05 | Rapto

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24 de Março de 2015. Luana está com Hassan, Marcel, e Ana que vem acompanhada de Miles, tinham acabado de sair da discoteca. Hassan era o mais bêbedo dali, mal se aguentava em pé, foi preciso Miles e Marcel pegarem nele até ao carro.

- Vai a cima! - Hassan pega em algo invisível que julgam ser um copo - Vai a baixo! Vai ao centro e vai para dentro! - Hassan põe o copo invisível à boca mas... - Oh, não tem água. 

- Ele vai apanhar uma ressaca... - Diz Ana a olhar para o estado lastimável de Hassan.

- Tenho sono. Parece que passou um caminhão nos meus olhos. Acho que é a fada dos sonhos a chamar-me. - Hassan deita-se nos assentos de trás do seu monovolume. E nada lhe vazia sair de lá. Então, por bem, decidem que Marcel e Luana vão ficar ali e apanhar um táxi até casa, enquanto que Ana e Miles certificam-se que Hassan chega a casa são e salvo. 

- Eu não quero ir para casa. - Diz Luana.

- O que te apetece fazer? - Pergunta-lhe Marcel.

- Comer um hambúrguer. - Marcel ri.

- São quatro e tal da manhã.

- Não há hora para comer um hambúrguer. - Vão a um restaurante de fast food que fica 24h aberto e fizeram o pedido.

- Daqui a dois dias... - Começou Marcel.

- É dia 26.

- E...

- E nada.

- E fazes anos. Conta lá, o que vais querer? Aposto que me queres como o teu bolo... - Já havia dito que Marcel tem um crush eterno em Luana? Pois bem...

- Estúpido.

- Não me digas que preferias o Hassan.

- Até prefero. Mas eu não quero nada.

- Nem festa?

- Nada.

- Reunião entre amigos?

- Nada mesmo.

- Porquê? - Luana deixou a pergunta de lado e deu uma dentada no seu hambúrguer.

- Quero ir para casa.

- À pouco querias ficar a noite toda acordada, eu não te percebo. - Marcel fez cara de confuso e acabou de beber a sua pepsi. Depois de saírem do estabelecimento chamam o táxi. 

- À espera que o táxi chegue, nem amanhã. - Comentou Luana.

- Eu adoro a tua paciência - Ironizou Marcel, ela fez uma careta e ele sorriu. Por fim o táxi chegou e Marcel sentou-se ao lado do condutor. Luana sentou-se atrás.

À medida que o carro anda, ela olha pela janela com o vidro fechado, e vê as luzes a passarem rápido ao seu lado, pessoas a distanciarem-se em segundos, uma linha interminável de casas e apartamentos, e as luzes de novo. As luzes pareciam querer dizer alguma coisa indecifrável para ela. Ouviu um som de uma ambulância, mas concluiu ter sido da sua cabeça pois não viu nenhuma a passar. Devia ser a bebida a manifestar-se ou até mesmo o cansaço. De repente, sente-se mal disposta, talvez pelas curvas que a estrada tinha, mas nem com o pouco ar que entra pela janela do condutor a faz ficar melhor. E piorava. Parecia que milhares de pessoas estão dando-lhe socos ou que está a ser espezinhada na barriga. Então disse:

- Pare o carro, por favor. - O taxista abranda o carro até ficar só com o motor a trabalhar.

- Onde vais? - Pergunta Marcel quando ela abriu a porta.

- Eu vou o resto a pé.

- Então eu vou contigo.

- A minha casa é mesmo ali, podes ir. - Ela fechou a porta e o taxista retomou a sua condução.

Luana anda com o passo apressado no meio da escassa luz que a rua tem. Ouve uns passos que não os seus, olha em volta e não vê ninguém. Já não sabe se está a ouvir coisas, ou se é o efeito da bebida ou por causa do cansaço. Seguiu em frente, ignorando os passos que ainda faziam-se ouvir, mas os passos foram aumentando e aumentando, até que puxam-lhe pelo braço. Ela tenta defender-se, do que viu ser um rapaz alto e musculado, dando-lhe socos ou golpes que aprendeu vendo wwe mas a) ele era muito mais forte que ela, b) desde que se lembra na wwe nunca ouve nenhum combate entre uma mulher e homem e c) estava muito nervosa para sequer acertar-lhe na cara.

O homem alto e musculado levou-a para dentro de um carro grande e preto, atou as mãos dela e os pés e amarrou um lenço na sua boca. Ele guiou para uma estrada cheia de enormes árvores nas bermas. E parou assim que entrou na garagem de uma mansão.

Pegou-a ao colo e entrou na casa, mais precisamente para um quarto no mínimo luxuoso, com grandes vidraças e com uma cama enorme. O rapaz desfez a cama e deitou-a lá, tirando os sapatos altos e cobrindo-lhe com um cobertor. E sem dizer nenhuma palavra, saiu deixando-a lá sozinha. "Se isto é um rapto, então não me importava de estar raptada para sempre" pensou vendo a luxúria que tinha à sua volta. Talvez por pensar que isto não fosse real ou por estar mesmo cansada, dormiu.

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