03 | Perseguição

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É sexta feira à noite, dia da festa da faculdade. Luana está em sua casa sozinha, já que os seus pais foram a um jantar de negócios, prepara-se para cozer alguma coisa para o jantar quando alguém toca à campainha. Era Ana. Vem com uma mini mala na mão e Luana pergunta-se o porquê de Ana estar aqui pois não se lembrava de terem combinado algo.

- Festa na faculdade em duas horas, esqueces-te? Precisamos de nos vestir - Ana fala como se aquilo fosse a coisa mais importante de sempre.

-Eu já tinha dito que não ia.

- E quem disse que eu vou dormir na tua casa? Vou para a casa do Miles depois - sorri.  Miles era o namorado de Ana à pelo menos um ano. - O Hassan vem daqui a pouco buscar-nos - Ela diz, abrindo a mini mala e tirando algumas roupas e jogando em cima da cama de Luana.

- Oxalá ele não passe a noite deprimido como está desde aquele dia. Ela foi mesmo estúpida.

- No inicio eu até estava a gostar não estar constantemente a falarmos sobre o Zezinho dele, mas agora faz falta. - Luana assente e Ana continua a tirar a roupa dela, que parecia infinita, de dentro da mala.

Exatamente trinta minutos depois, estão prontas. Também, depois do Hassan chegar à casa da Luana e ficar a gritar para despacharem-se, tinham mesmo de ficar prontas.
Para um homem é tudo mais fácil.

Meteram-se todos dentro do monovolume do Hassan e foram em direção à faculdade.

Chegado lá, encontram-se com Marcel e com uma rapariga ruiva que ele trazia pela mão, mais uma das suas conquistas.
Entram dentro da faculdade, e tiveram todos a sensação de não estarem a entrar no mesmo espaço em que entram todas as semanas.
A decoração estava completamente diferente, as mesas estavam todas cobertas por uma toalha preta, em cima tinha velas e flores brancas a decorar, até montaram um palco cheio de luzes onde tinha uma bateria, guitarras e microfones. Em cima do palco tinha um cartaz enorme e bem decorado que dizia "69º FESTA DA FACULDADE DR. JOSEPH CESARO".
Ao fundo tinha uma mesa enorme cheia de petiscos e bebidas, nada de álcool, claro.
No teto tinha uma bola de discos que reflectia todas as luzes que encontrava.
E ainda outro mini palco com um Dj a pôr música.

O ambiente estava perfeito, todos estavam a divertir-se, todos menos Luana, ela não consegue ficar à vontade sabendo que faz um ano que um aluno morreu e ninguém está a fazer caso disso. Luana está muito atenta a todos aos movimentos suspeitos de qualquer pessoa, quem sabe o assassino não volte este ano.

- Ficou comprovado que não houve nenhum assassinato, ele morreu porque teve de ser. - Diz Hassan tentando tranquilizá-la - Agora tira esse rabo dessa maldita cadeira e vem dançar.

- Ninguém morre porque "teve de ser" - fez as aspas com os dedos e tentou imitar a voz de Hassan

- Seja lá como ele morreu, já passou. Agora vamos dançar, vem, o meu Zezinho está carente, precisa de companhia.

- Hoje eu não sou boa companhia para ninguém Hassan. Dás-me a chaves do teu carro?

- Para quê?

- Quero descansar. Depois eu volto e dançamos até de madrugada se quiseres.

- Está bem, fica bem pequena.

- Cuida do Zezinho.

Hassan dá a chaves à Luana e esta dirige-se para o seu carro, põe a cadeira da frente para baixo e deita-se. Não consegue dormir nem muito menos fechar os olhos, na sua cabeça passavam-se mil e um cenários de como o rapaz tinha morrido. Ela nunca tinha falado nem sequer o tinha visto, a única coisa que sabia era que o seu nome começava por "E".
Após a sua morte foi proibido falar do nome dele, praticamente obrigaram os alunos a não se lembrassem disto, como se nunca tivesse acontecido.
Mas isso não cabia na cabeça de ninguém, trata-se de uma morte, sem explicação e tudo neste mundo tem que ter uma explicação, ao menos é o que Luana pensa.

Continua a pensar no que havia acontecido a 365 dias atrás quando ouve um barulho, levanta-se de sobressalto ficando sentada no assento, e olhou em redor.
O barulho não vinha de dentro do carro mas sim da rua, mais especificamente atras da vegetação que limitava a àrea do parque de estacionamento.
Logo de seguida, ouve um grito de uma voz feminina e Luana pensa "está a acontecer outra vez".

As pessoas que estavam atrás da vegetação saem de lá, são duas, mas não consegue identificar quem são devido à pouco luminosidade, só se apercebe  que carregam um saco preto enorme, que levam entre os dois.
Estes encaminham-se para um carro dos muitos que se encontram no parque, Luana não consegue ver qual, ela fica atenta, até passados poucos minutos um carro dirige-se para a saída. E sejamos honestos, ninguém saí de uma festa às 22 horas. 

Luana pensa em conduzir o carro para ir atrás deles mas a) não sabe conduzir e b) mesmo que soubesse está demasiado assustada para o fazer.

Então procurou por todo o carro dinheiro que desse para pagar um táxi e encontrou 15 dólares no porta-luvas. Saiu do carro, deixando-o destrancado e com a chaves dentro, e foi apanhar um táxi. Por sorte haviam alguns por lá por causa da festa. Entra num deles e como numa cena de filme disse "Siga aquele carro!".

O táxi segue o carro preto e ao se aperceber que a estrada os leva para o cemitério da cidade, Luana decide sair do carro, caminhará a pé, para não dar mais nas vistas. Escondida atrás de uns arbustos, vê as duas pessoas a entrarem no local sem o saco, segue-as. 

O cemitério é dividido em cinco partes, os que querem ser comidos por bichinhos debaixo da terra; os que insistem a ter a última casa, neste caso capelinha; os que ficam em gavetas; os que preferem ser reduzidos a cinzas; e os que guardam os seus quase inexistentes restos mortais em uma caixa minúscula. 

As duas pessoas caminham para a relva, uma delas, a mais alta, leva uma rosa branca na mão, o mesmo tira o capucho quando chega à campa desejada, mostrando o seu rosto, é Klaus. 

O corpo de Luana treme, esta inocente investigação está a tomar um rumo não desejado. Mas a curiosidade é maior do que o perigo que pode correr, decide esperar até os dois irem embora para ver qual a campa que estão a visitar. E assim o fez,  passado algum tempo, Klaus e a outra pessoa da qual não conseguiu identificar, vão embora. Ela dirige-se para a campa da rosa branca, da qual estava escrito "Em memória de Elijah Mikaelson 1995-2014"

- Um nome começado por E... que morreu no ano passado - Luana pensa alto, aterrorizada - Klaus matou Elijah Mikaelson, exatamente à um ano. - Sai disparada do local, voltando a chamar o táxi. - Eu vou descobrir quem tu és, Klaus. 

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