ELA?

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Já estava no último dia da viagem, amanhã de tarde já estarei voltando para casa, passei o resto dos dias com Augusto, e foi tão maravilhoso, tinha esquecido como é ser cuidada por alguém e como é quando alguém realmente se importa com você, apesar que nos últimos 3 dias, eu quem mais me preocupei, Augusto começou a se sentir muito mal, ter cãibras musculares, dificuldade respiratória e sua mãos falharam algumas vezes, devido a esses problemas temos dormido na casa de seus pais, mas agora estamos no hospital, não quero deixá-lo sem saber o que ele realmente tem meu coração ficaria apertado, e ainda mais se eu souber que é algo grave, mas o que eu farei? Fui retirada dos meus pensamentos quando a recepcionista nos chamou.
Senhor Augusto Tavares? - chamou.
Sim? - disse augus.
O Dr. Fabio esta esperando na sala 5. - explicou.
Levantamos e fomos em direção a sala, chegamos e o médico era jovem, em torno de 25 anos, era loiro, olhos castanhos escuro, meio bronzeado, robusto, fiquei atraída por ele não vou negar, mas eu me controlei devido ao Augus, o Dr. Fabio começou examiná-lo, e olhava para os papéis com uma cara de que não era nada bom.
Então Sr. Augusto, você está com ELA. - disse Dr.
ELA? Esclerose lateral amiotrófica? -perguntou Augus. O Dr. afirmou.
E que doença seria isso? -perguntei.
É uma doença degenerativa do sistema nervoso, que acaba em paralisia motora progressiva, de uma maneira limitante. - explicou Dr.
Isso tem cura? - perguntei, com os olhos cheios de lágrimas.
Infelizmente não. - respondeu o Dr.- você perderá as forças nos membros, não conseguirá fazer coisas sozinhos, não conseguirá andar, terá muita dificuldade em comer e falar, mas ela não afeta a visão, olfato, paladar, audição e tato, mas ainda sim pode ter relações sexuais, mas vão ser mais complicadas, e também não te garanto que terá muito tempo de vida infelizmente. - terminou o Dr.
Minhas lágrimas não cabiam mais em meus olhos, caiam sem parar, Augus estava em choque, mas ao mesmo tempo parecia bravo.
Quanto tempo o Sr. diria que eu tenho? - perguntou Augus.
Uns 3 anos no máximo, depende de como a doença se manifestar no seu corpo, possa ser antes ou daqui a 10 anos, não posso ter certeza. - Explicou o Dr.
Augus se levantou, e saiu da sala sem dizer nada, agradeci ao médico e corri atrás dele.
Augus, espere. - pedi- vamos passar em outro médico, talvez ele esteja errado.
Não Roberta, não quero ouvir de outro médico que eu vou morrer, e se outro me disser que eu só tenho um ano, não obrigado. - disse, e entrou no carro do lado do passageiro. Entrei no lado do motorista, e voltamos para a casa do seus pais, durante o trajeto todo não dissemos nem uma única palavra, quando chegamos seus pais estavam sentados no sofá conversando, quando ouviu a porta se abrindo, logo nos olharam.
Meu filho, como foi no médico? - perguntou Sra. Camila.
Tirando o fato que o Dr. disse que estou com ELA, e que vou morrer aproximadamente daqui a 3 anos, foi tudo bem. -respondeu, subindo para o quarto.
ELA? Não pode ser, diga que é brincadeira querida! - Disse Sra. Camila, com os olhos cheio de lágrimas em minha direção.
Infelizmente não, e é uma doença que vai delimitando seus movimentos, entre outras coisas. - expliquei, com as lágrimas caindo novamente.
Não posso acreditar! Não posso viver sem meu filho! - gritou Sra. Camila, e veio ao meu encontro e me abraçou.
Não quero que ele morra! Por favor, vocês tem que tentar achar alguma cura, remédio, que seja, não posso perdê-lo! - disse entre soluços, enquanto encharcava a blusa da Sra. Camila com minhas lágrimas.
Faremos o possível e o impossível, fique tranquila querida! - disse Sr. Ricardo, enquanto abraçava eu e a Sra. Camila.
Deixei eles na sala, e fui para o quarto de Augus, ele estava deitado na cama, com os olhos vermelhos e inchados de chorar, corri ao seu encontro e abracei-o, podia ver o cansaço em seu rosto, fui até seu banheiro liguei a banheira, quando ficou cheia, voltei até ele e o puxei para um beijo lento e doce, e fomos para a banheira, dessa vez foi diferente, eu fiquei atrás dele, eu que te dei banho, era eu que estava sendo um abrigo, era eu que estava sendo um chão.
Ro? - me chamou.
Sim? - respondi.
Eu te amo! - disse, e virou-se e beijou-me.
Eu também te amo! - respondi. Tomamos um banho bem demorado, e se deitamos na cama, eu não consegui dormi devido à sua dificuldade em respirar, estava com medo dele parar de respirar de vez. Amanheceu, quantas horas eu dormi? Devo estar com uma cara péssima, mal preguei o olho enquanto ele estava dormindo, olho para o lado e Augus não está lá, faço minha higiene e desço, me deparo com as minhas malas na porta, e vou até a cozinha.
Porque minhas malas estão na porta? - pergunto.
Porque você está indo embora! - explica.
Não estou, não vou te deixar! - digo brava.
Você não vai ficar, porque eu não quero, quero que vá embora! Entre nós foi apenas sexo, e eu cansei de você, pensei que conseguia ter um relacionamento mas não consigo. - disse.
Você está mentindo! Você disse que me amava! - gritei, e as lágrimas caíram - Porque está fazendo isso agora? - perguntei.
Eu nunca te amei! Eu já disse, queria um sexo, e agora quero que vá embora. - disse, e saiu da cozinha e foi em direção a escada, fui atrás dele.
Você é um péssimo mentiroso, mas tudo bem, você quer que eu vá embora tudo bem, mas você sabe que vai sentir minha falta e vai me implorar pra voltar! - disse, peguei minhas coisas e fui embora.

**** Narração Augusto ****
O que foi essa gritaria toda? - perguntou minha mãe.
Estava mandando a Ro ir embora. - expliquei, enquanto pegava um copo e colocava wisky.
Mas porque? Ela é uma garota maravilhosa, ela gosta de você. - disse.
Eu sei, ela disse que me ama, e eu a amo também! - disse e lágrimas caíram de meus olhos.
Não entendo, qual o problema? - perguntou.
O problema? Eu vou morrer, não ouviu o que eu disse ontem? - gritei - Não quero que ela carregue um fardo, minha vida vai ser destruída, a de vocês também, não preciso que ela também perca a vida, ela tem o direito de viver, quero que ela viva já que eu não poderei. - expliquei, e mais lágrimas caíram - Não quero que ela perca tudo que ela construiu e tem pra construir por ficar cuidado de mim, não posso fazer isso com ela.
Você sabe que ela faria isso sem você pedir, ela te ama, não a deixe ir embora filho, ela pode te dar uma vida no tempo que te resta. - ela disse, com um sorriso no rosto.
Não posso fazer isso com a vida da Ro, e depois quando eu morrer? Ela vai ter perdido anos por minha culpa, ela vai perder tudo e tudo em vão, mas eu a amo tanto, não quero que ela largue tudo por mim, mas gostaria que ela largasse por vontade própria!

Um acaso do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora