Capítulo 31 - Detetizando

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"Apenas me diga o que você quer de mim, Porque...quero dizer, você quer que eu vá embora?"
-Querido John


A vida é tão imprevisível. Em um dia você tem tudo e no outro tem tão pouco. Em um dia você ama, no outro não ama. Em um dia você tem aquela tal pessoa, e no outro ela simplesmente vai embora sem olhar pra trás. O fato é, eu amo Austin Augusto Martinez, mas o nosso para sempre, pode ter acabado.


Ele tinha todo os motivos para estar chateado comigo, já que não me atendia a exatos dois dias desde que ele me flagrou nos braços de Chad (mesmo que não fora de propósito). Ele tem razões para achar que eu e meu vizinho estávamos nos dando uns pegas bem no dia do meu aniversário, claro. Mas para mim era tão nítido que eu só queria estar com ele, mas ele não enxergava isso.

Chad é uma boa pessoa, atraente e muito inteligente. Mas Austin é meu infinito, é um mistério, é minha magnitude. Eu não o trocaria por nada, e estaria aqui mesmo que ele não quisesse. Como era o caso agora.

Eu estava mais uma vez sentada na cadeira do meu escritório, desta vez olhando para a vista pela parede de vidro, o sol adentrava na minha sala média de forma abrupta, minha mente tão perturbada com a idéia absurda de que ele não quisesse mais me ver, me ouvir... Eu precisava bolar um plano para me explicar, queria vê-lo, queria tocar-lo e beija-lo. Precisava ir até seu quarto como de costume, me deitar com a cabeça no seu peito e ouvir teus batimentos cardíacos e por fim desabrochar meu coração em cima dele. Mas não podia, melhor dizendo, tinha medo de incomodar.

-Calíope?- meu pai me chamou, virei bruscamente para frente fazendo a cadeira de rodinhas girar rapidamente e enfim cravei meus olhos nos do meu velho, tão desconcertada quanto um ser humano no primeiro dia de horário de verão.
-Sim?- respondi por fim, mechendo nas minhas pastas em cima da mesa, só para não ter que lhe encarar.
-Enfim filha, eu vou viajar hoje depois do trabalho, pra casa da mãe da Amber, só queria saber se você pode dar uma ajudinha pra Mia na empresa enquanto eu ficar fora? Vão ser só 10 dias filha...- ele disse como em um apelo.
-Ah claro pai.- disse derrubando sem querer uma agenda da minha mesa, abaixei e peguei rapidamente a pequena caderneta.
-Calíope, está tudo bem?- meu pai perguntou pondo as mãos na cintura, como ele fazia quando estranhava algo.
-Sim, porque não estaria?- respondi com um sorriso falso no rosto.
-Hm, tá bem, de qualquer maneira, vou indo, beijos e se cuida.- ele disse vindo em minha direção enquanto eu me levantava e depois me abraçou.

Logo após meu pai sair da minha sala, já era horário de ir embora, então arrumei minhas coisas e por acaso encontrei minha irmã no elevador, disse a ela que iria ajudar-la nas coisas da empresa e logo depois me despedi indo embora.

Estava no elevador do meu prédio, enquanto procurava as chaves do meu apartamento, então eu as encontrei e entrei em casa, larguei minhas coisas em qualquer lugar como sempre e fui direto pro meu quarto, desfiz o coque do cabelo, tirei os saltos e o vestido, entrei no meu banheiro e deixei a água caindo na banheira, enquanto pegava meu pijama de ursinho e colocava em cima da cama, finalmente fui tomar banho.

Estava relaxando na banheira, fazia mais ou menos uns 20 minutos, quando vejo algumas coisas pretas no box do banheiro, saio pingando da banheira, pego uma toalha e vou até lá e com muito cuidado abro a portinha do box, me deparo com uma quantidade absurda de baratas voando, dou um grito e caio no chão, jogo a toalha no box e o fecho com o pé, algumas saíram de lá então me levantei e corri dali, comecei a me coçar, amarrei uma toalha no meu corpo e corri pra sala gritando, bati em algo rígido e gritei novamente e comecei a me coçar novamente.
-Ouvi os gritos, o que foi?- Chad disse assustado, apenas apontei em direção ao meu quarto, e uma barata apareceu voando.

Chad correu mais do que eu, começamos a pular no sofá e gritamos juntos, e não adianta dizer que ele é gay não, porque convenhamos, barata é barata, mais barata que voa é outro nível. Fomos para casa dele e eu liguei para a empresa de dedetização, logo eles chegaram e disseram que eu teria que ficar fora de casa por uma semana. Ótimo. Peguei algumas roupas e tudo o que eu precisava e como sugerido por Chad, eu decidi que iria ficar na casa dele. Ótimo denovo.

-Senhorita, você logo poderá ir pra sua casa, em apenas uma semana tudo vai estar em perfeitas condições. Parece que as baratas saíram pelo ralo do box.- foi o que o dedetizador me disse antes de ir embora em sua van branca e velha.

Já estávamos deitados, fiquei no quarto de hóspedes, e Chad, claro em seu quarto. Minha cabeça estava uma confusão tão grande esses últimos dias, era minha casa lotada de baratas, é meu caso indefinido com Austin, minha família doida, empresa um caos, estava tudo indo de mal a pior.

Tentei dormir um pouco, e sem sucesso, fiquei vendo a chuva cair pela janela, pensei na minha vida, nos meus objetivos, no meu cansaço psicológico, em Austin...

Principalmente em Austin...

Ah como ele era lindo, seus olhos diziam tanto sobre seu eu interior, em como ele sempre fingia estar indo tudo mil maravilhas, seus lábios lindos meio ressecados nos dias cansativos, seu cabelo desgrenhado e sua risada infalível. Comecei a chorar, estava tão triste ultimamente, uma gota caiu na janela, fazendo com que eu me lembrasse que estava caindo o mundo lá fora, e pela primeira vez na semana, por um minuto, me senti aquecida e protegida, pois o céu também chorava comigo.

A Filha de um MilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora