Capítulo 3 - O que você faz aqui?

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No dia seguinte a empresa estava uma loucura, eu já tinha feito uma reunião e teria mais uma em poucos minutos. Estava organizando alguns papéis e olhando alguns documentos que estavam gravados no computador, quando fui pega de surpresa por uma gritaria no corredor e de repente minha porta abriu bruscamente e uma ruiva apareceu, logo atrás veio minha secretária tentando segura-la.
-Senhora eu tentei conter a moça aqui mas...- minha secretária tentou se explicar aflita, mas eu a calei levantando apenas um dedo e encarando a ruiva. Eu conhecia aqueles cabelos ruivos, aqueles olhos verdes.
-Pode se retirar.- falei pra minha secretária, que obedeceu.
Voltei a me sentar na minha cadeira e sem tirar os olhos da ruiva, mandei ela sentar apenas com um gesto, ela se sentou e começou a olhar envolta do meu escritório, pousei o meu rosto em cima da minha mão e continuei lhe encarando, ela era muito peculiar. Tinha cabelos desgrenhados porém ruivos, olhos cansados mas eram verdes, uma pele marcada pelo tempo, mas ainda sim muito bonita e usava roupas estranhas, colares artesanais, vestido de várias cores, e uma sandália.
-Quem é você?- perguntei intrigada. A ruiva sorriu, seus dentes meio tortos, meio amarelo.
-Eu sou a sua mãe, querida.- falou a mulher, com uma voz carinhosa e animada, pousando sua mão ossuda sobre a minha. Engoli em seco e retirei minha mão, evitando contato visual.
-Mãe?- Ela balançou o rosto de forma positiva.-Ramona, o que você quer aqui?- perguntei de uma vez por todas. Ela pareceu surpresa com a pergunta e com minha voz rude, mas ainda sim soltou um breve sorriso satisfeito e cansado.
-Eu vim porque preciso da sua ajuda, Calí.- ela disse. Me levantei exaltada e lhe encarei, uma ruguinha surgiu na minha testa, eu estava nervosa.
-Ajuda? Agora você lembra que tem uma filha? Só porque precisa da minha ajuda?- perguntei com a voz embargada, eu não estava acreditando que depois de 13 anos sem nós nos vermos ela vem atrás de mim para pedir ajuda.
-Escute-me Calíope Hall, depois você pode tacar quantas pedras quiser em mim.- ela disse e uma ruguinha surgiu na sua testa, eu engoli em seco, eu era idêntica a ela.
-Diga.- balbuciei, me sentando denovo. Ela respirou fundo antes de começar, como se aquilo que ela iria dizer, não fosse nada fácil.
-Bom... Calíope, eu estou grávida de 5 meses... e bom, eu estou morando de favor em uma casa pequena no subúrbio, eu peço, com todo o meu coração, que você me ajude.- falou, meu coração quase saltou pela boca. Eu abri e fechei a minha boca várias vezes, sem saber o que falar.
-Grávida...- repeti, meus olhos percorrendo a minha sala, esbugalhados de espanto.
-Sim, grávida.- ela disse com uma voz embargada e alisando a barriga que já estava um pouco grandinha.
-Você não deu conta de cuidar nem de mim, porque acha que vai dar conta de cuidar de um bebê? E ainda morando de favor.- falei, rindo com escárnio, mas meus olhos estavam cheios de lágrimas. Ela se levantou e me encarou com um olhar de arrependimento e dor. Entendi o que aquilo queria dizer, ela estava formando a família dela.
-Tudo bem.- falei limpando meu rosto.- Tudo bem, como espera que eu vá ajudar?
Ela sorriu satisfeita e se sentou denovo. Ela queria que eu a ajudasse a pagar um aluguel pra ela e o enxoval do bebê, fiz um cheque gordo e lhe entreguei.
-Agora você tem que ir embora, eu tenho uma reunião pra agora.- falei encarando os ponteiros do relógio, ela sorriu e veio até mim agradecendo e me abraçando. Logo depois sumiu pela porta, eu sabia que ela iria sumir por mais alguns anos, mas estava feliz por ela.

A reunião foi um saco, estava acabando agora. Meu pai estava falando com alguns empresários na porta, e eu estava sozinha dentro da sala, arrumando alguns papéis dentro da minha maleta, quando alguém chega perto de mim e eu me viro para encarar a pessoa. Era um dos filhos dos empresários amigos do meu pai.
-Boa tarde senhorita.- ele disse beijando minha mão.
-Boa tarde, por favor, não seja patético.- falei dando as costas pra ele e saindo com minha maleta em mãos.
Ele ainda sim veio atrás de mim, rindo. O elevador se abriu e eu entrei, logo em seguida ele entrou, que que era agora? Perseguição?
-Você tá me perseguindo?- perguntei me afastando dele.
-Não não senhorita. Só quero que você venha jantar comigo.- falou sorridente.
-Jantar? Desculpe, não tenho tempo para isso.
-Claro que tem Calíope Hall.- falou.- Você tem tempo para frequentar as baladinhas da cidade, mas não tem tempo para jantar com um amigo?- falou, Oi? Amigo? Desde quando?
-Tudo bem, outro dia eu te ligo e nós vamos jantar, hoje estou exausta.- falei e ele me entregou o número dele, e eu dei o meu.
-Apolo Higgins, a seu dispor.- ele disse piscando e saiu do elevador. Respirei fundo e soltei o ar, deixando meus ombros caírem.

Após chegar em casa, estava tudo muito quieto. Neena veio me dizer que todos me aguardavam no escritório do papai, o que era agora? Meu dia não parava de ser esquisito. Entrei no escritório e papai estava sentado, logo do seu lado estava Amber agarrada a ele, Mia estava com seus fones, jogada em uma poltrona no canto e Alex estava de pé, perto dos livros, com as mãos no bolso e o cabelo bagunçado.
-O que foi?- perguntei parando a alguns passos da mesa.
-Oi filha.- Meu pai se levantou.
-Estávamos te aguardando.- disse Amber com um sorriso cativante no rosto, se levantando também.
-Disso eu sei.- disse e ela bufou.- Mas do que se trata o assunto?
-O que você acha de nós viajarmos?- meu pai disse e meus olhos brilharam. Já falei que amo viajar?
-Por mim tudo ótimo, pai.- falei e um sorriso brotou nos meus lábios, todos me encararam com surpresa, era raro eu sorrir diante deles, logo fechei meu sorriso e limpei a garganta.- Mas para onde?
-Bom, Amber sugeriu Paris.- tinha que ser a Amber.- Alex sugeriu Las Vegas e Mia sugeriu Seattle, o que você sugere?- perguntou ele e todos os olhares foram direcionados para mim.
-Hollywood.- falei e um sorriso quis brotar no meu rosto.
-Hollywood...Bom, é uma boa opção, iremos amanhã para Hollywood.- ele disse e todos saíram da sala, fui até ele e o abracei.
-Obrigada papai.- falei e ele sorriu.

Fui pulando de alegria para o meu quarto e pus uma música para me animar, peguei uma das minhas malas e abri, fui até o meu closet e peguei tudo que eu queria levar. Quando terminei, eu estava exausta, o relógio marcava 02h25 da madrugada. Coloquei as três malas lado a lado na parede e fui tomar um banho, não demorei muito pois meus pés estavam me matando e eu queria muito dormir, amanhã eu iria realizar meu sonho de conhecer Hollywood e eu estava muito feliz por isso.

A Filha de um MilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora