skype • rafael lange

23º De Volta Ao Quase Normal

Eu te amei uma vez
Precisava de proteção
Você ainda é uma parte de tudo que eu faço
Você está  no meu coração
Como uma tatuagem
E como uma tatuagem
Eu sempre terei você

Tattoo - Jordin Sparks

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* Miranda *

O dia se passou rápido, Clarice não tinha condição quase que nenhuma de se manter em pé, meus pais conversando sempre seriamente do que deveriam fazer com aquela situação dela, a mesma vontade de sair gritando por aí e de derrubar as coisas no chão, com toda a raiva restante em meu coração, nem eu mesma consigo entender de como pude ser tão burra a essa altura do campeonato, passando a mão sobre as coisas, sem vontade de atender ligações ou falar com alguém a não ser eu mesma.

Meu peito sempre doía quando minha própria mente fazia questão de lembrar que tudo isto estava ocorrendo por conta da mentira viciosa e ruim, minha garganta secava ao lembrar com detalhes das lágrimas que caiam dos olhos azuis, meu corpo se arrepiava quando aquilo tudo se mesclava a falta de senso minha por ter levado tudo isto adiante, eu teria de encarar apenas mais uma coisa após isto tudo, a dor de ter que voltar com toda rotina normal, com tudo tão parado e monótono, sem ter aquele frio na barriga ou borboletas brincando no meu estômago enquanto voltava para casa, visando poder ligar o Skype, realizar uma chamada e ver aquele rosto sorrir e gargalhar, me fazendo esquecer do que ocorreu comigo no dia.

Lembro até agora da maneira que ele me tratou e sinto o gosto do seu beijo, tão na calmaria da alma, era vicioso e doloroso, foi e ainda tão dificil ter de digerir estas coisas por essas horas.

Amanhã mesmo seria dia de retomar trabalhos, ler livros e fazer listas de exercícios cansativos e chatos, olhando sempre para a cara do professor no qual eu ainda nem decorei o nome, ver sorrisos falsos passearem pelo corredor, como se realmente estivessem felizes por estar ali segunda-feira de manhã, me poupem da hipocrisia de vocês, peço com educação.

Recostei minha cabeça na madeira da escrivaninha bagunçada e cheia de papéis e naquele exato momento, o celular vibra com uma nova chamada de Amanda, nossa, até havia me esquecido de contar o que teria ocorrido.

Disse para mim mesmas uns instantes atrás que não queria falar ou trocar ideias sobre qualquer coisa com alguém, mas as vezes amigas poderiam nos ajudar por mais difíceis que sejam os momentos:

- Está tudo bem com você? - ela logo pergunta, assim que a ligação se inicia de modo silencioso

Selo os lábios e meus olhos ardem por finalmente poder falar com detalhes o que aconteceu realmente:

- Não - murmuro, com a voz mais tremula que já me escutei usar

- Você ficaria chateada se eu te falasse que já sei o que aconteceu? As pessoas no Twitter comentam bastante ....

- Não, tudo bem, vocês tinham o direito, eu não liguei, na verdade nem lembrei - limpei as lágrimas que já caiam quentes com meu polegar

- Quer desabafar? - ouço a voz de Samantha perguntar - Está no viva voz e só estamos nós aqui, estudando para as atividades de amanhã ...

- Foi horrível - abaixei a cabeça, afastando os cabelos para trás, de modo que aqueles não atrapalhassem - Fizemos uma espécie de plano para contarmos a verdade indiretamente, acabou que destruirmos boa parte do evento, mesmo ele já estando no final. Ele entendeu as mensagens, foi muito rápido, de um minuto para o outro eu já estava na frente dele, o vendo chorar e pedindo para esquecê-lo de qualquer forma.