- Tá me chamando de surdo, Paolo? - Foi o que Logan respondeu entredentes e bem próximo do rosto de Paolo.
Seus narizes quase se encostavam, seus peitos estavam colados e os olhares fixos por uma descarga elétrica quase visível. Ali a música ficava mais abafada e era possível que ouvíssemos um ao outro. Meio cambaleante, eu me aproximei deles, me colocando entre os dois. Minhas mãos espalmadas em seus peitos e, por mais que meus pensamentos me levassem à outra dimensão, eu tinha que focar no que poderia acontecer naquele momento.
- Ninguém aqui tá chamando ninguém de surdo. - Falei, olhando primeiro para Logan. - E eu sei me cuidar sozinha, Paolo. Para de tentar salvar o dia, por favor. - Reclamei, descendo as mãos e cruzando os braços. - Será que podemos continuar a curtir a festa sem vocês quererem se matar? Por favor? - Olhei para ambos que ainda se entreolhavam, ignorando completamente a minha existência.
Revirei os olhos, toquei a mão de Logan e me afastei a passos largos. Ignorei o sorriso vitorioso que ele carregava nos lábios e subi as escadas, tentando não cair em cima dos adolescentes que se acumulavam ali.
Não conseguiria nem imaginar a cara de decepção de Paolo, mas sabia que ele sempre fingia que nada havia acontecido na manhã seguinte. Naquele momento eu estava bêbada para conseguir tomar decisões melhores.
Consegui achar um quarto vazio e fechei a porta, finalmente podendo voltar a beijar os lábios de Logan. Novamente eu estava em seu colo e então em uma superfície macia, que eu acreditava ser a cama. Enquanto tentava nos despir, algumas imagens começaram a me perturbar.
Flasback
Então era aquilo que todos falavam afinal de contas. Aquela mistura de sensações? Aquela felicidade imensa e inexplicável ao final? Eu havia gostado e não só pelo simples fato de ter sido Owen a me fazer mulher, mas por ele ter sido tão gentil durante todo o processo.
Na manhã seguinte, um buquê de rosas brancas e vermelhas chegou à minha casa com um bilhete destinado à mim. A mensagem dizia: vermelhas pela luxúria, brancas pela inocência que você nunca perderá.
Sempre achei que seríamos namorados em algum momento. Mas esse momento nunca chegou.
Fim do Flashback
Então estava chorando. Me sentei, afastando um Logan confuso. Abracei meus joelhos e escondi meu rosto ali, soluçando enquanto o choro que eu havia contido por horas saía descontrolado.
- Meu Deus, Megan. O que eu fiz? Me perdoa. - Logan falou ao meu lado, me trazendo para seu colo enquanto eu continuava a chorar. - Eu te machuquei? Eu não vou fazer nada que você não queira. Eu prometo. Me desculpa, Meg. O que aconteceu? Calma, princesa.
Princesa? O simples apelido fez meu interior se aquecer e a dor amenizar. Levantei o rosto, limpando as lágrimas e vendo meus dedos sujos da maquiagem que deveria ter borrado todo o meu rosto.
Eu sabia que era questão de tempo até eu abrir minha boca grande. Em outras condições eu inventaria qualquer desculpa, mas não naquele momento. Eu estava vulnerável.
- Sabe como dói amar uma pessoa por anos e ele ficar com a sua melhor amiga? Sabe o que é ver suas esperanças se esvaírem de um segundo à outro? Droga, Logan. Eu amava o Owen! - Envolvi o pescoço de Logan com meus braços e voltei a chorar, afundando meu rosto em seu pescoço.
- Um cara desses tem que morrer. - Murmurou, acariciando minhas coxas e minha cintura. - Você merece coisa melhor. - Seus lábios tocaram meu rosto. - Alguém que te ame como você merece. - Ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, mas meus olhos estavam fechados, as imagens se repetindo na minha mente.
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O Garoto de Laboratório
Mystery / ThrillerMegan Green se muda para a casa de seu pai assim que sua mãe vem a falecer. Na nova cidade misteriosa, ela vai descobrir um pouco mais sobre sua história e segredos serão desvendados. Um psicopata passa a persegui-la e ela tenta descobrir o porquê e...