sentido. — Eu acho que consigo te levar até lá , até onde me levaram.
         — Vamos lá. – dobrei a esquerda na avenida principal.
         — Então, John Lavelle? – ergueu um sobrancelha e eu sorri.
         — Sim. – sua mão fez um gesto para dobrar a esquerda novamente. — Minha mãe ama o John Travolta.
         — Você não devia chamar viaturas ?
         — Não , vai chamar a atenção e eu não quero que nos vejam.– outro sinal para dobrar a direita. — Como se lembra do caminho?
        — Eles cobriram minha cabeça, mas eu tinha noção da esquerda direita , eu só me lembro. – deu de ombros
       
   

       Clarice pov.

        Meu peito estava apertado por dentro, Clara estava morta. Tudo por dentro estava desmoronando, mas me mantive forte. Parecia que meu coração ia explodir quando vi que estávamos no caminho certo, Lavelle parou o carro um pouco antes de uma enorme casa. Era bem afastada, mas eu tinha certeza de que era ali.
        — Fique aqui. – murmurou puxando a arma do coldre.
        — Não, eu vou com você!
       Então um clarão enorme acendeu, e tudo ali foi para o ar, Lavelle ficou tão assustado quanto eu. Desci do carro pasma com a cena a minha frente. Não vi quando um sujeito saiu do mato e disparou em minha direção, Lavelle se jogou na minha frente.
         — Clarice! – Jason vinha correndo em minha direção, e atrás dele Sebastian . — Meu amor, o que você faz aqui? – segurou meu rosto entre as mãos.
         Então afastei ele e corri para ajudar o tenente no chão.
         — Meu Deus! Você está bem?
         — Estou de colete, mas ainda assim isso dói muito. – resmungou. Olhei em seus olhos e senti meu coração bater mais forte.
          Ele havia pulado na frente de uma bala por mim, talvez fosse seu instinto ou seu próprio treinamento. Mas ainda assim, um ato tão digno.
         — Você está bem? – assenti antes de abraçar ele com todas as forças.
         — Obrigada. – então me virei para os dois bobos que nos olhavam curiosos. — Por que diabos vocês atiraram nele!?
         — Não sabíamos que ele era da polícia. – argumentou Sebastian coçando a cabeça pensando talvez que aquilo pudesse lhe dar uma cadeia. — Desculpa.
         — O que você faz aqui, Jason?
         — Viemos atrás dos caras que fizeram isso com vocês. – suspirou. — Sua irmã ela...
          — Eu sei. – não queria ouvir mais isso. — Onde está o Adam?
          O silêncio que veio a seguir me assustou muito, então tornei a olhar para o fogo. Lágrimas vieram aos meus olhos, não podia acreditar nisso.
          — Ele estava...
          — Sim, Larotcci não teve pena dele. – Sebastian se abaixou na minha frente. — Ele soube na hora que Larotcci iria atrás de você, ele havia fechado um tipo de sociedade com alguns albaneses. Adam surtou quando viu o que fizeram com a Clara.
         — Ele...
         — Ele está morto , Clarice.
        Senti minhas pernas amolecerem e meu corpo ficar fraco. Me levantei em um surto de desespero e corri em direção às chamas, mas fui agarrada a tempo por Sebastian. Então aquela dor e desespero conseguiram ultrapassar as barreiras e o grito que saiu de mim foi uma tentativa em vão de aliviar o que meu peito sentia.
        Adam estava morto, eu o amava e não tive oportunidade de dizer. Sebastian tentava me consolar, então relaxei em seus braços e o abracei, se alguém sabia o que eu estava sentindo ali era ele. Deixei as lágrimas blevar embora casa dor e cada sensação de fracasso para fora.

        

     
     

Verdade ou Consequência? (TERMINADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora