Sex

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- Como foi o seu final de semana, Meg? - Perguntou Paolo, me despertando dos devaneios.

Eu estava perdida tanto pelo modo com que Paolo estava agindo com simpatia depois do seu ataque de fúria quanto pelo aviso no espelho do banheiro. Será que alguém havia limpado aquilo? Eu não queria voltar para verificar.

- Uns amigos da cidade onde eu morava vieram me visitar. - Comentei mexendo na comida sem interesse.

- Meg, tá tudo bem? - Lydia se manifestou, tocando minha mão que estava apoiada na mesa.

Quando desviei meu olhar para encontrar os seus preocupados, me surpreendi. Não sabia que Lydia se importava comigo ou com alguém, aquilo era inédito. Notei que ela estava mesmo carrancuda mais cedo por eu estar falando com Logan.

- Tá. - Assenti com um sorriso amarelo nos lábios. - É só que eu não sou mais como eles. - Desviei o assunto. Aquilo também me incomodava, mas não no momento devido as atuais circunstâncias que eu me encontrava.

Um maníaco estava me perseguindo e eu não tinha ideia do que ele queria de mim ou do que eu havia feito de ruim para ele. Mas maníacos não tinham motivos pra não gostarem dos outros, não é? Eles só não iam com a sua cara e ponto final.

Por um momento eu cruzei meu olhar com o de Logan que estava sentado em cima da mesa. Seu olhar quase perfurava a minha pele e foi como se eu sentisse. Ali ele expressava todo o tipo de emoção, mas eu não sabia se essas estavam ligadas à mim devido ao que acontecera mais cedo. Sua frase interrompida por Paolo havia me deixado curiosa sobre o que ele ia falar. Talvez eu o perguntasse mais tarde se meu filtro do cérebro até minha língua estivesse com defeito e eu não estivesse em minhas perfeitas faculdades mentais.

- Megan! - Paolo chamou mais alto.

- Pelo amor de Deus, garota. Você tá viajando o almoço todo! - Lydia chamou minha atenção.

Depois do meu sobressalto, eu ajeitei minhas roupas do uniforme e me endireitei, passando a mão nos cabelos e respirando fundo.

- Desculpem. É meio decepcionante perceber que você não se encaixa mais entre os adolescentes da sua idade. - Menti, fitando a mesa branca à minha frente.

- Nós te faremos se encaixar novamente e, melhor ainda, com os adolescentes dessa cidade irada! - Comemorou Paolo, me dando um tapa de leve no ombro, calculando bem sua força para não me jogar do outro lado do refeitório.

Olhei para ele, analisando seus músculos por um momento e os comparando aos de Logan. Comparei os dois com os outros garotos da nossa idade também. Eles pareciam ser tão mais evoluídos para garotos que não praticavam esportes além de uma educação física. Logan e Paolo com certeza pareciam mais evoluídos do que qualquer um naquela escola.

- Irada? Tirou essa gíria da época das cavernas? - Lydia gargalhou e eu não pude conter a minha risada.

- É, Paolo, desculpa, mas essa foi terrível. - Disse depois de me recuperar, respirando fundo e fingindo limpar uma lágrima no canto do olho.

- Assim que eu gosto, minhas meninas sorrindo. - Paolo sorriu abertamente, parecendo uma criança que acabava de ganhar um doce.

Lydia revirou os olhos, mas eu não a acompanhei dessa vez. Aquele pronome possessivo mexeu comigo. Engoli em seco e me recostei na cadeira, tocando a barra da saia com os dedos nervosos. Eu era dele? A menina dele? Não. Foi só um comentário de amigo. Kiam e Owen costumavam me chamar assim também, não é? Não conseguia me lembrar.

A minha vida na outra cidade parecia ter virado pó na minha cabeça, como se eu a tivesse bloqueado, como um trauma. Eu não queria esquecer, não queria. Eu precisava me lembrar.

O Garoto de LaboratórioOnde histórias criam vida. Descubra agora