- Tem certeza que não quer ir lá em casa treinar as falas?
Paolo estava recostado em seu próprio carro estacionado logo ao lado do meu, as pernas abertas abrigavam meu corpo entre elas e seus braços envolviam minha cintura enquanto minhas mãos se apoiavam em seu peito, brincando os botões de sua camisa.
Mordi o lábio inferior para a sua pergunta. Era uma proposta realmente tentadora, mas eu não estava com cabeça para ser simpática com ninguém. Só queria deitar na minha cama e dormir por uma eternidade. Umedeci os lábios e olhei em seus olhos profundamente azuis, ajeitando seu cabelo que caía sobre seus olhos em ondas bagunçadas. Acariciei as laterais de cabelos ralos e entrelacei meus dedos na sua nuca. Com um suspiro longo e audível, eu respondi:
- Nós estamos bons quanto as falas e a atuação. Agora preciso estudar para a prova de Física.
Tentei parecer convincente e ele comprou a minha meia-mentira. Eu realmente devia estudar, mas eu queria fazer tudo - isso não incluía ser simpática ou fazer sexo, mas comer e dormir - menos isso.
- Eu posso te ensinar Física. - Ele sussurrou ao pé da minha orelha, chupando meu lóbulo em seguida. Os braços fortes me apertaram para si e eu ri, dando tapas em seus braços.
- Você não tem jeito, Paolo. - Balancei a cabeça negativamente, vendo seus olhos brilharem na minha direção e um grande sorriso se formar em seus lábios.
- Mas é sério! - Ele aproximou os lábios dos meus, ainda sem tocá-los. - Posso te ensinar sobre força, velocidade e toda a droga que você quiser. - Suas mãos apertavam minha cintura enquanto ele falava sobre força e eu senti as pernas fraquejarem. Seus dentes capturaram meu lábio inferior e eu desferi mais um tapa em seu braço.
- Não seja tarado. - Apontei o indicador na sua direção.
- Eu já disse que não dá! - Ele abriu os braços de um jeito exagerado e eu fiz uma careta, sentindo ele voltar a me abraçar.
Desci as mãos para o seu peito, voltando a brincar com os primeiros botões da sua camisa com um precisão cirúrgica. O silêncio prevaleceu entre nós enquanto o que se ouvia era apenas o burburinho de alunos que sobravam naquele estacionamento.
Meus pensamentos divagaram para meus amigos mortos sem permissão. Eu me sentia impotente por não conseguir dar à eles uma morte digna, com respostas concretas e não suposições policiais. Mordi o lábio inferior, contendo as lágrimas que ameaçavam a cair. Não poderia ser assim, mas se eu quisesse que essas mortes parassem, eu tinha que fazer o que esse psicopata mandava senão acumularia mortes atrás de mortes.
Os dedos de Paolo capturaram meu queixo e ele ergueu meu rosto na sua direção, o cenho franzido enquanto me analisava.
- O que tanto pensa? - Perguntou, acariciando meu rosto com o polegar.
Balancei a cabeça em negação, fechando os olhos e engolindo a bola que estava presa na minha garganta. Não podia chorar agora, não podia me explicar agora. E como o faria? Não podia dizer à ninguém o que me ocorria.
- Só me sinto impotente por não poder descobrir o que realmente aconteceu aos meus amigos. - Dei de ombros, baixando o olhar novamente.
- Megan, pare com isso. Você não é detetive! - Eu o olhei de imediato, franzindo o cenho. - Os investigadores já não descobriram as causas? Eu sei que você acreditava que seu amigo era bom, mas as pessoas mudam quando acontece uma traição como a que ele teve. Deve ter mexido com o psicológico dele. Acontece, Meg.
Balancei a cabeça em negação, engolindo em seco e virando o rosto para outro lugar que não fosse Paolo. Não conseguia acreditar que ele dizia aquilo, que ele não me apoiava nas minhas próprias investigações. Poderia ele ser o meu... Não, não era. Não poderia ser. Paolo sempre fora como um livro aberto, era apenas coincidência.
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O Garoto de Laboratório
Mystery / ThrillerMegan Green se muda para a casa de seu pai assim que sua mãe vem a falecer. Na nova cidade misteriosa, ela vai descobrir um pouco mais sobre sua história e segredos serão desvendados. Um psicopata passa a persegui-la e ela tenta descobrir o porquê e...