P r ó l o g o

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Mais uma noite. Sempre ouvindo as mesmas coisas e reclamações noturnas vindas de quem eu já estava acostumada a aguentar neste horário:

- Queria saber a importância que tem ficar conectada online quase todos os dias, Miranda -Clarice estava realmente alterada em todos os sentidos, virando sem parar na cama, tentando dormir enquanto pressionava o travesseiro contra o rosto.

- Você podia cair no sono logo... - respondo, respirando fundo, enquanto recolocava os fones de ouvido - Economizava para nós duas.

- Eu até que tento - ela resmunga, contra atacando.

A porta do quarto se abre brevemente e a luz do corredor ilumina parte do cômodo. Me assusto, antes que pudesse ver a imagem da cabeça da minha mãe aparece pela fresta. Lá vem a bronca. De sempre.

Retiro os aparelhos eletrônicos de imediato e a observo torcer o nariz em minha direção. Aquela reprovação básica vinda de quem me mandou ir dormir duas horas atrás.

- Miranda, você não acha que já está na hora de ir dormir? - ela pergunta, calmamente, enquanto me analisava com cara de que já esperava tal cena.

- Eu sei, mas é Sexta-Feira e amanhã é meu aniversário de 18 anos, mãe. Eu bem que poderia...

- Não, você não pode - ela me interrompe com uma risada travada na garganta - Você tem faculdade, esqueceu?

- Poderia parar de me tratar como criança, não é mesmo? - me levanto da cadeira, enquanto bufava e retirava as pantufas em formato de lego.

- Amanhã eu até posso pensar no assunto mas agora é cama, mocinha - ela começa a fechar a porta quando me vê puxar as cobertas - Boa noite, filhas.

- Finalmente: A paz nesse cômodo - Clarice suspira, enquanto confortava sua cabeça no urso de pelúcia dado pelo vigésimo ex-namorado.

- Boa noite. - respondo, enquanto retirava meu celular do carregador e desbloqueava a tela.

Ouço uma risada falhada e um tanto cínica soar da cama da minha irmã. Me viro em sua direção sem entender aquilo:

- Você não cansa nunca - ela comenta - O tempo que você gasta nisso poderia estar empenhada em qualquer outra coisa.

- Eu não ligo, só estou animada para amanhã - respondo, dando os ombros para a observação sem valor algum feita por ela - Vou jogar com o Felipe para incrementar minha linda e totalitária comemoração dos meus tão sonhados 18 anos - digo, irônica

Eu mesma sabia que completar meus 18 não faria qualquer diferença: Continuariam a me tratar da mesma forma até conseguir me formar e sair debaixo de seus tetos e proteções.

Ser alguém na vida que eu digo seria ter um tipo de profissão que me deixasse livre do amor materno e paterno (esses incluíam a extrema proteção de coisas que poderíamos considerar idiotas o suficiente para não querer proteção) que me prendia tanto quanto qualquer outra coisa. Apesar de não reclamar de alguns mimos recebidos, como cama e comida.

- Felipe é aquele seu amigo estranho no qual você vive jogando e gritando junto, enquanto encaram um jogo qualquer no monitor do computador? - Clarice pergunta, em tom de deboche, enquanto vi seu olhar revirar junto de seus cabelos loiros escorridos.

- Este mesmo - respondo, enquanto abria o contato dele naquele instante.

- Tenham um ótimo divertimento amanhã, já que vou sair - ela vira o rosto em direção oposta para provavelmente ir dormir. Finalmente.

Ignorei totalmente o que Clarice disse e me concentrei nas mensagens que havia recebido de Felipe. Confirmava o horário e o pedi para que verificasse a geladeira, recebendo um "óbvio" como resposta logo após, brilhando diretamente da tela do meu celular.

Ao mesmo tempo que consegui sentir que o dia de hoje seria o mesmo que os outros que já haviam se passado, também sentia grandes pressentimentos para o amanhecer.

(...)

Gente, socorro. Eu escrevi essa fanfiction em 2014 e agora eu tenho 20 anos e ainda recebo mensagens sobre ela. Tô repostando aos poucos, com muita cautela e reescrevendo, devido a muitos pedidos, viu? Me desculpem por todos os erros e afins, afinal: Já se fazem 6 anos.

Um beijo.

skype • rafael lange  Onde histórias criam vida. Descubra agora