Capítulo 12 - Ou conta você, ou conto eu.

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No dia seguinte acordei quarenta minutos antes do meu horário certo de acordar, me virei para o outro lado para tentar dormir, mas simplesmente não consegui. Acho que aquilo do meu pai trair a Amber ficou na minha cabeça a noite toda, eu só estou mal pelo fato de achar ela uma mulher legal que não merece um marido egoísta e abusivo como meu pai. Quando vi que seria impossível voltar ao meu respectivo sono, me levantei da cama suspirando e fui até o banheiro, tomei um banho, escovei os dentes e lavei o rosto, fiz uma maquiagem básica e escolhi um vestido preto ajustado no meu corpo, um salto e um colar e por fim arrumei o cabelo em um coque firme. Quando estava saindo do closet, vejo Neena arrumando minha cama. Sorrio para ela que retribui o sorriso e vou em direção ao meu computador.
-Bom dia, Neena.- falei, me sentando na minha cadeira giratória e checando meus email's.
-Bom dia Calí.- falou.- Caiu da cama?- perguntou e eu ri.
-Não, só estou preocupada demais para conseguir dormir.- falei baixinho e suspirando, enquanto digitava um pequeno texto para um empresário chinês.
-Perdão, não entendi senhorita?- ela disse e eu desliguei o computador, me levantando e caminhando em direção a ela.
-Nada Neena, nada.- falei e dei um beijo estalado na bochecha da mulher rechonchuda. Ela corou e eu ri.
Peguei minha bolsa e minha maleta e desci as escadas, encontrando todos na mesa do café da manhã, pus minhas coisas na cadeira ao lado e me sentei, saudando todos com um bom dia. Meu pai não parava de me encarar, com um olhar intimidador e ao mesmo tempo suplicante, eu lhe lançava um olhar sombrio todas as vezes que nossos olhares se encontravam. Enquanto todos conversavam na mesa, eu me preocupava em manter minha boca cheia de mamão, eu adorava frutas no café da manhã. Dessa vez não esperei meu pai se levantar, me levantei de uma vez por todas e peguei minhas coisas, logo dando um Tchau para todos, então fui para o carro e não vi meu pai se levantando. Marchei até o carro, e lá estava meu querido Austin Martinez parado, estonteante em um terno, as mãos para trás e o queixo erguido, assim que me viu abriu um sorriso, olhando para os lados para se certificar se ninguém estava vendo aquilo, logo depois abriu a porta e eu cheguei bem perto do seu rosto, pude perceber sua tensão se alastrando pelo seu corpo, eu ri internamente do seu nervosismo, qual é? Ele acha que eu vou beija-lo no jardim da casa? Aqui deve ter umas quinhentas câmeras, fora os jardineiros que deviam estar por aí, e as empregadas nos andares de cima, nas sacadas. Quando nossas respirações se tornaram únicas, e eu ouvi passos em direção ao carro, eu apenas sorri e entrei no carro, pude ver seus ombros se relaxando aos poucos, logo meu pai apareceu para tirar meu sorriso do rosto e entrou no carro.

Chegando na empresa eu corri direto para a minha sala, não queria dar chances do meu pai ter que falar comigo sobre o que eu vi. Mas infelizmente meu plano se frustrou.
-Precisamos conversar.- ele disse, atrás da minha porta e com metade do corpo dentro do cômodo. Olhei séria para ele e apenas assenti com a cabeça, voltando a digitar no meu notebook. Ele se sentou a minha frente e eu voltei minha atenção para ele, entrelaçando minhas mãos em cima da mesa.
-Pode falar.- falei dura, ele suspirou.
-Querida...- começou, Querida? Qual é.- Eu sei que você deve estar chateada comigo pelo o que você viu, você tem todo o direito de estar assim, mas eu peço, por favor, não conte nada para Amber, isso acabaria com nosso casamento.- ele suplicou. Eu pensei por um instante e tomei a decisão mais plausível.
-Ou conta você, ou conto eu.- falei, depois voltei a digitar, como se nada tivesse acontecendo. Ele bufou e deu um soco na minha mesa, lhe olhei com desdém.
-Você vai acabar com meu casamento!- ele quase gritou, acabei me levantando, aquela famosa ruguinha na minha testa, surgiu.
-Só você não percebe que quem acabou com seu casamento, foi você!- falei, ele pareceu pensativo por um tempo e depois marchou para fora da minha sala. Deixei meu corpo cair sobre a minha cadeira e respirei fundo, era muito para raciocinar.

O dia passou feito uma tartaruga e quando deu seis horas eu quase pude ouvir um coral cantando "aleluia", peguei minhas coisas e caminhei para fora do prédio, logo vendo meu motorista encostado no carro, entrei e lá já estava meu pai, ele parecia pensativo.

Eu fui o caminho todo tentando decifrar tudo que se passava na minha cabeça. O fato de eu estar sentindo alguns efeitos colaterais da paixão, quando estava perto de Austin. Será que eu estava sentindo aquela palavra que começa com "A", por ele? Não podia ser, eu? Calíope Hall? A garota que nunca soube o que é tremer na base por causa de uma paixonite? Não mesmo. Voltei a pensar em meus sonhos, lembrando de como eu amava comentar com minhas colegas da escola, em como seria quando eu terminasse meus estudos, faria minhas malas e viajaria pelo mundo inteiro. Só que as vezes temos que cair na real... Agora eu tenho 23 anos, e o que eu já viajei? Foram apenas para tratar de negócios Calí, negócios. Exceto Hollywood. Sonhos são mais bonitos e atraentes quando se está dormindo, mas as vezes, eles se dissolvem antes mesmo de existirem.

A Filha de um MilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora