28º Animação de Quinta Categoria

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"Eu fico esperando
O dia que você
Me aceite como amiga
Ainda vou te convencer
Eu sei
E te peço:
Me perdoa
Me desculpa
Que eu não fui sua namorada
Pois fiquei atordoada de amor
Faltou o ar"

➸❥ Assinado, eu - Tiê
____________________________

* Miranda *

Roupas molhadas no chão com vários caminhos de água escorrendo até o tapete de entrada do quarto. Meu salto quebrado em algum canto no qual eu não faço mais questão de lembrar e meu celular mergulhado em uma boa quantidade de arroz separada por minha mãe, logo após de ter me visto em tal situação, me oferecendo alguns remédios agora postos em cima da pequena cômoda pois sabia que tal leva de friagem me causaria uma boa gripe.

Meus dedos agora dançavam na superfície de vidro tentando escrever alguma frase que vi no Tumblr estes dias, enquanto a água lavava o resto da dor que me restava.

Desta vez eu tentei não me culpar somente, aquela noite foi terrível por um conjunto tenebroso de motivos.
Eu fiquei pensando nos quais fizeram ele desligar a ligação, no que ele pensou após jogar nossos refrões, cantados com tanta dor, no lixo. Não me dei o luxo de retornar ou insistir, eu me livrei do peso da culpa por talvez não ter tentado, pelo menos.

Minha sorte foi que meu pai já dormia profundamente, ou ele provavelmente ficaria irado em saber que um cara se embebedou e deixou sua filha vir para casa sozinha, na madrugada perigosa de São Paulo, debaixo da chuva mais forte que a cidade presenciou desde ano passado, de acordo com o jornalista.

Assim que já estava segura, vestida com o mais denso pijama da gaveta, caminhei até o prato quente de sopa que estava posto em cima de minha cama, obrigada mãe por ser tão amorosa.

Clarice estava me encarando sem acreditar em todo instante, a cada colherada que eu levava até a boca era uma sensação ruim de estar sendo observada descaradamente e estava mesmo, sem dó ou piedade.

- Você deveria ter me escutado - ela resmunga, depois de alguns minutos de silêncio.

- Eu pelo menos me aventurei - comento, terminando a refeição.

- E saiu dessa "aventura" com o coração mais fragmentado que antes - Clarice era insistente

- O problema seria meu, não é? - reviro os olhos, depois procurando o interruptor para desligar a luz do cômodo e tomar os remédios em paz, sem precisar ficar com os olhos latejando na luz artificial do quarto.

- Ainda é seu, mas olha no que deu! Isso não foi certo - ela repreende

- Eu já entendi a moral da história, eu só preciso de uma boa noite de sono, sem falar sobre isso, sem pensar sobre nada, vai ficar tudo bem, sempre fica - a luz do quarto de apaga ao meu acionar.

- Eu me preocupo com você, por incrível que pareça, sabia? - seu retrucar me fez bufar pela última vez depois de sentir os remédios serem arremessados para o meu estômago, vindo logo atrás um lance de água gelada.

- Não se preocupe Clarice. Eu já estou em casa e prestes a ir dormir, se você pudesse fazer essa força de não tocar mais no assunto, ficaria extremamente grata - mergulho em minha cama geladinha.

- Eu sei, boa noite então Mi - ouço seu se mover pelo barulho do lençol.

Não sinto necessidade de responder, ela sabe que por mais que mil pessoas me desejassem uma boa noite, ela não seria obrigatoriamente boa. Eu estava sendo grosseira mas graça ao bom senso dela, saberia que não era de propósito para incendiar uma briga.

skype • rafael lange  Onde histórias criam vida. Descubra agora