30º The End

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"Temos muito o que viver
Então não tema
Siga em frente
Não desanime
A noite ainda é uma criança"

❥✺ The Night Is Still Young - Nicki Minaj
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Sinto as mãos de Clarice puxarem com rapidez minhas cobertas e logo em seguida elas bagunçarem meu cabelo, que já estava desajeitado.

Meus olhos se descolam de forma lenta, até sua imagem sorridente a menos de 7 centímetros do meu rosto.

- É hoje! - ela exclama, depois soprando minhas mechas do rosto

- Aposto que ainda é cedo, a festa só começa no início da noite, relaxa, temos muito tempo - pego meu travesseiro e escondo meu rosto embaixo daquele.

Minha irmã trava uma batalha contra minha teimosia de insistir, puxando o travesseiro e desta vez, me levando junto para o chão.

Resmunguei de frio, mas logo me ergui sorrindo do meu próprio tombo.

- Mesmo assim, precisamos levar os vestidos para a lavanderia, ver alguns cabelos e maquiagens, escolher seu sapato, você tem que brilhar! - Clarice ergue nossos vestidos, pendurados e guardados em panos específicos da cor preta, com uma etiqueta contendo todas as informações, prontos para serem lavados.

Dou um suspiro e me sento, fazendo com que o sorriso de Clarice se desmanchasse aos poucos. Ela se aproxima e me acompanha.

- Ainda está doendo. Vai demorar para cicatrizar. Fica tranquila. Só se diverte essa noite, por mim - ela alisa meus ombros, observando minhas expressões através dos meus fios de cabelo.

- Eu posso tentar, só não garanto sorrisos a todo instante - respiro fundo e a encaro - Você acha que consigo?

- Eu tenho a certeza, poxa, você foi tão forte ao decorrer dessa caminhada. É só mais uma noite. Prometo. - ela insiste

- Então sim - murmuro, abrindo um sorriso falhado.

- Agora precisamos levar os vestidos, nosso pai já está esperando, nem te falei não é? A gente se resolveu, a mamãe foi mais difícil, mas acho que agora eles acreditam em mim - ela comenta, com um sorriso largo e bochechas coradas.

- Eu fico feliz por você - comento, me levantando e já procurando meus sapatos e pensando em algo para colocar de imediato.

- Ótimo, se arruma, vamos estar esperando por você lá embaixo - ela sorri e sai do quarto, carregando os dois vestidos em mãos, com certa dificuldade.

Mais uma vez, suspirei. Eu sabia que o dia de hoje só serviria como uma espécie de dopamina por algumas horas e que no dia seguinte, ao acordar, a dor seria a mesma, mesmo que em tamanho mínimo.

Para falar a verdade, o tempo não ajudava, ele só era uma espécie de mãe, que sopra nossos machucados aliviando eles brevemente. Sempre teríamos a cicatriz para nos fazer lembrar do tombo e da perca de tempo.

Bom, vesti algo confortável e coloquei os óculos na cara. Olhei brevemente o dia um pouco nublado pela janela, através das cortinas e tive a certeza de que sim, a dor era inevitável.

Ao tomar um café reforçado e ter a certeza de que eu estava segura da fome, entramos no carro e fomos até a lavanderia mais perto de casa, o que custava uns 20 minutos de casa.
Uma senhora simpática nos atendeu e recolheu as vestimentas com cuidado, selecionando aquelas e colocando as duas separas em dois tipos diferentes de "varais", marcados de acordo com o tecido.

Ficamos abismadas com a beleza e delicadeza do lugar, além de ter vestidos muito bonitos que foram esquecidos por alguém e deixados à mostra, lavados e pendurados numa espécie de suporte na parede.

skype • rafael lange  Onde histórias criam vida. Descubra agora