Em meio à tanta responsabilidade eu acabo perdendo-me, acumulando dor não sentida.
Meu nome é Calíope Hall e eu sou A Filha de um Milionário. 23 primaveras vividas e formada em administração. O que tem de errado nisso? Até que nada, vendo por esse lado. Meu pai Daniel Hall, como vocês já sabem, é um milionário dono de uma das maiores empresas de São Francisco nos Estados Unidos, apesar de estar sempre com um sorriso no rosto, é um homem egocêntrico e muito rude. Não que eu não goste dele, eu até gosto, mas esse negócio de ele me forçar a fazer faculdade de administração só porque ele que iria pagar, deixou minha relação meio abalada com ele. Ele é casado com Amber, uma mulher muito bonita e simpática, não sei porque está casada com um homem como ele. Ela tenta ser legal comigo, porém eu não dou muito espaço. Minha mãe fugiu com seu namorado hippie, disse que tem que "mostrar a paz as pessoas do mundo", não sofro muito com isso, ela me largou com meu pai desde que eu tinha uns 3 anos, e agora já se faz 20 que ela fugiu. Meu pai tem dois filhos com Amber, uma rockeira de 18 anos e um cafajeste de 19, eu mereço. Sou a filha mais velha e como já fiz faculdade, meu pai me colocou na parte administrativa da empresa, não é nada fácil, sou jovem, tenho 23 anos e muita responsabilidade.
A última vez que eu namorei foi no ensino médio, mas meu pai cortou meu relacionamento assim que soube. Ele não gosta que eu me relacione com muitas pessoas. Apesar disso, eu ainda saio todas as noites pra curtir baladas, sou muito só e isso me entristece um pouco. Não tenho amigos, pois, as meninas da minha escola sempre fugiam de mim por eu ter uma personalidade forte, e os meninos não ficavam de fora.
Nesse momento eu estava sentada na minha cadeira, dentro da minha sala enorme, encarando o relógio. Atrás de mim as cortinas estavam entreabertas, dando vista a um pôr do sol, através da minha parede de vidro. Faltava apenas um minuto para as seis, e eu contava os segundos para ir embora, assim era todos os dias naquela empresa. Assim que deu seis horas em ponto, me levantei com um sorriso enorme no rosto, alisei o vestido com minhas mãos suadas, peguei minha bolsa e meus papéis e sai da minha sala. Dei de cara com meu pai e mais dois empresários amigos dele.
-Foi muito boa na sua reunião hoje.- falou meu pai, próximo ao meu ouvido, dei um sorriso triunfante e me virei para ele.
-Eu sempre sou.- falei sorrindo e apertando o botão do elevador.
Ele ficou me encarando com seus olhos negros e redondos e então a porta do elevador se abriu, seu olhar me intimidava, limpei a garganta e entrei no elevador. Ficamos em silêncio por um tempo, até sairmos da empresa, ainda na frente do prédio, meu pai falava ao telefone enquanto um dos seus motorista abria a porta para mim, me aconcheguei dentro do carro e meu pai entrou, logo demos partida para casa.-Boa noite.- falou meu pai enquanto chegávamos na sala principal da casa, onde estavam meus irmãos jogados no sofá e Amber sentada em uma poltrona com alguns papéis em mãos.
-Boa noite.- respondeu Alex, meu irmão cafajeste. Mia, minha irmã caçula, ficou em silêncio, mas seus fones gritavam algum tipo de rock pesado. Seus dedos batucavam sobre suas coxas pálidas.
-Olá querido.- falou Amber dando um sorriso carinhoso e beijando meu pai.- Oi querida.- ela disse me encarando e ainda com o mesmo sorriso no rosto, acenei com a cabeça e dei um sorriso amarelo, corri pro meu quarto, essa família é estranha.Entrei no meu imenso quarto, o único cômodo daquela casa no qual eu tinha um pouco de paz, não me esquecendo da estufa que mamãe criará antes de fugir. As vezes eu só queria ser uma adolescente normal, aproveitar a vida, conhecer pessoas, rir com as amigas, sair com os amigos e morrer de amor por alguém. Mas eu não tinha nada disso, eu tinha muito dinheiro, uma família estranha e um sonho. Sim, Calíope Hall, uma garota egoísta e determinada tinha um sonho. Vou te contar qual é, eu sonho todas as noites em viver de cinema. Eu sou completamente apaixonada por filmes e infelizmente meu pai não me deixou fazer teatro. Ao invés de viver de personagens e emoções, eu vivo de contas e papéis, muitos papéis.
Me joguei na cama e dei um longo suspiro, deixando todo o ar que estava preso, sair sem preocupação. Depois de uns minutos ali jogada, entrei na minha rede social e descobri que iriam inaugurar uma baladinha ali perto, corri pro banheiro tirando meu vestido e tomei um longo banho na minha banheira. Logo saí enrolada na minha toalha e entrei no meu closet, vamos ver... Optei por um vestido preso no busto e solto depois da cintura, era preto e de renda. Pus o vestido e peguei um salto preto, corri pra frente do espelho e fiz uma maquiagem, abusando do delineador e da sombra preta esfumada. Arrumei meus cabelos ruivos, que passavam dos meus seios e estavam enrolados. Passei meu perfume importado e pisquei para o espelho, pronta, eu estava pronta. Desci as escadas e quando cheguei na sala só estavam os meus dois irmãos pirralhos.
-Já vai piriguetiar?- perguntou Mia, tirando um dos seus fones para me infernizar.
-Cala boca.- falei revirando os olhos e pegando minhas chaves em cima da mesinha.
-Não dê muito trabalho para os garotos lá, viu maninha?- disse Alex piscando para mim e dando um sorriso sacana. Mostrei meu belo dedo do meio, com minhas garras pretas para ele.
Sai correndo pro meu carro e dirigi até uma rua escura com um enorme local fechado e música alta. Vibrei só de ouvir, desci do carro, rindo discreta dos olhares que os garotos davam sobre mim e então entrei na balada, paguei meu ingresso e dei de cara com a coisa mais louca que eu tinha visto. Era a melhor balada da minha vida, fui dançando animada até o bar e comprei uma vodka. Comecei a beber e dançar na pista, estava tocando uma música eletrônica e as luzes variavam do vermelho ao verde. Até que sinto alguém pegar na minha cintura e me viro para o dono da mão.
-Te peguei.- disse um garoto moreno, com os cabelos castanhos e os olhos verdes, ele era muito sedutor. Sorri de canto e e ele chegou mais perto.
-Quer dançar?- perguntou.
-Seria muito bom.- eu disse, pronto, minha noite estava só começando.
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A Filha de um Milionário
RandomE quem diria que uma esquina que eu cruzaria transformaria minha vida de uma maneira absurda.