21 | Reencontro

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A notícia do acidente de Luana deu-se em quase todos os jornais "Jovem de 20 anos é encontrada quase sem vida após ter batido com o carro na noite de 21 de maio."

Luana está na cama do hospital quando ouve alguém a falar, não consegue abrir os olhos, mas reconhece aquela voz.

- Lu, desculpa. Desculpa por todo o mal que te causei. Eu sempre tentei te proteger, mas como sempre, eu só consigo magoar as pessoas em meu redor. Abre os olhos, por favor. Tens de ficar comigo. - Sente a sua mão a ser apertada, apertada por Klaus. Mas não consegue dizer nada.

- Mr. Johns, receio que tem de a deixar descansar. - Johns? Ah pois, tiveram de mudar novamente de identidade quando chegaram a New Orleans à dois anos.

- Ela já está à dois meses assim doutor, ela não acorda, não diz nada. Eu não aguento mais. - "Dois meses?" Interrogava-se Luana.

- Estamos a fazer os possíveis, mas os danos foram profundos. Ela vai acordar em breve, fique descansado.

Ir ou ficar. Eis a questão. Leu uma vez num livro que tudo estava nas mãos dela, o poder de ir ou ficar. Podia ir e por fim entregar-se ao inevitável ou podia ficar e evitar o inevitável.

Luana nunca foi de desistir e não o queria fazer sem antes voltar a ver a sua família, os seus amigos, Hassan.

(...)

Abre os olhos, uma máquina começa a apitar, era o sinal de que ela acordou finalmente do coma. Ouve pessoas a aproximarem-se e a mexerem nas máquinas. Depois é-lhe retirado alguns dos fios que tem pelo corpo.

- Eu sabia que ias conseguir. - Olhou para o lado, era Klaus, com ar cansado e barba por fazer, mas com um sorriso do tamanho do mundo.

- Sai. - Foi a única coisa que embora mal dita, saiu-lhe pela boca. De imediato, o sorriso dele desaparece e dá lugar a tristeza. Ele levanta-se calmamente e faz o que ela pede.

É outubro. Luana passou três meses a fazer fisioterapia, e com a sua vontade de voltar para casa, voltou a andar e a fazer as coisas como antes.

Klaus visitava-a todos os dias, mas ficava do lado de fora, a vê-la a voltar a andar através de um vidro. Ela não queria ter mais contato com ele, nunca mais.

Quando voltou para casa depois de ter estado meses no hospital e outros tantos na clínica de reabilitação, vai para o quarto e tira as malas debaixo da cama.

- Luana. - Dói-lhe ouvir a voz dele.

- Acho que fui muito clara quando disse que não te queria perto de mim.

- Eu e a Elena éramos casados sim, mas agora não, ela deu-me o divórcio à quatro meses atrás.

- Parabéns.

- Luana não vás, eu não te quero perder.

- Eu fiz tudo por ti Klaus, fugi por aí com uma pessoa que julgava ser um assassino, fiquei mais de dois anos afastada da minha família e amigos. Não mais. Acabou-se esta fantochada toda. Ou achavas que íamos andar a vida toda a fugir por aí?

- Desculpa.

- Tu não desculpas nada, tu não tens sentimentos Klaus, nunca tiveste. E eu, feita burra, fiz tudo por ti para receber isto em troca. Dás-me nojo. - Acabou de fazer a mala e pô-la em frente à porta de entrada. - Faz-te homem e vai enfrentar o inevitável, porque eu vou fazer o mesmo. - Dito isto Luana sai de casa, deixando Klaus para trás.

...

Entrou em casa, na sua verdadeira casa, e não estava ninguém certamente estariam no trabalho. Foi para o seu quarto, estava tal e qual como se lembrava. A carta que deixou estava junto de umas velas, flores e uma foto sua que puseram na secretária. "Eles pensam que eu estou morta." Concluiu.

Quer ver os seus amigos, pega no telefone de casa e liga para Hassan.

Ligação On

- Boa tarde Dona Aguiar.

- Hassan, sou eu.

- Luana?!

- Vem à minha casa, tenho tantas saudades tuas.

- Eu... eu estou a ir.

Ligação Off

Passados quinze minutos, a campainha toca e é ele. Está mais magro, estiloso, com o cabelo arranjado e com barba. Nem parece o velho amigo.

- És mesmo tu! - Ele abraça-a mal a vê. - Sua tonta, senti tanto a tua falta. Onde andas-te?

- Eu conto-te tudo, diz-me só como vão as coisas por aqui. - Foram para a sala e sentaram-se no sofá.

- Tudo diferente, desde que tu foste embora. Eu estou noivo, a Ana está a estagiar como jornalista, o Marcel andou muito tempo por aí a tentar encontrar-te. Ficamos tão preocupados, foram tempos horríveis.

- Mas agora eu estou aqui.

- Mas porquê agora Luana? Porque não viste mais cedo? Porque foste embora?

- Foi o Klaus.

- Esse sacana, o que ele te fez?

- Eu estou à mais de dois anos a fugir com ele, ficamos em Nova Iorque, Miami, México e por fim New Orleans. Fugimos porque tínhamos pessoas a nossa trás. Ainda temos. Mas não quero falar mais disso.

- Que tipo de pessoas são essas que te querem mal?

- Nem eu sei. Estou a dois anos a fugir de algo que nem eu sei. Mas espera lá, estás noivo? - Hassan sorri.

- Estou, vou me casar com a minha deusa do deserto. Chama-se Katherina.

- Fico feliz por alguém querer o teu Zezinho.

- Já não faço piadas dessas... - Luana perdeu o sorriso - Mentira, o meu Zezinho é a melhor coisa deste mundo, melhor e maior. - Hassan riu e Luana riu junto. Era disto que tinha saudades, rir com o seu melhor amigo.

Ficaram o resto do dia a falar, tinham sempre assunto e se não tivessem tinham a opção a) falar sobre o Zezinho do Hassan. Era como se tivesse voltado ao passado.

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