Logan se afastou como eu havia pedido. Eu mal o encontrava e quando via era dentro da sala de aula. Por vezes eu o pegava me olhando, mas não me importava, desde que ele se mantivesse onde estava.
Meu relacionamento com Paolo estava ótimo. Não haviam dramas, só um relacionamento fixo com alguém que eu gostava e que gostava muito de mim. Passávamos um bom tempo juntos tanto em sua casa quanto na minha.
Achei que Lydia ia se ausentar quando ficássemos juntos, mas ela parecia mais tentada a ficar perto de nós. Muitas vezes éramos nós três na casa de Paolo, em sua casa ou na minha. Eu não me importava, porque acima de tudo éramos todos amigos.
A mãe de Paolo sempre estava em casa, então sempre evitávamos ficar aos amassos. Por isso era sempre na casa da Lydia que permitia beijos quentes de vez em quando ou na minha quando Phoebe não resolvia que era um belo dia para me infernizar.
Quanto ao caso da camisinha de Paolo, eu não toquei no assunto com ela. Não sabia como ela havia descoberto sobre o sexo com ele, mas com certeza não era por causa do preservativo usado. Depois do incidente, nossa troca de olhares pareceu se tornar mais intensa.
Não havia recebido mais mensagens ameaçadoras, mas entendia que era porque não havia mais me envolvido com o caso dos meus amigos mortos ou procurado saber sobre os Miller e aquela cidade.
Depois do jantar, subi para o meu quarto. Meu pai estava em seu escritório e parecia cuidar de uma grande pilha de papel que eu não me atreveria a mexer.
- Boa noite. - Desejei à ele que levantou os olhos de algum documento importante para sorrir.
- Boa noite, minha princesa. - Desejou e eu me senti amada.
Meu pai era um amor de pessoa. Eu não tinha muita certeza, mas acreditava que ele me mimava para compensar os anos que minha mãe roubou dele.
Quando me aproximei do meu quarto, vi uma Phoebe deitada na casa de casal do meu pai, a camisola de seda de cor rosa lhe caía bem, o olhar fixo na televisão que ficava à sua frente. Antes que nossos olhares se encontrassem, eu entrei no meu quarto e bati a porta.
Ao me deitar na cama embaixo do edredom, eu me permiti fechar os olhos para finalmente descansar de um dia exaustivo, porém um barulho no piso atrás de mim me exaltou. Eu me sentei na cama e olhei na direção do barulho, mas não havia nada. Devia ser só os móveis estralando como sempre faziam quando a temperatura do ambiente se alterava. Voltei a me deitar ainda em alerta e outro barulho se fez ouvir, dessa vez dentro do banheiro.
- Mas que inferno! - Murmurei e me sentei novamente.
Eu só não esperava que dessa vez a silhueta estivesse parada aos pés da minha cama. O pavor me tomou de imediato e eu sentia meu corpo todo paralisado, mas ainda assim tremia. O ar dentro dos meus pulmões faltava e eu sabia que qualquer tentativa de grito seria falha.
Conseguia ver perfeitamente a silhueta de um homem, mas nem a claridade da rua me fazia ver a cor de seus cabelos, de sua pele, de seus olhos. Era como se fosse apenas uma casca oca. Um corpo sem alma. E talvez fosse.
Um vento frio invadiu meu quarto, mas não poderia dizer de onde, porque as janelas e a porta se encontravam fechadas. Eu acho que ele sorria, porque os movimentos faciais da casca se alteraram.
Não sabia se era possível tirar os olhos daquilo, não sabia se estava sonhando, não tinha forças para me mexer. Ele ergueu o dedo indicador e o posicionou na frente do que deveriam ser os lábios, como se me pedisse silêncio.
Quando um outro barulho na janela me chamou a atenção, eu desviei para encontrá-la se abrindo. Meus olhos voltaram à figura e ela já não estava mais ali.
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O Garoto de Laboratório
Mistério / SuspenseMegan Green se muda para a casa de seu pai assim que sua mãe vem a falecer. Na nova cidade misteriosa, ela vai descobrir um pouco mais sobre sua história e segredos serão desvendados. Um psicopata passa a persegui-la e ela tenta descobrir o porquê e...