A Filha de um Milionário

Capítulo 4 - Hollywood.

Quando o avião do papai decolou em Hollywood, eu senti meu estômago se revirar e um friozinho dar as caras por lá.
-É lindo.- falei olhando o céu, que estava em um azul intenso e o sol estava muito bonito. Assim que descemos do avião, havia alguns guardas na pista de pouso, eles nos guiaram até a saída, onde um carro alugado pelo meu pai, nos aguardava. Entramos no carro, eu fui esmagada atrás, no meio dos meus dois irmãos mostrengos. Não importava mais nada, eu estava muito feliz ali. A cada rua que passava, o meu sorriso se aumentava, não podia acreditar, era tudo muito maravilhoso. Nós íamos ficar na cobertura do Hotel The Hollywood Roosevelt, era enorme lá. Peguei um quarto só para mim e logo alguns guardas vieram entregar nossas malas.
-Pai, eu vou dar uma volta Ok?- falei indo até a porta.
-Ok Calí, só não se perca.- falou, ele estava entretido com um jornal.
Sai toda sorridente do hotel e pus meus óculos de sol, comecei a andar, sem direção, apenas andando e fui. Eu estava com fome, então fui para uma lanchonete, Fiz o meu pedido e aguardei por ele. Estava olhando pela janela, as pessoas passando para lá e para cá.
-Senhorita, seu pedido.- falou uma voz muito intensa e grossa, meio rouca também. Me virei bruscamente e o copo de suco caiu em cima da minha roupa. Olhei bem para o garçom, ele era lindo, tinha olhos penetrantes, lábios vermelhos meio rachado, uma pele espessa, cabelos macios, ele realmente era lindo. Fiquei sem saber o que dizer, viajando pelo seu rosto, sem perceber que estava toda encharcada de suco, só sai do meu transe quando um homem gordo de terno começou a gritar com o garoto.
-Você é burro, não serve para nada!- gritou o homem, o garoto apenas abaixou a cabeça e encolheu os ombros.
-Senhor.- tentei falar, ele me encarou se calando, seus olhos esbugalhados e seu rosto vermelho.- Não foi culpa dele, senhor.- falei e sai correndo de lá, deixando um dinheiro em cima da mesa. O que deu em mim? Nunca agi assim, aquele garoto... prefiro nem pensar. Peguei um táxi até o hotel e decidi que meu dia estava acabado por ali.

Logo a noite meu pai nos levou para ver o letreiro de Hollywood e depois voltamos para casa e ele pediu uma pizza e nós nos juntamos na sala, para comer e assistir TV. Eu não estava prestando atenção no que eles falavam, meus pensamentos falavam mais alto. Porque eu tinha agido daquela maneira com aquele garoto? O que ele fez que me deixou assim? Sem palavras? Aquilo era muito estranho, e eu me sentia viva de um jeito que nunca havia sentido. Mas eu nem sabia o nome dele... Nem nada. Só sabia que ele era um garçom de lanchonete de esquina, qual o futuro desse pobre garoto? Fiquei chocada com os meus pensamentos, talvez porque eu nunca tinha sentido algo igual. Aquele garoto era especial, algo nele me chamava muita atenção, eu não podia me conter, com o pouco de lembranças que eu tinha do seu rosto cansado e triste, eu não parava de pensar nele e o quanto ele era lindo.