Capítulo 1 - Flagrante Indesejado

19.3K 970 118
                                    

"Sei que costumava escutar
E eu sei que eu me tornei arrogante
Na minha recuperação
Sou um soldado em guerra
Eu quebrei as paredes
Eu defini, eu projetei
Minha recuperação."

(Sebastian na foto)


O dia parece não ter fim nunca, e eu estou completamente exausta.

Meu chefe está no escritório ao lado da minha sala. Pra falar a verdade, eu mal olhei para ele nesses meses que trabalho aqui. É um homem alto e esguio, isso eu posso ver, mas como ninguém aqui faz contato visual com ele além da Sylvia, sua tradutora para negócios, decidir fazer o mesmo.

- Srta. White leve esses contratos para o Sr. Hayden. Imediatamente! - Sylvia mantém sua voz ríspida enquanto arruma seu coque louro.

- Sim, senhora. - Digo com um sorriso.

Droga.

Dizem que o meu chefe é um homem totalmente intolerante. Espero que dê tudo certo. Um café derramado, relatório errado, me fariam ser demitida em menos de um segundo. E sinceramente? Não preciso que um idiota venha gritar comigo.

Meus passos até o escritório do Sr. Hayden são lentos. Passo minhas mãos pela saia e verifico se estou em ordem ao olhar meu reflexo no espelho.

Ótimo, meus cabelos parecem mais ninhos de rato.

Bato levemente à porta.

Ninguém responde.

- Sr. Hayden? - Digo. - Trouxe os contratos que a Srta. Hill me ordenou que o entregasse.

Nada.

Eu poderia voltar para minha mesa, mas a curiosidade não me deixa fazer isso.

Abro a porta e dou de cara com o Sr. Hayden com o zíper da calça aberto e as mãos dentro da saia de uma mulher ruiva.

- Ai meu deus. - Ele retira suas mãos rapidamente e a solta.

- Deixe os contratos aqui. - Mantém seu tom de voz rouco e aponta para sua mesa.

Faço o que ele pede e em seguida saio fechando a porta.

O que eu acabei de ver? Oh, minha nossa.

Afundo em minha mesa e me concentro no trabalho. As horas não demoram a passar, e agradeço o expediente estar acabando.

- Vamos sair para beber hoje no Fuzzy? - Pergunta Ellie minha colega de trabalho e melhor amiga.

- Você sabe que eu não gosto de lugares assim. - Digo amarrando o meu cabelo.

- Apenas hoje. Por favorzinho. - Seu sorriso se transforma em uma cara de cachorro sem teto. Decido acompanhá-la.

- Ok. Só hoje. - Digo revirando os olhos.

- Aconteceu alguma coisa? Você está mais quieta que o normal. - Ellie pergunta enquanto está mexendo em sua bolsa.

- Não, só estou cansada. Semana difícil.

- Sei bem como é. Levanta sua bunda daí agora e vamos nos divertir.

Ela me puxa pelas mãos e passamos correndo pelas portas de vidro do escritório.

**

Demos muitas risadas no caminho até o Fuzzy. Estar com Ellie era não me preocupar tanto com tudo.

- Olá linda. - Ed chega beijando minhas bochechas.

- Olá Ed. Cadê seu namorado? - Pergunto.

- O Christopher não quis vim hoje. - Ele fala fazendo um beicinho. Viro a cabeça para trás e caio na risada.

- Vamos beber umas Margaritas. - Ellie nos puxa para o bar. Diferente de mim, Ellie sempre arranja namorados. Ela possui curvas belíssimas e olhos verdes. Seus fios medianos, escuros e ondulados contrastam com a pele morena.

Margaritas então. - Ed e eu dizemos sorridentes.

Quando meus pés me imploram para tirar os saltos, eu procuro um sofá e me sento descalça. Ellie e Ed estão cantando e dançando com as batidas. Minha cabeça está doendo.

- Você parece um peixe fora d' água. - Uma voz masculina diz.

- Preferiria estar em casa. - Digo sentindo um enjoo absurdo. Viro meu rosto para o dono da voz mais sexy que já ouvi e meu queixo cai.

- Sr. Hayden. - Digo ainda pasma.

- Pode me chamar de Sebastian. Não estamos no trabalho. - Ele diz me oferecendo uma garrafa gelada de água. A visão do seu zíper aberto e suas mãos vagando por dentro da saia da mulher ruiva, me preenchem a mente.

- Ok. Obrigada. - Respondo friamente. O meu enjoo aumenta ainda mais, não sei se pela lembrança de onde aquelas mãos estavam ou pelo fato de eu ter bebido mais do que deveria.

- Quer que eu te leve para casa?

- Não, obrigada. - Preparo-me para levantar, mas estou tonta. Suas mãos quentes e grandes seguram minha cintura e a apertam levemente. Me solto delas e vou até o banheiro.

A música alta ainda está zumbindo em meus ouvidos, molho o rosto com água fria. Ao ver meu reflexo tomo um susto. O rímel havia escorrido e sujado meu rosto.

Estou terrível!

Vejo o rosto do meu chefe pelo espelho.

- Aqui é o banheiro feminino. - Ele tranca a porta e vem em minha direção. Um pânico preenche minha mente.

- Calma. - Sua voz suave e sexy junto com o seu cheiro forte e inebriante estão me fazendo querer lamber esse homem e ao mesmo tempo lhe dá um belo tapa. - Eu não vou fazer nada que você não queira, principalmente trepar com você aqui. Tranquei a porta para que outras mulheres não entrem e me olhem do mesmo jeito que está olhando. Você parece querer quebrar esse espelho na minha cabeça.

- Não seria uma má ideia. - Digo me afastando do seu corpo.

Ele pega um papel toalha e o molha um pouco na água corrente. Se aproxima lentamente de mim e vejo que estou prendendo a respiração.

Por que eu estou prendendo a respiração? É apenas um maldito homem.

Aproxima o papel úmido da minha bochecha e a limpa cuidadosamente.

- Por que está fazendo isso? - Pergunto estreitando os olhos. - Se é para eu ficar calada, não se preocupe. Não vou sair dizendo o que você e a sua bonequinha ruiva estavam fazendo, afinal de contas, não quero ser demitida.

- Não iria demitir você. - Ele diz jogando no lixo o papel toalha.

- Ótimo. Abre a droga da porta, por favor. - Minha impaciência misturada com a cabeça latejando e vontade de vomitar nos pés desse cara não estão ajudando em nada.

- Você não costuma beber, não é? - Suas mãos estão verificando meu rosto.

- Isso não é da sua conta, querido chefe. - Ele me segura e me põe em seus ombros.

- Me solta, agora. - Sinto minhas pernas baterem no ar. Saímos do banheiro e vejo que ninguém está reparando na gente.

- Não vou soltar você até que esteja bem. - Ele diz irritado.

Sim, Senhor (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora