No dia seguinte a empresa estava uma loucura, eu já tinha feito uma reunião e teria mais uma em poucos minutos. Estava organizando alguns papéis e olhando alguns documentos que estavam gravados no computador, quando fui pega de surpresa por uma gritaria no corredor e de repente minha porta abriu bruscamente e uma ruiva apareceu, logo atrás veio minha secretária tentando segura-la.
-Senhora eu tentei conter a moça aqui mas...- minha secretária tentou se explicar aflita, mas eu a calei levantando apenas um dedo e encarando a ruiva. Eu conhecia aqueles cabelos ruivos, aqueles olhos verdes.
-Pode se retirar.- falei pra minha secretária, que obedeceu.
Voltei a me sentar na minha cadeira e sem tirar os olhos da ruiva, mandei ela sentar apenas com um gesto, ela se sentou e começou a olhar envolta do meu escritório, pousei o meu rosto em cima da minha mão e continuei lhe encarando, ela era muito peculiar. Tinha cabelos desgrenhados porém ruivos, olhos cansados mas eram verdes, uma pele marcada pelo tempo, mas ainda sim muito bonita e usava roupas estranhas, colares artesanais, vestido de várias cores, e uma sandália.
-Quem é você?- perguntei intrigada. A ruiva sorriu, seus dentes meio tortos, meio amarelo.
-Eu sou a sua mãe, querida.- falou a mulher, com uma voz carinhosa e animada, pousando sua mão ossuda sobre a minha. Engoli em seco e retirei minha mão, evitando contato visual.
-Mãe?- Ela balançou o rosto de forma positiva.-Ramona, o que você quer aqui?- perguntei de uma vez por todas. Ela pareceu surpresa com a pergunta e com minha voz rude, mas ainda sim soltou um breve sorriso satisfeito e cansado.
-Eu vim porque preciso da sua ajuda, Calí.- ela disse. Me levantei exaltada e lhe encarei, uma ruguinha surgiu na minha testa, eu estava nervosa.
-Ajuda? Agora você lembra que tem uma filha? Só porque precisa da minha ajuda?- perguntei com a voz embargada, eu não estava acreditando que depois de 13 anos sem nós nos vermos ela vem atrás de mim para pedir ajuda.
-Escute-me Calíope Hall, depois você pode tacar quantas pedras quiser em mim.- ela disse e uma ruguinha surgiu na sua testa, eu engoli em seco, eu era idêntica a ela.
-Diga.- balbuciei, me sentando denovo. Ela respirou fundo antes de começar, como se aquilo que ela iria dizer, não fosse nada fácil.
-Bom... Calíope, eu estou grávida de 5 meses... e bom, eu estou morando de favor em uma casa pequena no subúrbio, eu peço, com todo o meu coração, que você me ajude.- falou, meu coração quase saltou pela boca. Eu abri e fechei a minha boca várias vezes, sem saber o que falar.
-Grávida...- repeti, meus olhos percorrendo a minha sala, esbugalhados de espanto.
-Sim, grávida.- ela disse com uma voz embargada e alisando a barriga que já estava um pouco grandinha.
-Você não deu conta de cuidar nem de mim, porque acha que vai dar conta de cuidar de um bebê? E ainda morando de favor.- falei, rindo com escárnio, mas meus olhos estavam cheios de lágrimas. Ela se levantou e me encarou com um olhar de arrependimento e dor. Entendi o que aquilo queria dizer, ela estava formando a família dela.
-Tudo bem.- falei limpando meu rosto.- Tudo bem, como espera que eu vá ajudar?
Ela sorriu satisfeita e se sentou denovo. Ela queria que eu a ajudasse a pagar um aluguel pra ela e o enxoval do bebê, fiz um cheque gordo e lhe entreguei.
-Agora você tem que ir embora, eu tenho uma reunião pra agora.- falei encarando os ponteiros do relógio, ela sorriu e veio até mim agradecendo e me abraçando. Logo depois sumiu pela porta, eu sabia que ela iria sumir por mais alguns anos, mas estava feliz por ela.A reunião foi um saco, estava acabando agora. Meu pai estava falando com alguns empresários na porta, e eu estava sozinha dentro da sala, arrumando alguns papéis dentro da minha maleta, quando alguém chega perto de mim e eu me viro para encarar a pessoa. Era um dos filhos dos empresários amigos do meu pai.
-Boa tarde senhorita.- ele disse beijando minha mão.
-Boa tarde, por favor, não seja patético.- falei dando as costas pra ele e saindo com minha maleta em mãos.
Ele ainda sim veio atrás de mim, rindo. O elevador se abriu e eu entrei, logo em seguida ele entrou, que que era agora? Perseguição?
-Você tá me perseguindo?- perguntei me afastando dele.
-Não não senhorita. Só quero que você venha jantar comigo.- falou sorridente.
-Jantar? Desculpe, não tenho tempo para isso.
-Claro que tem Calíope Hall.- falou.- Você tem tempo para frequentar as baladinhas da cidade, mas não tem tempo para jantar com um amigo?- falou, Oi? Amigo? Desde quando?
-Tudo bem, outro dia eu te ligo e nós vamos jantar, hoje estou exausta.- falei e ele me entregou o número dele, e eu dei o meu.
-Apolo Higgins, a seu dispor.- ele disse piscando e saiu do elevador. Respirei fundo e soltei o ar, deixando meus ombros caírem.Após chegar em casa, estava tudo muito quieto. Neena veio me dizer que todos me aguardavam no escritório do papai, o que era agora? Meu dia não parava de ser esquisito. Entrei no escritório e papai estava sentado, logo do seu lado estava Amber agarrada a ele, Mia estava com seus fones, jogada em uma poltrona no canto e Alex estava de pé, perto dos livros, com as mãos no bolso e o cabelo bagunçado.
-O que foi?- perguntei parando a alguns passos da mesa.
-Oi filha.- Meu pai se levantou.
-Estávamos te aguardando.- disse Amber com um sorriso cativante no rosto, se levantando também.
-Disso eu sei.- disse e ela bufou.- Mas do que se trata o assunto?
-O que você acha de nós viajarmos?- meu pai disse e meus olhos brilharam. Já falei que amo viajar?
-Por mim tudo ótimo, pai.- falei e um sorriso brotou nos meus lábios, todos me encararam com surpresa, era raro eu sorrir diante deles, logo fechei meu sorriso e limpei a garganta.- Mas para onde?
-Bom, Amber sugeriu Paris.- tinha que ser a Amber.- Alex sugeriu Las Vegas e Mia sugeriu Seattle, o que você sugere?- perguntou ele e todos os olhares foram direcionados para mim.
-Hollywood.- falei e um sorriso quis brotar no meu rosto.
-Hollywood...Bom, é uma boa opção, iremos amanhã para Hollywood.- ele disse e todos saíram da sala, fui até ele e o abracei.
-Obrigada papai.- falei e ele sorriu.Fui pulando de alegria para o meu quarto e pus uma música para me animar, peguei uma das minhas malas e abri, fui até o meu closet e peguei tudo que eu queria levar. Quando terminei, eu estava exausta, o relógio marcava 02h25 da madrugada. Coloquei as três malas lado a lado na parede e fui tomar um banho, não demorei muito pois meus pés estavam me matando e eu queria muito dormir, amanhã eu iria realizar meu sonho de conhecer Hollywood e eu estava muito feliz por isso.
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A Filha de um Milionário
RandomE quem diria que uma esquina que eu cruzaria transformaria minha vida de uma maneira absurda.