07 | Boston

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Decidiram parar após 15hr a conduzir e passar a noite num hotel nos arredores de Boston.

- Boa noite. - Disse a recepcionista - Tem reserva?

- Boa noite. - Disse Klaus - Não. E só pretendo passar duas noites aqui.

- Ok, temos um bom quarto de casal no último andar.

- Nós não somos um casal - Disseram ao mesmo tempo. Depois ficaram os dois constrangidos e Luana já não sabia para onde olhar, já Klaus tossiu baixo e continuou a reserva.

- Está bem, são dois quartos?

- Sim.

Após fazerem o check-in, subiram no elevador sem dizerem uma única palavra e foram para os seus quartos que eram um ao lado do outro.

- Boa noite - Disse Klaus

- Boa noite - Disse Luana e entrou no seu quarto.


Na manhã seguinte, Luana acordou e por breves momentos pensou estar em casa mas quando caiu na realidade perguntou-se se Hassan e os pais já tinham lido as cartas. Como é que estaria Hassan? Dava tudo para estar ao lado dele e ouvir mais uma daquelas piadas do costume.

Hoje era o seu aniversário, fazia 19 anos. Lembrou-se de Marcel naquela noite em que ele perguntou-lhe o que queria para os anos, na altura disse que não queria nada mas agora tudo o que quer é que este pesadelo em que se meteu acabe o mais rápido possível.

Foi tomar um duche, vestiu-se e foi para a varanda, não tinha muita vista, só prédios enormes e cinzentos à sua frente e uma multidão de carros lá em baixo. Voltou para dentro e pediu o pequeno almoço, minutos depois um homem veio e trouxe o pequeno almoço num carrinho de mão. Perguntava-se se Klaus já tinha acordado ou se já estava a tomar o pequeno almoço, mas não iria ao quarto dele verificar.

As horas passaram e o aborrecimento dela aumentava, não tinha nada de bom na TV e Klaus não dizia nada. Dormiu até a hora do jantar e quando acordou pediu para que trouxessem o jantar e assim o fizeram. Pensou depois em ir ao quarto ao lado, mas ele podia estar ocupado ou não querer vê-la, ele é muito imprevisível.

Estava a dormir quando acordou sobressaltada com alguém a bater violentamente na porta. Olhou pelo olhinho da porta e viu que era Klaus, visivelmente desesperado. Abriu a porta e ele entra e fecha-a de novo.

- Temos que sair daqui agora.

- Não podemos esperar por amanhã?

- Eu vi um dos homens neste corredor. - Klaus pegou nas malas da Luana e saiu, Luana foi atrás dele e viu que as malas dele já estavam na porta.

Saíram do edifício e foram para o carro de Klaus.

Um dos defeitos ou vantagens, como quiserem entender, do Klaus era que ele nunca demonstrava o que sentia, podia passar-se uma tempestade na sua mente mas a sua cara ficava como um dia nublado que não se sabe se irá chover ou se o sol vai aparecer.

Luana estava à espera de uma reação, de ansiedade ou nervosismo da parte dele mas não obteve nada, parecia-lhe que "fugir de homens que andam à sua procura" fosse a coisa mais normal do mundo.

Klaus guiou o carro para sudeste durante horas, Luana queria descongelar o gelo que criou naquele carro mas sem coragem para tal, Klaus estava concentrado na estrada, ao menos era o que ela pensava porque na cabeça dele passavam-se mais cenários do que numa peça de teatro ou até mesmo de um filme de duas horas.

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