Viginti Quinque

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Eu me trocava com rapidez dentro do quarto enquanto Paolo terminava de se arrumar no meu banheiro. Tentei arrumar a bagunça que havia se tornado o meu cabelo enquanto ouvia os passos no primeiro andar.

Respirei fundo quando Paolo saiu do banheiro e coloquei o indicador em frente aos lábios para que ele fizesse silêncio. Caminhei silenciosamente até o primeiro degrau da escada com ele em meu encalço, tentei ver o máximo que conseguia dali, mas não havia ninguém na sala de estar ou na de televisão.

- Pai? - Chamei e comecei a descer calmamente os degraus.

Nenhuma resposta.

Engoli em seco e olhei para Paolo, que parecia observar tudo, pronto para atacar quem quer que tivesse invadido minha casa.

Quando saí do último degrau e me vi no primeiro andar novamente, notei que as almofadas estavam todas no lugar que deveriam, mas ninguém estava ali. Paolo parou atrás de mim, tocando minha cintura para tentar me acalmar.

- Megan, podemos dar uma palavrinha ali na cozinha? - A figura de Phoebe surgiu do além, me fazendo dar um grito seguido de um pulo. Meu coração saltava no peito.

- Você me deu um susto! - Disse, alarmada. Mostrei minha mão que tremia.

- Me desculpe.

Agora eu conseguia perceber sua expressão de desgosto para mim e Paolo. Franzi o cenho e caminhei na direção dela, dando um último olhar para um Paolo que se dirigia ao sofá onde há pouco estávamos.

Ela parou recostada na pia, me olhando enquanto eu cruzava os braços, esperando que dissesse o que quer que tivesse pra dizer.

- Eu não vou comentar com seu pai sobre a camisinha usada que eu achei. - Começou a falar e eu tenho certeza que devo ter empalidecido.

- OK, se não vai comentar, por que me chamou aqui? - Dei de ombros, fingindo que não me importava.

- Um dia eu posso precisar de você...

- Phoebe, o menor dos meus problemas no momento é meu pai descobrir que sou sexualmente ativa.

Não dei mais chances para ela rebater e me afastei.

Deixei que Paolo ficasse o resto da tarde comigo apenas vendo algumas séries, já que nenhum dos dois aguentava mais repetir as mesmas cenas duas mil vezes. 

Eu estava recostada em seu peito, seu braço me envolvendo, quando ele puxou assunto comigo:

- Acho que a sua...

- Madrasta. - Disse entredentes.

- ...Madrasta não gosta da mim. - Completou, sussurrando ao pé do meu ouvido.

- Ela só não sabe lidar com o fato de que transamos. - Dei de ombros.

Um momento de silêncio até que ele se afastasse o mínimo para que eu visse sua expressão confusa.

- Como ela sabe? Ela é médium?

- Não, gênio. Você deixou a camisinha pra trás na hora da fuga. - Respondi, voltando a me recostar no seu peito.

- Deixei? - Murmurou.

- Shh, não liga pra ela. - Acariciei seu rosto. - É só uma mulher frustrada. - Toquei seus lábios com os meus, encerrando o assunto.

Paolo se foi pouco antes da hora do jantar e eu agradeci internamente, porque cinco minutos depois meu pai estava de volta.

Apesar de Phoebe ter aquele segredo sobre mim, eu sabia que era a palavra dela contra a minha e que eu estava segura. Meu pai nunca acreditaria nela sem provas.

O Garoto de LaboratórioOnde histórias criam vida. Descubra agora